João Guerra, animador

João Guerra, animador

Como é que isto dos Gambozinos começou para mim? Tenho bem presente o primeiro fim-de-semana “fixe” em que estive! Começou com um testemunho mesmo bonito da Margarida Cursino, que fez parte da origem dos Gambozinos em Braga. Lembro-me de ficar cheio de vontade de entrar! E depois foi-me explicado o que me era pedido pelos Gambozinos, o compromisso e a entrega, a prioridade na minha vida que os Gambozinos tinham de passar a ser, para que não fosse uma rotura, mas uma continuidade para os miúdos. Para criar relação! Lembro-me de me deitar nesse dia com um nó na garganta. Comprometer-me com algo que ainda nem vivi? Nem sequer conhecia ninguém, só aquela irmã da minha amiga. Não me parecia muito lógico.
E veio domingo. Primeiro veio o treino de aplausos. Hoje, um aplauso é um motivo para dar tudo de mim, mas na altura lembro-me de ficar assustado. Mas lá me fui entregando ao que me era pedido. E depois vieram os Gambozinos! Na minha equipa, perguntei o nome a cada um dos Gambozinos e lembro-me de um me ter respondido: “Não sei” com cara de poucos amigos. Acho que senti que este Gambozino estava um bocadinho como eu, com algumas defesas e desconfiado. Chamei-o de “Não sei” a tarde toda e a equipa também. E nessa tarde, ele integrou-se e deu o que tinha e ainda se riu do nome que adoptou. Foi uma tarde realmente “fixe”.
E depois disso? Fui outra vez. E outra vez. E outra vez. E ainda por aqui estou mais de 5 anos depois. Vivi muitas coisas neste tempo. Mas o que mais me marcou foi a Páscoa de 2013 com os Gambozinos mais velhos do Núcleo Norte. Acho que pela primeira vez vivi uma Páscoa de forma profunda e acho que só aí é que se começa a conhecer Jesus. O que fez a diferença foi o ter vivido a Páscoa através dos animados, o ter-se conseguido passar o que esta significava a alguns destes miúdos. Foi incrível!
Quando penso nestes 5 anos, vem-me tanta gente à cabeça! Animadores, animados, animados que se tornam animadores, famílias amigas, pessoas que tornam as nossas actividades possíveis e muita gente que vai passando este sonho Gambozínico do crescimento pela diferença. E é com este pensamento na cabeça que quero fazer por construir o Reino. É com isto que me sinto comprometido! Vale a pena!

PS 1: a irmã da minha amiga acabou por ficar minha amiga e convidou-me para padrinho de crisma! Fiquei mesmo babado!

PS 2: Acabei por estar muito mais vezes com o “Não sei” que eventualmente me disse o nome!

O sonho do Gambozino para mim

O sonho do Gambozino para mim

Todos nós conhecemos a palavra gambozino, sabemos mais ou menos o que é, mas nunca o vimos. No entanto, todos nós já o procurámos quando éramos pequenos, partíamos para uma aventura ao desconhecido com primos, amigos, tios, avós, pais, etc. Era a nossa pequena aventura durante a noite antes de nos irmos deitar. Era a incansável procura por este ser incrível de que os nossos pais nos falavam com tanto entusiasmo. Andávamos sempre alerta e sonhávamos e imaginávamos como seria a sua forma, qual era a sua maneira de reagir, o que comia, como comunicava, qual era o seu tamanho…
Ultimamente, sinto que os cristãos andam com uma preguiça gigante na caça aos gambozinos. Porque a verdade é que, hoje em dia, não fazemos um esforço para o procurar na nossa vida. Não estamos em constante alerta à procura de pequenos sinais que indiquem o seu paradeiro e o caminho que devemos seguir para ir ao seu encontro. Não andamos expectantes, ansiosos por o encontrar, andando de um lado para o outro, seguindo a luz de uma lanterna no escuro. O gambozino, de que vos falo, é Deus.
Se calhar, seria muito mais divertido se nos levantássemos do sofá, largássemos os telemóveis, as PSPs e os PCs e pegássemos numa lanterna, num casaco quente, sapatos confortáveis e, em família, fossemos à procura dos gambozinos, principalmente, daquela espécie de gambozinos tão incrível de que já vos falei.
Enquanto o procuramos, provavelmente, vão haver momentos em que vamos ter a tentação de desistir e voltar para o nosso mundinho mundano, no entanto, de forma misteriosa, e sem estarmos à espera, uma pista surge-nos através da luz da lanterna e lá ganhamos de novo esperança, continuando a seguir a pista que nos levará ao gambozino. Durante a aventura, iremos rir, sonhar, soltar pequenas gargalhadas de medo, tentaremos assustar e fazer rir os nossos familiares, iremos criar memórias inesquecíveis e viveremos um Natal mais gratificante em que o caminho do senhor se torna numa incessante procura do ser raro e maravilhoso que é Deus, o maior Gambozino de todos.
Quando a família, de forma unida, procura o mesmo e caminha no mesmo sentido, tudo surge em harmonia e o sonho torna-se mais concretizável.

Teresa Novais Machado

Carmo Moraes, animadora

Carmo Moraes, animadora

Quando me pediram para escrever o meu testemunho fiquei MESMO contente! E depois cheguei à conclusão que não sabia por onde é que haveria de começar e como acabar. Se eu escrevesse sobre o que é que os gambozinos foram e são para mim provavelmente não saía daqui.

Ora bem, onde é que isto tudo começou? Ahh! A primeira vez que ouvi falar dos gambozinos foi quando a minha mãe me inscreveu para um campo de férias dos gambozinos (nem eu sabia que me tinha inscrito), uma semana antes do campo a minha mãe avisou-me que ia para o campo, obviamente que não queria ir, queria ficar na quinta dos meus avós, não ia trocar a minha cama por um saco cama e trocar o meu chuveiro por um rio! Felizmente, a minha mãe obrigou-me a ir. Passado uma semana lá estava eu com uma mochila maior que eu e o meu lanchinho no saco de plástico na estação Santa Apolónia. Não conhecia ninguém, estava aterrorizada do facto de ficar 10 dias sozinha no meio do mato.
Finalmente pusemo-nos no comboio e lá começou a grande aventura. Acabei por fazer amigas e amigos no comboio, depois trocámos para o autocarro e lá chegámos ao campo. O diretor apresentou-se e apresentou o resto dos animadores, e depois mostrou-nos o campo! Foi aí que conheci pela primeira vez a latrina, o que é? Bem…não é uma retrete, isso podem ter a certeza que não é, mas fiquemos por aqui. De seguida, a zona de banhos, não, não havia chuveiros, a nossa banheira era um rio! Podem dizer adeus ao champô e ao amaciador meninas, só entra quem tiver sabão azul.
Uma vez tudo apresentado, no dia a seguir foram feitas as equipas, com quem fazíamos milhões de jogos, que deixava qualquer um exausto! Á noite havia aquela novela antes de te deitar que não vais querer perder por muito cansado que estejas. Depois a caminhada… a caminhada, umas mais fáceis que as outras, houve uma caminhada que subi uma montanha! Noutra caminhada dormimos num castelo em que o nosso teto era o céu!

Basicamente acampar é incrível, mas não é só isto, os gambozinos não só me mostraram o como é simplesmente bom estar rodeado pela Natureza como mostraram o que estava por trás dela. Quem é que nos proporciona isto tudo!? Deus. Ficávamos a conhecê-Lo a partir do BDS, bom dia senhor, a partir de um pequeno teatro ficávamos a conhecer Jesus e algumas das suas aventuras. Claro que já conhecia Deus, mas era aquela coisa das nossas mães obrigar-nos a ir à missa. E depois disto tudo, chega o fim. Aquele momento em que não queres voltar para casa, ainda querias ficar com os teus amigos e amigas, sem preocupações, sem escola! E tudo o que dizes à tua mãe quando chegas do campo é: “Mãe quero voltar para o ano!”
No entanto, os gambozinos não ficam por aqui, há atividades durante o ano inteiro. Foi aí que fiz grandes amigos, e nos campos também. Aliás, conheci as minhas melhores amigas nos gambozinos! E hoje, com muito orgulho sou animadora. Já animei E animo com pessoas extraordinárias que já me animaram e pessoas com quem fui animada.

E acho que fico por aqui, depois vem-me aquela pergunta que oiço várias vezes, dita pelo meu pai, a minha mãe, a minha família! Que é: “Vivias sem os gambozinos?”. A minha resposta é sempre a mesma: “Claro que vivia, mas definitivamente que não era mesma coisa…”

Uma Roda Gigante

Uma Roda Gigante

20 anos! 20 anos!!! Como foram incríveis as celebrações e como foi bonito ver as amizades mais e menos prováveis, as de longa data e as do fim-de-semana a mostrarem que o nosso sonho é real, está a crescer e continua a ser reflexo do sonho de Deus: de sermos um com Cristo, de nos amarmos uns aos outros. E ver tudo a acontecer outra vez, mas agora de forma mais natural e rápida. Quando chegámos há uns grupos, uns olhares mais desconfiados, quando nos vamos embora somos só um, de sorriso na cara, coração cheio e muita vontade de mudar o mundo.

Já acabou o fim-de-semana, já acabou a festa, já temos saudades. Mas ganhámos 2 padroeiros: São Pedro Claver e Santo Afonso Rodrigues e voltamos para casa alegres, orgulhosos e animados, a querer agradecer a Deus o amor que nos dá, as lições que nos dá e a forma como nos conduz.
Os Gambozinos ensinam-me (recuso-me a escrever no passado!) a ser simples, a reconhecer Jesus nos outros, a servir e a ‘esvaziar-me de mim’. Como bónus ganhei amigos para toda a vida, daqueles bons que não dão só abraços, também dão exemplo e fazem olhares reprovadores quando me desvio. Fora dos campos e das actividades continuo a querer muito construir pontes, tecer redes, convencer toda a gente que temos de ver mais longe, aceitar os outros e dedicar tempo, dar espaço e abrir o coração, entregarmo-nos e darmos as mãos numa roda gigante.
Que o mundo precisa de nós, já sabia. Mas quase me esquecia da energia avassaladora de um grupo de gambozinos reunido! Quando se faz parte de um grupo destes, em que já estamos pais e filhos juntos, em que a força de uns domina a preguiça de outros, sabemos que construir um mundo melhor está mesmo ao nosso alcance! Força Gambozinos! Gambozinos Forever!

Teresa Pinto Coelho

Muitas mãos fazem esta missão

Muitas mãos fazem esta missão

A alegria que sai dos Gambozinos é transformadora! Transforma não só os animadores e os sortudos que participam nas actividades, mas também as nossas famílias e amigos com quem partilhamos os frutos das nossas experiências. Quando lhes falamos dos nossos amigos com histórias tão diferentes da nossa, também eles se põem na pele de Gambozinos e se fazem mais próximos das suas realidades. Acredito que assim tornamos o nosso olhar mais parecido com o de Jesus, na forma como encontra uma grande riqueza nas diferenças de cada vida.

A partilha da alegria dos Gambozinos é muito importante porque são as pessoas a quem ela chega que constroem connosco esta missão: não apenas os animadores que nos dedicam várias horas por semana, mas também as suas famílias que os “emprestam” por todo esse tempo, os que passaram por estes 20 anos de história, e as novas gerações, assim como os que ajudam com a sua generosidade para que consigamos por as coisas em prática. Por todas estas pessoas que são Gambozinos connosco, estamos muito agradecidos!

Rita Rocha Pinto