Beirute: explosão atingiu obras dos jesuítas

Jesuíta português a viver em Beirute fala em enorme destruição e pede a todos que rezem pelas pessoas que estão em grande sofrimento. Tirando alguns ferimentos ligeiros, jesuítas estão todos bem. Na cidade reina o caos.

Jesuíta português a viver em Beirute fala em enorme destruição e pede a todos que rezem pelas pessoas que estão em grande sofrimento. Tirando alguns ferimentos ligeiros, jesuítas estão todos bem. Na cidade reina o caos.

Vidros partidos, janelas arrancadas da parede, bocados de teto atirados para o chão. São estas as imagens que chegam de uma das várias comunidades de jesuítas que vivem no Líbano, e que foram divulgadas hoje entre os Jesuítas da Europa.

O relato feito pelos jesuítas da cidade de Beirute refere uma violenta explosão, não muito longe da zona onde está instalada esta residência, e que abalou todo o edifício, seguida de uma enorme nuvem negra a subir ao céu. Tanto a Comunidade de São Gregório como o Colégio que se situa no mesmo complexo sofreram fortes danos com as explosões que abalaram a cidade na terça-feira ao final do dia. O cenário de desolação e destruição da casa é enorme, relatam, bem como em toda a cidade onde reina o caos.

Ao Ponto SJ, o P. Rui Fernandes, sj, jesuíta português a fazer o doutoramento em Beirute e a residir na Comunidade de São Gregório, assegurou que, apesar dos ferimentos ligeiros que sofreram dois jesuítas, os restantes estão todos bem. Contudo, a devastação da cidade é enorme, acrescentou. O P. Rui pede a todos que rezem pelas pessoas que mais precisam.

Nas ruas de Beirute está instalada a confusão. Há estilhaços por todo o lado, edifícios sem janelas e portas e ouve-se o constante barulho das sirenes das ambulâncias e das equipas de socorro. O Hospital Hôtel-Dieu de France, administrado pela Universidade de São José (que pertence à Companhia) não tem parado de acolher e tratar os feridos na sequência das explosões, com os médicos a suturar os doentes nos corredores, sem mãos a medir. A própria estrutura do Hospital e da Universidade sofreu danos graves.

O último balanço oficial da tragédia dá conta de 137 mortos e mais de cinco mil feridos, mas há ainda muitas pessoas desaparecidas e os trabalhos de resgate das vítimas ainda estão longe de terminar.

Os jesuítas no Líbano reconhecem ainda que a população já estava a sofrer bastante com a crise económica e política no país, à qual se juntou nos últimos meses a pandemia da Covid-19. “Agora mais uma onda de destruição se abateu” sobre os libaneses, lamentam.

Beirute é o centro da Província jesuíta do Próximo Oriente, e concentra diversas obras jesuíticas, entre as quais a Universidade de São José onde o P. Rui está a fazer o doutoramento. A cidade acolhe também várias comunidades onde residem jesuítas oriundos de todo o mundo, sendo a Comunidade de São Gregório, onde reside o P. Rui Fernandes, aquela que se situa mais próximo do local das explosões, sendo por isso a mais afetada pela destruição. Neste edifício de onze andares, situado na Rua do Hospital Ortodoxo, está também instalado o Colégio São Gregório, frequentado por mais de mil crianças, e que sofreu bastante com as explosões.

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Na comunidade, as janelas foram arrancadas e atiradas ao chão com a violência da explosão.
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Entrada da Comunidade de São Gregório, em Beirute.

Fotografias: Jesuits in Europe

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.