A sombra multifacetada da censura
Precisamos desta ideia no presente, quando um novo tipo de censura – “beneficente” ou “positiva” – ganha protagonismo sem causar a estranheza que devia.
Precisamos desta ideia no presente, quando um novo tipo de censura – “beneficente” ou “positiva” – ganha protagonismo sem causar a estranheza que devia.
Cientes deste paradoxo, muito humano, os educadores dignos desse nome não abdicarão do propósito de dignificação humana, porquanto ele é, tanto quanto podemos vislumbrar, a única via para a construção da paz.
É de lamentar que tenhamos seguido alheios a este princípio, que é realmente um imperativo moral, e potenciámos o “paradigma tecnológico”, com alienação da dignidade humana e da preciosidade que é o mundo e a vida que alberga.
Não se trata de afastar do horizonte pedagógico-didáctico toda e qualquer tecnologia, mas de se ter critério na sua escolha e no seu uso, visando-se sempre um ideal de formação humana.
A mensagem de esperança que Ordine deixou como legado não se traduz em espera e ainda menos em inacção; traduz-se, bem pelo contrário, numa empenhada busca, de feição ética, por sermos bons professores e bons formadores de professores.
Se, como sociedade, estimarmos o ensino – por o consideramos requisito da preparação das novas gerações e, por via dela, do bem-comum –, devemos indagar as razões do seu evitamento.
O ChatGPT é um potente sistema que, reconheço, intimida quem o experimenta, mas temos o extraordinário poder de o pensar em função de tais valores. Procuremos, pois, faze-lo com o empenho que é preciso.
Afirma-se, com frequência, que a educação escolar anda dissociada da ética pois os princípios que a deveriam nortear são ignorados ou negados. Parece ser necessário indagar o vínculo entre educação e ética, que teríamos por tácito…
O diálogo que promovem entre o passado e o futuro, traduz-se numa acção tão conservadora quanto revolucionária: “sem conservação a educação não é simplesmente possível”, mas, atenção, ela deve preparar para a “perpétua mudança”.
O ensino tem, sim, uma importância emancipadora, que, sendo única, não se pode ignorar, relativizar ou desvirtuar; e os professores, se o são de verdade, têm de assumir o dever de educar que lhe cabe.