“Eu vim trazer o fogo à terra…”
Este fogo é agora derramado nos nossos corações, trabalha a terra que somos, é presença deste mistério no mais íntimo de cada um de nós.
Este fogo é agora derramado nos nossos corações, trabalha a terra que somos, é presença deste mistério no mais íntimo de cada um de nós.
Jesus inverte a ordem das coisas, mostra como o desafio é fazer-se próximo, e que esse fazer-se próximo é um imperativo que ultrapassa muros e fronteiras.
Ao começarmos o Advento, talvez valha a pena enchermos as nossas candeias do azeite capaz de reacender a luz da esperança. Para estarmos vigilantes, para cuidarmos, para acolhermos.
Ao contrário do jugo pesado imposto pelas prescrições da antiga Lei, o jugo de Jesus é suave e o seu fardo é leve. E tudo isto brota de um coração manso e humilde (Mt. 11, 29-30).
Tantas vezes Jesus olhou, viu, cruzou o seu olhar com aqueles e aquelas perante quem os outros afastavam o olhar.
Precisamos urgentemente de nos convertermos a este caminho de serviço e humildade, de afastar toda a tentação de converter a autoridade em poder e de toda a autorreferencialidade que nos encerra face ao mundo e aos seus apelos.
Voltar ao essencial é voltar a essa unidade, essa inteireza que nos torna irmãos, tanto na mesa partilhada como na vida de todos os dias. Esse é o nosso caminho de conversão, na procura e na luta pelo bem e pela justiça.
Precisamos de aprender com o Deus de Moisés a escutar o apelo dos que sofrem. Um Deus que em Jesus assumiu essa escuta e essa empatia com a condição humana até ao extremo.
Precisamos de redescobrir o caminho da humildade e da mansidão, da misericórdia e da compaixão, até aceitarmos o risco das lágrimas, da sede e da perseguição por amor da justiça e da paz.
Precisamos, por isso, de reafirmar a urgência da reconciliação, de fazer essa passagem da morte à vida, de reconstruir pontes, de curar as feridas, de pacientemente encetar o caminho que leva à paz.