Exposição “Esposar o espírito do tempo sem ceder a ele”

O P. António Júlio Trigueiros, sj guia-nos numa visita em que nos apresenta uma exposição que revela como a Brotéria tem procurado, ao longo destes 120 anos, avançar no tempo, refletindo sobre ele e dialogando com a cultura.

A Igreja e o Estado Novo, a pandemia de 1918, as aparições de Fátima, o Concílio Vaticano II, a Guerra Fria ou os fogos de 2017 em Portugal. São estes alguns dos temas que passaram pelas páginas da revista Brotéria ao longo dos seus 120 anos de existência e que estão agora em destaque na exposição “Esposar o espírito do tempo sem ceder a ele — 120 anos da revista Brotéria”, que é inaugurada hoje na Brotéria, em Lisboa. Contudo, a Brotéria é hoje muito mais do que uma revista, é uma casa aberta à cidade e ao mundo que procura promover o encontro e o diálogo entre a fé e as culturas contemporânea, como sublinha o P. António Júlio Trigueiros, antigo diretor da revista e atual Bibliotecário da Brotéria.

Fundada em setembro de 1902 pelos jesuítas Joaquim da Silva Tavares, Cândido Azevedo Mendes e Carlos Zimmermann, professores do Colégio jesuíta de São Fiel, na Beira Baixa, a Brotéria começou por ser uma revista de ciências naturais. Na altura publicavam-se artigos de botânica, zoologia e genética, em muitos dos quais foram classificadas novas espécies de animais e plantas. Pouco tempo depois, passaram também a surgir artigos sobre química, física, medicina, biologia e agricultura. Em 1955, nasceu mais um ramo da Brotéria, que continuou a crescer até hoje — a revista de Cristianismo e Cultura. Num percurso complexo, esta revista centenária foi encontrando nas questões fulcrais que afetam a relação da cultura com o transcendente terreno para ao longo destes anos pensar e esposar o espírito do tempo sem ceder a ele, no dizer de Eduardo Lourenço, frase que, aliás, dá o mote a esta exposição, realça o P. António Júlio Trigueiros.

A Brotéria foi acompanhando o evoluir dos tempos a e história de Portugal e do mundo, sobreviveu à expulsão e ao exílio dos jesuítas, acompanhou o seu regresso ao País e foi-se construindo pela pena de ilustres jesuítas como o seu principal fundador, P. Joaquim da Silva Tavares, o P. Manuel Antunes ou o P. Luís Archer, contando, contudo, com o contributo e a riqueza do pensamento e da escrita de centenas de colaboradores que aqui foram publicando. Foi testemunha e refletiu sobre a queda da Monarquia e a Implantação da República, a Iª e IIª Grandes Guerras, o Maio de 68, a ascensão da ditadura e o seu fim com o 25 de Abril, todo o progresso científico, o advento e a afirmação da era digital. De um “graozinho no celeiro do conhecimento“, como se propôs ser no seu arranque, transformou-se numa publicação de referência na área do cristianismo e cultura, com uma longevidade inaudita no panorama português, contribuindo para a discussão dos principais temas de hoje na literatura, política, arte, história, filosofia, religião e bioética.

Inauguração da exposição: Sex 16 set, 18h às 20h30

Visitas guiadas: Sex 16 set às 18h Sáb 17 set às 10h30

Local: Brotéria