Arranca agora a primeira missão dos Leigos para o Desenvolvimento (LD) em Portugal. O projeto será desenvolvido na zona da Caparica-Pragal, onde os jesuítas já têm uma forte intervenção social e pastoral, e enviará as duas primeiras voluntárias para o terreno já no dia 23. Marta Barreiras (à esquerda na fotografia) e Constança Turquin (à direita) têm hoje à tarde a sua missa de envio.
“As prioridades do projeto de desenvolvimento comunitário da Caparica Pragal são promover/criar um modelo local de governança partilhada entre a população, associações, empresas, gerando um dinamismo colaborativo onde são os atores da comunidade que têm o principal papel como agentes do seu próprio desenvolvimento”, explica Patrícia Silva, coordenadora do projeto no terreno. Para isso, acrescenta, serão criados e dinamizados vários grupos como um grupo comunitário e um grupo de mulheres com uma vertente de desenvolvimento profissional, pessoal e comunitário.
A juventude é também uma prioridade do trabalho dos Leigos para o Desenvolvimento nestes bairros marcados por uma forte população imigrante e com baixos recursos. Por isso, acrescenta Patrícia Silva, “serão geradas respostas de mobilização de jovens para a sua participação ativa e capacitação pessoal e social “. No que diz respeito ao comércio local, a ação começará por fazer um diagnóstico local da rede de comércio local e das oportunidades no terreno e pela criação e dinamização de um grupo local de comerciantes.
Esta intervenção nos bairros da Caparica/-Pragal decorre de um acordo entre os Leigos e a Província Portuguesa da Companhia de Jesus, e que no terreno se irá concretizar em parcerias com as obras à sua responsabilidade: a Paróquia de S. Francisco Xavier de Caparica, o Centro Social e Paroquial Cristo Rei e o Centro Juvenil Padre Amadeu Pinto.
Tal como em todos os projetos dos LD desenvolvidos em Angola, Moçambique e São Tomé, no Pragal o trabalho será levado à prática por voluntários. As duas primeiras a ir para o terreno serão Marta Barreiras e Constança Turquim, que terão hoje em Lisboa a sua missa de envio. Marta tem 29 anos e já esteve dois anos em missão em Porto Alegre, São Tomé e Príncipe. “Ficará responsável pela constituição de um grupo de mulheres, onde se pretende criar um espaço de desenvolvimento multidimensional, onde estas poderão partilhar experiências e também experimentar oficinas, workshops e outras ações que lhes permitam desenvolver e/ou descobrir competências”, explica Rita Marques, gestora de projeto na sede dos LD. Outra das suas missões será dinamizar o grupo de comerciantes.
Constança, de 26 anos, tem um mestrado em Políticas Sociais e Desenvolvimento e várias experiências de voluntariado. Irá trabalhar diretamente com os jovens, com os quais se pretende reforçar as competências pessoais e sociais (liderança, iniciativa, autonomia, etc.) e capacitá-los para terem um papel mais ativo junto dos seus pares na comunidade, organizando iniciativas como Assembleias Juvenis, Campos de Férias ou Bootcamps.
As duas voluntárias irão viver num dos bairros da Caparica, situado junta à Paróquia de S. Francisco Xavier, procurando que esta presença diária e permanente possa expressar a intenção de “ser e sentir” com a comunidade local, tão característica da ação dos Leigos para o Desenvolvimento.
As duas voluntárias irão viver num dos bairros da Caparica, situado junto à Paróquia de S. Francisco Xavier, procurando que esta presença diária e permanente possa expressar a intenção de “ser e sentir” com a comunidade local, tão característica da ação dos Leigos para o Desenvolvimento. “No dia-a-dia, as jovens não trabalharão a partir de um escritório ou gabinete, mas irão ao encontro das pessoas, nos seus próprios contextos: na rua, nos cafés, nas casas das pessoas, nas celebrações e festas da comunidade, nos eventos desportivos, nas escolas, nas igrejas, etc. A proposta é que estas voluntárias se integrem no território a partir dum caminho diário de estar lado a lado com a população”, acrescenta Rita Marques.
Esta proximidade, e até alguma informalidade, não se opõe a uma abordagem estruturada, garante a gestora do projeto. Bem pelo contrário: “há uma intencionalidade metodológica, que pretende deste modo permitir mobilizar as pessoas e valorizá-las, colocando-as num papel de serem as responsáveis pelo seu próprio processo de mudança e pelo empoderamento da sua comunidade (em oposição a estarem num papel passivo de quem apenas recebe)”, afirma Rita Marques.