5 Mar 2020 | Testemunhos de animadores
Já vão 13 anos de Gambozinos a alegrar os meus dias, uns como animada outros como animadora. Todos me ensinaram coisas diferentes, todos fizeram parte de um caminho complicado, mas necessário, que me levou a discernir para aprofundar. Aprofundar amizades, aprofundar carácter, aprofundar a minha relação com Deus, mas acima de tudo aprofundar a minha relação comigo mesma. Agora que nos aproximamos da Páscoa e da ressurreição de Cristo, não posso deixar de associar esta entrega e renascimento ao troço de caminho mais complicado que fiz durante esta caminhada: aceitar os meus erros para amanhã fazer melhor. Esta aprendizagem vem dos mais novos, dos mais velhos e é importante estarmos atentos a estas pequenas aparições de Deus através dos outros. Ser Gambozino é tão isto: não tratar o outro com condescendência, dar e receber, aproveitar o dia para ser melhor, aceitando que há dias que andamos para trás para poder dar um salto grande em frente. Misericórdia para com os outros, misericórdia para connosco.
Inês Dentinho
5 Fev 2020 | Testemunhos de animadores
Depois de muitos e bons anos como membro presente desta nobre associação, percebi que a melhor maneira de desenvolver os meus talentos (que os gambozinos tanto me ajudaram a descobrir e cuidar), e de os pôr a render, talvez estivesse noutra cidade e noutro país. Assim me lancei à aventura, triste por ainda ninguém ter inventado um meio de teletransporte que me permitisse estudar em Londres e caçar gambozinos ao fim de semana. Escolher entre coisas boas é mesmo difícil!
Foi assim que descobri que o mundo precisa mesmo de nós. As diferenças que parecem incompatíveis, os mundos que nunca se cruzam, existem em muitos lados. Noto muito esse choque de mundos no meu dia-a-dia. A minha universidade é uma das mais internacionais do mundo, e inevitavelmente dou por mim a conviver com culturas e costumes que me são alheias. E tanto que tenho aprendido! Infelizmente, ainda há alguma tendência a que se formem grupos por país, raça ou classe social. E é aí que fazem falta os valores dos gambozinos. É preciso quem olhe para os que são diferentes como potenciais amigos, que esteja atento às suas necessidades e pronto a construir pontes.
Tive também a alegria de descobrir que não estamos sozinhos! O sonho de coesão social e de quebrar as barreiras da diferença ultrapassa-nos. Há muitos gambozinos por aí. Alguns são daqueles camuflados, que, sem estarem organizados nem identificados, não deixam de ser exemplares no serviço. Arriscaria dizer que há muitos gambozinos que não acreditam n’O Gambozino, ou antes que até acreditam mas ainda não sabem. E depois há muitos gambozinos em associações que, de maneiras diversas, trabalham para a mesma missão. Por exemplo, neste momento trabalho com um grupo que quer aumentar a diversidade socioeconómica na minha universidade, e para isso damos explicações e apoio personalizado a alunos de bairros desfavorecidos. Sinceramente, só faltava um “Bom-dia, Senhor” para me sentir de volta a casa!
Tenho continuado a ajudar à distância, naquilo que me é possível, e por isso sou uma sortuda. Move-me a lealdade e a vontade de retribuir tanto bem recebido, mas é uma grande consolação perceber que, mesmo longe, posso continuar a ser gambozina no sítio onde vivo, na universidade onde estudo, e no local em que trabalho. Podia ser gambozina em Braga, em Londres ou em qualquer outro local do mundo. Porque ser gambozina é um modo de vida. Como dizemos sempre no fim dos campos, a parte fácil acabou, agora é altura de ir pelo mundo e fazer o mesmo!
Maria Portela
13 Jan 2020 | Testemunhos de animadores
Sempre que falo a alguém sobre os Gambozinos recebo a típica resposta: ”Então tu ainda andas à caça de gambozinos?”. E não é isto que nós somos? Gambozinos à caça de mais Gambozinos?
Caçar Gambozinos até parece fácil num acampamento onde temos camisolas a condizer e zero preocupações a chegar-nos do mundo exterior. Mas quando se trata dum dia de aulas cansativo, de um dia em que estou chateado, ou de uma semana de férias em que só quero estar em casa sem fazer nada, esqueço-me desta pequena tarefa que todos os Gambozinos têm: caçar outros Gambozinos. A pior parte disto: não basta andar por aí “à pesca” de Gambozinos, pois, afinal de contas, todos somos Gambozinos. Caçar um Gambozino é conhecer alguém, mostrar-lhe a alegria de ser Gambozino, partilhar com essa pessoa a grandeza do amor d’O Gambozino e procurar nesse alguém esse amor tão grande e contagiante. Só de pensar nisto, não chegam os dedos das mãos (nem dos pés!) para contar os Gambozinos que se têm cruzado (e continuam a cruzar) por mim ao longo da minha vida, pela sua alegria, a sua vivência, bondade, simpatia, compaixão, tantas qualidades que atribuiria a um Gambozino.
Tenho-me estado a esforçar para caçar Gambozinos, mas, honestamente, têm sido mais os Gambozinos que me “caçam a mim”. Continuo a procurá-los na minha vida, “caçar” e “ser caçado”, “amar” e “ser amado”, tanto os que são Gambozinos e o são mesmo, como os que o são sem o serem. Afinal de contas, é isto que é ser Gambozino.
Zé Luciano
13 Jan 2020 | Testemunhos de animadores
Quem disse que os gambozinos não existem, além de não conhecer a nossa bonita associação, não sabe que ser Gambozino é um modo de vida. Porque os gambozinos estão muito além dos nossos campos e mini-campos, das atividades que fazemos ao longo do ano, dos bons encontros de amigos e das relações especiais que aqui crescem. Há gambozinos espalhados pelo mundo que nem sabem que o são. Se calhar, há por aí gambozinos mais gambozinos do que nós que aqui andamos. São gambozinos anónimos ou gambozinos camuflados.
É gambozino e não sabe aquele que procura construir pontes em vez de muros, que procura reconciliar em vez de virar costas.
É gambozino e não sabe aquele que não tem medo de partilhar com os outros os seus talentos. Não espera palmas: sabe que o que interessa é servir com o que tem e o que é.
É gambozino e não sabe aquele que não tem medo de dizer bem, de elogiar alguém quando é justo fazê-lo.
É gambozino e não sabe aquele que vive agradecido, em vez de reivindicar o que ainda não tem.
É gambozino e não sabe aquele que reconhece, em cada pessoa, uma história e uma missão únicas.
É gambozino e não sabe aquele que não tem medo de discutir um assunto com quem pensa de maneira diferente – sabe que o encontro que faz crescer é mais importante do que “ter razão” ou ter a última palavra.
É gambozino e não sabe aquele que está mais disposto a pedir desculpa do que a justificar-se.
É gambozino e não sabe aquele que está mais disposto a perdoar do que a julgar.
É gambozino e não sabe aquele que cuida da Criação com respeito, ainda que nem conheça o Criador.
É gambozino e não sabe aquele que ama, mesmo sem se saber amado por Deus.
É gambozino e não sabe aquele que procura viver como Jesus, o verdadeiro Gambozino.
Ser gambozino é um caminho para a vida inteira e uma missão universal, à qual todos são chamados!
Se fazes parte dos Gambozinos, procura ser cada vez mais fiel à tua identidade e ter um olhar atento para reconhecer os gambozinos camuflados.
Se és gambozino e só agora descobriste, fica a saber também que nos alegramos que faças parte da nossa família!
Mariana Viana Baptista
5 Dez 2019 | Testemunhos de animadores
Quem é o meu próximo neste Advento? O meu próximo é todo aquele por quem me encho de compaixão ou por quem me devia encher de compaixão, embora muitas vezes falhe. O nosso próximo é também aquele que se enche de compaixão por mim e me cuida. Por vezes é difícil vermos quem é o nosso próximo. Tanto animados como animadores, andamos muitas vezes distraídos e atarefados com as nossas coisas. Para vermos o nosso próximo temos de ir educando o nosso olhar, estando atento aos que nos rodeiam.
E o Advento? O tempo de Advento é um tempo para nos recordarmos do povo Judeu, que durante muito tempo esteve à espera de Jesus. A ideia não o é relembrar só porque sim; recordamos a Sua vinda, mas também trabalhamos para prepararmos os nossos corações o melhor que conseguirmos para que Jesus possa nascer mais na nossa vida. Este tempo de Advento pode ser um bom tempo para fazermos propósitos, rezar mais, nos confessarmos e fazer tudo o que nos leva a estar mais bem preparados para o grande nascimento.
Assim, este Advento é o tempo ideal para educar o olhar a fim de conseguir perceber quem é o nosso próximo. É também tempo de rezar, aprendendo com Jesus a enchermo-nos de compaixão perante os outros.
Manuel Tovar
5 Dez 2019 | Testemunhos de animadores
Imagina um mundo sem relações: sem teres alguém a quem dizer “bom dia!”, sem ninguém a quem agradecer o que te é dado, sem ninguém a quem ligar num dia mais difícil… Não consegues, pois não?
O nosso mundo está cheio de relações, algumas até invisíveis, e são elas que vão dando sentido aos nossos dias, à aventura que vamos vivendo aqui na terra, por onde estamos de passagem. A relação com a nossa família, com os nossos amigos, com as pessoas com quem estudamos ou trabalhamos, com os animadores e Gambozinos que acompanhamos, até com as pessoas por quem passamos na rua todos os dias. A grande questão é: como queremos cuidar destas relações?
Este mês os animadores foram desafiados a pensar no papel das relações que criamos, no modo como as vivemos e cuidamos, o impacto que têm na nossa vida e nas vidas daqueles com quem nos relacionamos. E são isso mesmo: relações que criamos, não que criámos. Tal como Deus nos cria (e não, apenas, criou), a cada segundo da nossa vida, nos molda e nos vai dando as graças necessárias aos passos que vamos ousando dar, também nós criamos as nossas relações, a cada segundo da nossa vida. Uma relação não começa e acaba no momento em que conhecemos a pessoa; uma relação exige cuidado e trabalho. Quem planta uma semente não a deixa no vaso sem nunca mais lá voltar; regressa e procura dar-lhe o que precisa para que comece a germinar e possa crescer e transformar-se naquilo para o qual foi e é criada. As nossas relações exigem o mesmo cuidado, exigem que as criemos, a cada segundo da nossa vida. E que exigente que isso é! Mas tão necessário. Tal como nos disse o Papa Francisco, “Uma fé que não sabe como enraizar-se na vida das pessoas permanece estéril. E, em vez de um oásis, cria mais desertos”.
Porque não é possível imaginar um mundo sem relações, somos chamados a criar as nossas, com tudo aquilo que isso implica, mesmo quando é preciso sacrificar algo nosso.
Uma relação que criamos tem tanto do outro como de nós, é essa a sua riqueza e magia!
Que este advento possa ser um tempo para criarmos as nossas relações de um modo especial.
Francisca Santos