No dia 31 de outubro, chegámos a Arraiolos, vindos dos três colégios dos jesuítas em Portugal. Prontos para partir, e inspirados pela história de um rei insatisfeito, fizémo-nos ao caminho. Éramos 200 alunos e 50 animadores, entre antigos alunos, educadores e pais. Em três dias, percorremos cerca de 70 quilómetros para chegar ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, onde, diante da padroeira de Portugal, no dia 3 de novembro, consagrámos as nossas vidas e os nossos colégios.
Desde a primeira noite, fomos desafiados pelas palavras do Papa Francisco – dirigidas aos jovens reunidos, em 2016, em Cracóvia -, a sair do sofá e a calçar um par de sapatos, isto é, a fazer não só um caminho exterior, mas também interior. E, assim, partimos, por planícies alentejanas, entre retas e montes, nevoeiro e sol, à procura do que nos falta. Todos os dias, de manhã, começávamos o dia em oração, numa roda gigante. Oração que se prolongava a meio da manhã, com um tempo de caminho em silêncio, e, à tarde, com a oração do terço.
Caminhámos com Abraão e procurámos sair da nossa terra; acompanhámos o povo, com Moisés, no deserto, que queria desistir às primeiras dificuldades; e vimos como o jovem rico não foi capaz de deixar o conforto do seu sofá para seguir mais radicalmente Jesus. À chegada, já no santuário, durante a missa, ouvimos Maria a rezar o Magnificat e também nós demos glória a Deus pelas suas maravilhas. Foram dias de contemplação e de conversas, de aprender a não desistir, e a dar sentido ao sofrimento. E nem as bolhas ou as dores musculares nos fizeram parar.
Obrigado a todos que os nos ajudaram no caminho, com fruta, água, pão e lugar para dormir. Obrigado a todos pela companhia. E, sobretudo, obrigado ao Senhor, que nunca se cansa de nos desafiar a sair do sofá e a peregrinar.