Férias! Não há desilusão possível; a ideia de entrar de férias é sempre fantástica (pode às vezes não correr tão bem no concreto, mas isso é outra história!)
Mudar de ares, de terra, de país, descansar, fazer longos passeios, cansar-me, estar na praia horas sem fim, conhecer pessoas novas ou rever amigos. Ou, mesmo não podendo fazer nada disto, acordar mais tarde, ir àquele museu que não houve modo de arranjar tempo para ir antes, etc.
Tenho notado, crescentemente, o espaço que em mim ocupa a vida cada vez mais frenética (de Lisboa!!) a interpelar-nos a cada passo, solicitando a nossa atenção permanentemente. Vamos sendo engolidos aos poucos e creio que nem damos muito conta disso. Chegamos ao fim do dia muitas vezes com as mãos cheias de nada e tão cansados!!
Fui notando que os tempos da minha oração foram sendo significativamente afetados, pois cada vez necessitava de mais tempo (bem escasso, como sabemos) para fazer silêncio e criar espaço para me deixar ser “encontrada” por Deus. E levo muito a sério a minha vontade de que Deus seja o Princípio e Fundamento de toda a minha vida: mas lutar contra a minha própria natureza e, simultaneamente, escapar à twilight zone em que a vida se tornou estava a ser demasiado para mim.
Nos exercícios espirituais (retiro de silêncio criado por Santo Inácio de Loiola, com orientações próprias) de fim de semana, sendo uma ótima opção, entrava a correr e não conseguia desligar.
E lembrei-me de que, há muito tempo, os meus pais, membros de Comunidade de Vida Cristã (CVX), me tinham levado com eles a fazer uns exercícios espirituais na Casa da Torre, em Soutelo (Braga), precisamente durante as nossas férias. Recordo de que gostei bastante e que senti claramente o efeito “2 em 1”: o descanso de férias e o trabalho sério no meu crescimento espiritual, ao fazer os Exercícios de Santo Inácio.
Inscrevi-me então para os Exercícios Espirituais de oito dias em Soutelo, nas férias do ano passado, em agosto. E este ano repeti, nas férias que já tive em julho. E para mim faz, de facto, todo o sentido; farta do betão e da confusão da cidade encanta-me a possibilidade de ver os verdes do norte de Portugal, desfrutando igualmente da quinta da Torre, que muito bem sustentam o meu desejo de encontro com Jesus Cristo. E sinto que estão reunidas as condições para me poder libertar de tudo o que me cansa e oprime, no quotidiano multi feérico habitual, e permite um crescimento na relação fundamental da minha vida, tentando alcançar a Cristo, como diz S. Paulo, visto que já fui alcançada por Ele.
Recomendo vivamente!!!
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.