Entre os dias 4 e 12 de setembro de 2021, na cidade de Budapeste, realizou-se o 52º Congresso Eucarístico Internacional (CEI). Planeado para o ano de 2020, o CEI viu-se adiado por um ano, tendo sido capaz de congregar milhares de católicos de todo o mundo – reunidos na cidade unida pelo rio Danúbio, para celebrar e aprofundar juntos o sentido da Eucaristia, sob o lema: «Todas as minhas fontes estão em ti».
Diz o Concílio Vaticano II que “a Liturgia é simultaneamente o cume para o qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força”. Ao recorrer ao salmo 87, 7 para encontrar o lema deste CEI, o Pontifício Comité para os CEI procurava sublinhar a dimensão da Eucaristia enquanto fonte de uma cultura eucarística.
O Papa Francisco definiu esta expressão – cultura eucarística – com as seguintes palavras: a celebração da Eucaristia torna-se incubadora das atitudes que geram uma cultura eucarística, porque impele a transformar em gestos e comportamentos de vida a graça de Cristo que se doou totalmente. (…) A Eucaristia é fonte que se traduz também em cultura eucarística, capaz de inspirar os homens e as mulheres de boa vontade nos âmbitos da caridade, da solidariedade, da paz, da família e do cuidado da criação.
Os dias do CEI realizavam-se dentro dos edifícios do centro de exposições e congressos da Hungexpo. No sentido de dar uma orientação clara aos dias em torno da cultura eucarística, cada dia era consagrado a um tema particular: felicidade, bondade, paz, paciência, esperança, fé, fidelidade, amor.
Todos os dias começavam com a oração comunitária das laudes, seguida por uma catequese e por um breve testemunho. Seguia-se um intervalo, a Eucaristia, e finalmente o almoço. Durante a tarde, éramos convidados a decidir entre diversos workshops. As catequeses eram dadas por vários cardeais, geralmente provindos de áreas do mundo marcadas pelo conflito e pela necessidade de uma cultura eucarística. Já os testemunhos e workshops eram dados tanto por sacerdotes como por leigos, ora transmitindo uma visão pessoal ou de um movimento eclesial concreto.
Na sua homilia, que encerrava o encontro, o Papa deteve-se no evangelho daquele domingo, no qual Cristo censurava Pedro pelo seu desejo de que o messianismo de Jesus se manifestasse de forma poderosa, vitoriosa e não através do caminho da humildade e do serviço capaz de chegar até ao extremo da entrega na cruz.
Os dois últimos dias foram os mais fortes, marcados por uma procissão do Santíssimo pelas ruas de Budapeste ao fim do dia e pela Eucaristia, no domingo de manhã, com o Papa Francisco. Na sua homilia, que encerrava o encontro, o Papa deteve-se no evangelho daquele domingo, no qual Cristo censurava Pedro pelo seu desejo de que o messianismo de Jesus se manifestasse de forma poderosa, vitoriosa e não através do caminho da humildade e do serviço capaz de chegar até ao extremo da entrega na cruz. O mesmo, afirmava, é o convite para aqueles que desejam seguir a Cristo hoje, gerando uma cultura eucarística. O caminho humilde de transformar a cultura desde a humildade e não desde a prepotência, desde o serviço e não desde a auto afirmação.
De regresso a Portugal, os 26 peregrinos da delegação portuguesa regressamos com a consciência de termos tocado algo muito essencial sobre a vida da Igreja. Primeiramente a beleza da Igreja quando, com toda a sua diversidade de ritos e culturas, se reúne em comunhão para celebrar a Eucaristia. Em segundo lugar, desafiados a perceber que a centralidade da Eucaristia na vida cristã não se reduz a um modo de ocupar os nossos domingos mas, mais ainda, a ver na Eucaristia o programa pastoral e horizonte para o empenho de cada Igreja local.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.