Mães de sacerdotes – Um colo de oração para os nossos filhos

No Dia da Mãe, Dora Isabel, com dois filhos padres, testemunha o que é ser Mãe de sacerdote e como tem sido acompanhar os dois filhos, agora mais através da oração. Para esta missão, desafiou outras e criaram um grupo só de mães de padres.

No Dia da Mãe, Dora Isabel, com dois filhos padres, testemunha o que é ser Mãe de sacerdote e como tem sido acompanhar os dois filhos, agora mais através da oração. Para esta missão, desafiou outras e criaram um grupo só de mães de padres.

Numa das últimas festas de famílias de seminaristas a que fomos, no Seminário dos Olivais, alguém dizia em tom de brincadeira: “…quando forem padres temos que continuar a encontrarmo-nos…promover um encontro de mães de sacerdotes…”.  Entre sorrisos e exclamações diversas dos convivas, a conversa ficou por ali. Mas dentro de mim essa ideia fixou-se! Foi crescendo, ganhando força. Um encontro só de mães de sacerdotes!!!

Depois da ordenação dos meus filhos a ideia ainda ali estava a ressoar! Cada vez fazia mais sentido na minha cabeça o querer estar com outras mães de padres. De um “encontro” pensei num “grupo” para nos encontrarmos de vez em quando, para conversarmos sobre as nossas ansiedades e certezas, medos e alegrias. Afinal era uma nova etapa que estava a começar na minha vida e na vida dos meus dois filhos. E tinha a certeza de que alguns dos meus pensamentos e sentimentos não seriam exclusivos meus. Ao mesmo tempo aumentava em mim a vontade de rezar mais e mais pelos meus filhos, como se me tivesse «caído a ficha» e me tivesse apercebido de que eles, mais do que nunca, precisavam do meu colo, agora transformado em colo de oração. E porque sempre me tinham ensinado, nos tempos do seminário, que «a mãe de um padre é mãe de todos os padres», era urgente fazer este grupo acontecer. Mas à cautela, não fosse tudo isto ser um disparate da minha cabeça, falei primeiro com os meus próprios filhos. A reação foi imediata: “Ó mãe, que ideia boa! Ofereço já esta imagem tão bonita do Cristo Bom Pastor para passar de casa em casa”. Sempre arrojado este meu filho! Eu ainda não tinha falado com mais ninguém e ele já estava a imaginar um grupo com uma imagem a passar de casa em casa.

Lembrei-me de três ou quatro mães, aquelas com quem tinha mais proximidade, e fui falar com elas. E a verdade é que todas acolheram o desafio com um sorriso. Bora lá!!!

Do passa-a-palavra, do entusiasmo de algumas mães em perfeita sintonia com os pensamentos e desejos que inicialmente me moveram, dentro do mesmo Espírito que nos conduz, o grupo foi crescendo. Neste momento já somos 30 mães. Tudo começou há apenas seis meses! Não temos pretensões algumas a não ser ajudar a Igreja (tantas vezes tão mal-amada e mal compreendida) através dos nossos filhos, dando-lhes esse “colo de oração” que sabemos ser essencial. Também temos o propósito de compreender mais e melhor o que é “Ser Padre”, para acompanharmos mais facilmente a cabeça e o coração dos nossos filhos sacerdotes. Tudo isso se concretiza com três encontros por ano em que conversamos, trocamos experiências, convivemos, rezamos juntas e convidamos um sacerdote que nos ajude a refletir sobre o “Ser Padre”. O primeiro encontro aconteceu em março e foi mesmo muito bom! Temos mães de várias idades e localidades do país (embora a maioria seja da grande Lisboa); filhos que são padres diocesanos, do Opus Dei, Franciscanos e Salesianos; alguns diáconos também, que em breve serão ordenados padres.  Adotámos uma oração que rezamos diariamente (cada uma por si, mas tendo presente todos os filhos do grupo) e a imagem do Cristo Bom Pastor já circula mesmo pelas várias casas destas famílias, para que também os pais e os irmãos possam rezar por estes homens que se entregaram a Deus. No grupo do WhatsApp trocam-se notícias, fotografias e experiências. E no dia de aniversário de cada padre, as orações são reforçadas em missas e terços e há ainda o objetivo de levar algum mimo de mãe ao aniversariante em nome do grupo. Pequenos gestos para ajudar a vida daqueles que entregam a vida ao serviço dos outros. Que nobreza e que responsabilidade, a dos nossos filhos!

Como nos ensinou o orador que convidámos para o nosso primeiro encontro (o P. Bruno Machado, da Paróquia dos Olivais), nunca saberemos por que razão estes nossos filhos foram escolhidos (e nós com eles), para tamanha missão. Sim, não é por ele (o filho) ter esta ou aquela característica que decidiu ser padre. Foi antes o Senhor que o chamou e ele teve a generosidade de dizer «sim». E como já conversámos entre nós, mães, uma vida é pouco para agradecer tamanha graça nas nossas vidas. O que sabemos é que estes rapazes têm uma missão incrível de ajudar a levar muitos filhos de Deus até ao Céu, fazendo o Bem, trazendo Jesus Cristo a todos os que O procuram. Ajudar muitas pessoas a descobrirem o caminho do Bem. Espalhar a alegria e dizer à sua volta: segue Cristo e serás feliz! Sendo um caminho belo, é muitas vezes difícil, e este “colo de oração” está agora aqui para dar suporte e força, como outrora o nosso colo os acolhia quando, de braços estendidos para nós, vinham a chorar porque se tinham magoado…

A palestra do nosso primeiro encontro terminou com uma frase do P. Bruno Machado que oxalá venha a interpelar mais e mais mães de padres e futuros padres: “A Igreja precisa de um exército de mães de padres a rezar por eles e por Ela. A oração de uma mãe é preciosa!”.  Por sabermos disso queremos continuar a rezar pelos padres, nossos filhos. E que mais mães se juntem a nós ou como nós!

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Dora Isabel e os seus dois filhos sacerdotes, Afonso e Pedro

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.