O Colégio da Imaculada Conceição (CAIC) comunica, com pesar, o seu encerramento, já no próximo ano letivo. Este colégio, situado em Cernache, concelho de Coimbra, surgiu por iniciativa dos jesuítas portugueses e foi inaugurado em 1955. O CAIC funcionou com Contrato de Associação desde 1978, foi responsável pela formação de mais de 10.000 alunos e assumiu-se, durante 64 anos, como um marco de ensino de excelência e de formação humana integral na região.
Esta difícil determinação, que agora se anuncia, decorre da grave situação financeira que o colégio atravessa há três anos e que foi desencadeada em 2016 pelo final dos Contratos de Associação com o Estado Português, em vigor há 40 anos. Tratou-se de uma opção repentina e unilateral tomada, na altura, pelo Ministério da Educação, à qual o CAIC foi alheio e à qual se opôs desde a primeira hora, mas sem sucesso. A causa principal desta insustentabilidade advém do número reduzido de alunos que frequentaram o CAIC nos últimos dois anos, do número claramente insuficiente de inscrições para o próximo ano letivo e das perspectivas negativas em relação à sua evolução em anos posteriores.
Nos últimos dois anos, desenvolveram-se todos os esforços para reconfigurar o Colégio à nova condição de colégio privado, onde o essencial dos encargos passou a ser assumido pelas famílias. Além da renovação da identidade do projeto pedagógico, do maior envolvimento das famílias, do investimento na inovação e renovação pedagógicas e do reforço do marketing, foram tomadas medidas no sentido de reduzir os encargos, de envolver doadores e de captar novos alunos, oferecendo uma proposta educativa exigente, centrada no desenvolvimento pessoal e comunitário, como ditam os princípios da pedagogia inaciana. Os resultados obtidos em termos de adesão de novos alunos não foram, porém, os desejados.
Nos últimos dois anos, desenvolveram-se todos os esforços para reconfigurar o Colégio à nova condição de colégio privado, onde o essencial dos encargos passou a ser assumido pelas famílias. Os resultados obtidos em termos de adesão de novos alunos não foram, porém, os desejados.
Consciente da importância deste projeto educativo para as famílias que fizeram a opção pelo Colégio, sem tempo para trabalhar de forma consistente outras alternativas, o CAIC assegurou ao longo de um ano (2016/2017) o seu funcionamento em regime gratuito para os alunos, mesmo já tendo terminado o financiamento do Estado num número muito significativo de turmas. Desde então, tem coberto os défices de exploração com os seus recursos próprios, de modo a honrar todos os compromissos com os seus colaboradores e parceiros.
Apesar de todos os esforços, passados estes três anos de enorme investimento, a insustentabilidade financeira do CAIC tornou-se uma evidência incontornável, agravando-se significativamente os défices de exploração. Paralelamente, a realidade sociológica, económica e cultural em que o colégio se insere, bem com a tendência para a redução da natalidade em toda a região, tende a reforçar as fracas expectativas de que a procura pela oferta educativa do CAIC venha a aumentar de forma sustentada nos próximos anos, apesar de todo o empenho e esforços.
O encerramento imediato do colégio, que já não abrirá portas no próximo ano letivo 2019/2020, permitirá garantir a todas as pessoas que compõem o pessoal docente e não docente uma indemnização pelos anos de dedicação ao serviço desta obra apostólica. Manter o CAIC em funcionamento significaria, muito provavelmente, poder vir a falhar para com estas pessoas num momento particularmente exigente, dado o certo agravamento das condições financeiras atuais.
Os cerca de 200 alunos que frequentaram o colégio no ano letivo que agora termina deverão ser transferidos para outros estabelecimentos de ensino da região. Os alunos que se encontravam a frequentar o curso profissional “Técnico de Restauração – variante Cozinha/Pastelaria e Restaurante/Bar” deverão ser igualmente transferidos para outros estabelecimentos e reintegrados em respostas educativas semelhantes. O nosso mais profundo desejo é que cada aluno possa encontrar lugar na nova escola que eleger. Estamos disponíveis para acompanhar este processo, dando aos alunos todo o apoio necessário para esta transição
Neste momento de particular dor e dificuldade, o CAIC e os Jesuítas em Portugal manifestam o seu mais profundo agradecimento a todos os docentes e não docentes, pais e alunos, antigos alunos e parceiros que escolheram e se dedicaram de alma e coração a este projeto educativo, em especial nos últimos anos, em que as dificuldades foram imensas e o CAIC precisou de se recriar.
Lamentamos o transtorno causado aos alunos e às famílias, que bem gostaríamos de poder evitar. Sabemos como muitos acreditaram e se mobilizaram por este projeto. Porém, diante dos dados de que dispomos e com sentido de responsabilidade, sublinhamos a inevitabilidade desta decisão. Não a quisemos de todo e procurámos evitá-la a todo o custo.
Lamentamos o transtorno causado aos alunos e às famílias, que bem gostaríamos de poder evitar. Sabemos como muitos acreditaram e se mobilizaram por este projeto. Porém, diante dos dados de que dispomos e com sentido de responsabilidade, sublinhamos a inevitabilidade desta decisão. Não a quisemos de todo e procurámos evitá-la a todo o custo. As circunstâncias decorrentes da decisão do Ministério da Educação impuseram-na.
Ao longo dos próximos dias e semanas procuraremos estar presentes e responder a todas as perguntas e inquietações por parte da Comunidade Escolar. Pretendemos que, deste momento até ao encerramento definitivo, tudo decorra com a maior tranquilidade. É no futuro próximo e no melhor apoio possível a cada um que temos que estar focados e essa é a mensagem que pretendemos transmitir a todos que nos procurarem, alunos, pais, educadores, parceiros.
Os Jesuítas em Portugal prosseguem, com a mesma determinação, a sua opção de fundo no setor da Educação, através dos seus dois outros colégios, situados em Lisboa e em Santo Tirso.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.