Jesuítas exigem libertação do P. Stan Swamy, sj

A Companhia de Jesus exige a libertação imediata do P. Stan Swamy, sj, de 83 anos, preso injustamente na Índia por defender os direitos dos povos indígenas.

A Companhia de Jesus exige a libertação imediata do P. Stan Swamy, sj, de 83 anos, preso injustamente na Índia por defender os direitos dos povos indígenas.

Os jesuítas estão a mobilizar-se em todo o mundo para exigir a libertação do P. Stan Swamy, sj. Este jesuíta defensor dos direitos humanos foi preso sob custódia da autoridade anti terrorista da Índia, a National Investigation Agency (NIA), por alegadas ligações maoístas, mas diz-se inocente destas acusações. A detenção teve lugar a 8 de outubro na residência da Companhia de Jesus situada na periferia de Ranchi, localidade do Estado de Jharkhand que fica na zona oriental da Índia.

O P. Stan tem 83 anos, apresentando atualmente um estado de saúde de enorme debilidade. Ao longo de cinquenta anos, o sacerdote jesuíta tem trabalhado incansavelmente em favor de grupos de marginalizados, nomeadamente contra as expropriações injustas que têm atingido a comunidade Adivasis, povo indígena do Estado de Jharkhand.

Numa carta aberta datada de 9 de outubro, o P. George Pattery, sj, Presidente da Conferência Jesuíta da Ásia do Sul, pede a libertação imediata do Padre Stan: “Estamos chocados e consternados ao tomar conhecimento de que o P. Stan Swamy, sj, que tem trabalhado toda a sua vida pela dignificação dos oprimidos e de outras pessoas vulneráveis, foi detido sob a custódia NIA”.

Por seu turno, o P. Xavier Jeyaraj, sj responsável pelo Secretariado de Justiça Social e Ecologia da Companhia de Jesus a nível mundial, também expressou, a partir de Roma, a sua solidariedade para com que este jesuíta com quem trabalhou ao longo de vários anos:
“Como jesuítas envolvidos em obras de educação, cuidando e defendendo os direitos dos mais pobres e vulneráveis em diversas partes do mundo, manifestamo-nos solidários com o P. Stan e com os outros defensores dos direitos humanos na Índia, condenando a sua prisão e exigindo a sua libertação imediata. Apelamos às autoridades que se abstenham de detenções arbitrárias de cidadãos inocentes e cumpridores da lei”.

Este responsável da Companhia de Jesus tem acompanhado de perto a situação e refere que o jesuíta agora preso foi forçado a dormir no chão desde a data da sua detenção a 8 de outubro até ao dia 14. Está também sob quarentena tendo apenas a possibilidade de contactar com o exterior através de uma chamada telefónica por semana e não se tendo ainda encontrado com os seus advogados. O P. Jeyaraj sublinha ainda o caráter pacifista e de apologista da não violência do P. Swamy.

Num comunicado de imprensa datado de 9 de outubro, a Conferência Episcopal da Índia fez um forte apelo às autoridades competentes para que “libertem imediatamente o P. Stan Swamy permitindo-lhe que regresse à sua comunidade”.

Em julho e agosto, o P. Stan foi interrogado várias vezes durante mais de 15 horas pelo NIA na residência da Companhia de Jesus em Bagaicha, Ranchi.

 

“O que me está a acontecer não é um caso isolado. Todos temos consciência que muitos ativistas, advogados, escritores, jornalistas, líderes estudantis, poetas, intelectuais, e outros que defendem os direitos dos Adivasis, dos Dalits e dos marginalizados e expressam a sua discordância os com as autoridades políticas do país estão debaixo de mira e a ser colocados na prisão”.

P. Stan Swamy, dois dias antes da sua detenção

As autoridades alegam que a sua prisão a 8 de outubro está relacionada com o controverso caso de Bhima Koregaon-Elgar Parishad, ocorrido em 31 de dezembro de 2017, em que organizações que apoiam os Dalits (intocáveis) convocaram um evento para comemorar o 200º aniversário da batalha de Koregaon Bhima, um marco importante da história dos Dalits que nessa ocasião venceram o grupo dominante dos Brahmin. O evento teve lugar em Pune reunindo cerca de 35.000 pessoas.

Grupos extremistas hindus tomaram esta manifestação como uma provocação, boicotando-a. Gerou-se uma situação de violência da qual resultou um morto e vários feridos e tendo havido várias pessoas presas.

O P. Stan nega ter alguma vez estado no Bhima Koregoan, bem como qualquer ligação a forças maoístas. O jesuíta indiano considera que o Estado o persegue devido à sua dissidência no que respeita a várias políticas do governo e à sua luta em favor dos direitos dos Adivasis. O P. Stan trabalha há décadas em defesa dos direitos de terra dos Adivasis, documentando o abuso de poder contra os jovens indígenas, falsamente acusados por defenderem os seus direitos. O jesuíta apresentou em Tribunal uma ação pública contra o estado de Jharkhand em nome de 3000 indígenas presos e é o último de 16 detidos, incluindo os conhecidos advogados defensores dos direitos Arun Ferreira e Sudha Bharadwaj e os escritores Vernon Gonsalvez e Varavara Rao.

Numa declaração em vídeo feita dois dias antes da sua prisão, o P. Stan disse: “O que me está a acontecer não é um caso isolado. Todos temos consciência de que muitos ativistas, advogados, escritores, jornalistas, líderes estudantis, poetas, intelectuais, e outros que defendem os direitos dos Adivasis, dos Dalits e dos marginalizados e expressam a sua discordância os com as autoridades políticas do país estão debaixo de mira e a ser colocados na prisão”.

Vídeo em Inglês 

Por iniciativa da Conferência Jesuíta da Ásia do Sul realizou-se a 12 de outubro o Dia Nacional de Solidariedade para com o P. Stan. Estão também previstas várias formas de manifestação e oração em diversas partes do mundo.

Uma petição pedindo a libertação do P. Stan já recolheu mais de 52.000 assinaturas, entre as quais se encontra a do Provincial dos Jesuítas em Portugal, P. Miguel Almeida.

Os jesuítas continuarão a mobilizar apoios em diversas partes do mundo para expressar a sua solidariedade para com P. Stan Swamy pedindo a sua libertação imediata.

Os Jesuítas em Portugal irão dando conta do evoluir da situação através do seu portal Ponto SJ.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.