A proposta de cada Domingo pode ser feita em família, mas também por pequenos grupos cristãos ou de amigos. Pode também ser adaptada à realidade em que cada um se encontre, sendo usada como fonte de inspiração sem a necessidade de percorrer todos os passos aqui propostos.
1. Enquadramento
2. Pôr a mesa
Preparar a casa para as atividades que se sugerem de seguida, nomeadamente a logística da cozinha. Como serão propostos alguns gestos de atenção numa espécie de ‘zoom in’/’zoom out’, pode ajudar à experiência a pré-visualização de um vídeo como o seguinte:
3. Saborear a Palavra
As propostas abaixo visam sobretudo incluir os mais novos de uma família ou do grupo mas são igualmente muito interessantes para famílias/grupos sem ‘mais novos’. A ideia é levar o produto do jogo à oração… como forma de perceber como anda a minha/nossa atenção enquanto suporte de uma atitude contemplativa.
1- Para ‘miúdos e graúdos’ fazer experiências de vigilância e atenção/contemplação quotidiana, reparando (e parando!) nas cores, nos sabores, nos cheiros, no que sentimos, no que sabemos dos outros….
a. “Jogo dos sabores e dos odores” em duas possibilidades:
i. comendo a sopa com os olhos fechados tentando detetar as diferentes texturas e os ingredientes. Sentindo também o cheiro. Para que este exercício seja mais fácil, para além de se deverem vendar os olhos, os pratos da sopa devem estar elevados mais ou menos a uns 15 cm da boca. O elemento da família que prepara a dinâmica não a faz.
ii. Em roda, com a família ou pequeno grupo reunidos, vendar os olhos a todos e proporcionar a experiência de diferentes odores que devem ser posteriormente identificados. O mesmo pode ser feito colocando na mão de cada um alimento a ser mastigado lentamente, para tomar consciência do sabor…
iii. Depois partilhar o impacto (incluindo as dificuldades) que decorreram deste exercício orante de silêncio e contemplação de objetos ‘banais’…
b. “Jogo do que nunca reparámos”
i. Em roda fazer várias perguntas que suponham alguma atenção ao ambiente em que vivemos:
1. Que móveis existem no quarto dos pais (aqui só respondem os filhos…)
2. Quantos vizinhos vivem no nosso prédio?
3. Como se chama a(o) vizinha(o) mais velha(o) e a(o) mais nova(a)?
4. Quantas pessoas no nosso prédio moram sozinhas?
c. “Jogo do que não sabemos”
i. Qual é a frase que a mãe, o pai, avó, avô, cada filha(a), amigo, mais velho do grupo etc. menos gosta que os outros lhe digam…?
ii. Qual é a peça de roupa preferida de cada pessoa da família/grupo?
iii. Que atividade é a preferida de cada um…?
d. “Jogo do que sentimos”
i. Qual foi a última vez que cada um se sentiu com raiva? Porquê e com quem?
ii. Qual foi a última vez que cada um chorou e porquê?
iii. Qual foi a última vez que cada um se sentiu incompreendido? Em que circunstância?
iv. Em que situações sentimos a presença de Deus em nós?
e. “Jogo contemplação da Natureza” – escolher um local de Natureza, de preferência sem outros elementos humanos e, durante cerca de 15 minutos, cada um caminha livremente, em silêncio, tentando deter-se nos detalhes do que vê (dirigir o olhar para o “micro” do espaço onde se está, como se respondesse à pergunta: “em que é que nunca reparei?”)… Apreciando… No final da experiência, cada um escolhe algo para levar e partilhar.
i. Cada um diz aquilo em deteve a sua atenção
ii. Cada um partilha a escolha do objeto escolhido, comentando as suas razões e experiências.
4. Partilhar a Palavra
Começamos por ler o texto do Evangelho, pausadamente, deixando que este possa gerar 2 ou 3 pontos de oração e partilha:
Do Evangelho de São Marcos
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!».
Ao jeito de Celebração da Palavra, depois de ler o texto e tendo por base cada um dos jogos, podemos partilhar o que sentimos… que dificuldades tivemos de atenção? Que desejos formulamos?
Pistas de exploração deste momento (também podem ser usadas para um momento prévio de oração pessoal):
1 – Vigiar e orar, é, muito mais, um convite para a felicidade no “já”, ao paraíso nesta vida. Vigiar, é estar atento ao essencial. Orar, é estar em relação com Aquele que nos dá a vida, ajudando-O na missão de fazer feliz a nossa vida e a vida cada um dos nossos irmãos. Vigio assim?
2- Esta recomendação de “vigiar” não tem a ver com o futuro, com o que nos espera depois da nossa morte… Talvez seja melhor pensar que o ladrão está em nós próprios (quando “roubamos” ao amor e à atenção) e o inferno é já aqui (quando o egoísmo quebra o paraíso). Vigiar, pois, é um gesto de presente e de liberdade e não de morte e de medo. Vigiar é aproximar-se de Jesus, viver no amor. A mim, o que me move a vigiar? O que me move a viver?
3- Olhemos, hoje, as preocupações da nossa vida. A melhor forma de as fazer não pesar no nosso coração pode ser tirar o “pre”, isto é, fazer com que as preocupações passem a ocupações. Preocupar-se tem uma carga stressante, obsessiva, auto-suficiente e controladora. Ocupar-se, por seu lado, envolve empenho e profundidade (embora também possa ser fuga…) mas sempre na paz e na confiança em Deus, que alivia o coração. Vigio, ocupado ou preocupado?
4 – Colher algum fruto concreto deste momento orante… partilhar um pensamento, fotografia, bem/coisa/objeto, etc.
5. Praticar a Palavra
Estar de ‘olhos abertos’, (vigiando…) aos que mais precisam. Fazer uma experiência concreta de ‘deteção’ de pessoas, situações que ganhem com gestos nossos, por exemplo:
1- Alguém a quem se telefone/mande sms ou whatssap, por estar mais confinado em covid19
2- Algum vizinho mais ou menos conhecido que tenha a ganhar com um ‘mimo nosso’ (um bolo, um produto natural, uma expressão artística, etc.)
3- Discernimento familiar ou de grupo com vista à tomada de uma decisão pessoal, familiar, grupo, pequena comunidade de mudança ‘permanente’ de hábitos de consumo, de partilha de bens, de tempo, ou outra coisa que se concretize em benefício de alguém.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.