Companhia de Jesus celebra hoje festa dos Mártires do Brasil

Dois sacerdotes, um diácono, 14 irmãos e 23 estudantes, liderados por Inácio de Azevedo foram intercetados, durante a sua nau, nas Ilhas Canárias, por navios de calvinistas, que, ao perceberem que eram missionários, os lançaram ao mar.

Dois sacerdotes, um diácono, 14 irmãos e 23 estudantes, liderados por Inácio de Azevedo foram intercetados, durante a sua nau, nas Ilhas Canárias, por navios de calvinistas, que, ao perceberem que eram missionários, os lançaram ao mar.

Os Quarenta Mártires do Brasil constituem um grupo de 40 jovens da Companhia de Jesus (entre os 18 e os 35 anos), 32 portugueses e 8 espanhóis, destinados às missões no Brasil, em 1570. Eram ao todo dois sacerdotes, um diácono, 14 irmãos e 23 estudantes, liderados por Inácio de Azevedo. Durante a viagem, a nau foi intercetada nas Ilhas Canárias, por navios de calvinistas, que, ao perceberem que os tripulantes eram missionários católicos, atiraram-nos todos ao mar, a 15 de julho de 1570.

Foram beatificados, a 11 de maio de 1854, pelo Papa Pio IX. A sua festa litúrgica é celebrada no dia 17 de julho.

O momento do martírio 

Antes da partida em missão para o Brasil, os sacerdotes, irmãos e estudantes que tinham aderido ao projeto do P. Inácio de Azevedo, reuniram-se na Quinta de Vale do Rosal, na Charneca de Caparica (não longe de Almada), preparando-se espiritualmente, durante cinco meses, para a missão de evangelização desse tão grande espaço que era o território brasileiro.

No dia da partida, seguiram na expedição um total de 86 pessoas: 70 eram religiosos jesuítas e os restantes eram assalariados. Depois de aportarem na Ilha da Madeira, a 12 de Junho de 1570, para consertar as embarcações, descansar e recolher mantimentos, prosseguiram viagem, na nau Santiago, apenas Inácio de Azevedo com 39 companheiros.

A pouca distância de Tazacorte (La Palma, uma das Ilhas Canárias), a 15 de Julho de 1570, foram surpreendidos por um navio francês, comandado pelo calvinista Jacques Sória. Os calvinistas abordaram a nau com enorme alarido, praguejando e ameaçando de morte os missionários.

O P. Inácio de Azevedo apressou-se, então, a reunir todos os missionários no convés do navio, dirigindo-lhes palavras de encorajamento: “Irmãos, preparemo-nos todos, porque hoje vamos povoar o Céu. Ponhamo-nos todos em oração e façamos de conta que esta é a última hora que temos de vida”. Dos lábios de cada um acabaram por irromper, em alta voz, entregas pessoais à vontade de Deus, enquanto os hereges os cobriam de injúrias.

Inácio de Azevedo desaconselhou os companheiros a combaterem os inimigos com armas, como o capitão português lhes pediu, mas apenas por meio de um quadro com um ícone da Santíssima Virgem Maria, que tinha agarrado em exposição solene junto ao seu peito, e a todos gritou: “Irmãos, defendei a fé de Cristo! Pela fé católica e pela Igreja Romana!”. Mesmo depois de ferido na cabeça, o líder da expedição missionária exclamou: “Filhos, não temais, esforçai-vos! Ó meus filhos: que grande mercê é esta de Deus! Ninguém tenha medo, nem fraqueza”.

Os missionários foram todos feridos e deitados ao mar, exceto o irmão João Sanches a quem os calvinistas guardaram para seu cozinheiro. No entanto, apareceu João Adaucto, sobrinho do capitão da nau, que decidiu vestir o hábito de religioso jesuíta para o tomarem por tal (uma vez que tanto desejava pertencer à Companhia de Jesus) e acabou por ser morto pela fé. Foram todos lançados ao mar, uns já mortos, outros em agonia e outros ainda vivos.

Em simultâneo com o momento do martírio, Santa Teresa de Ávila, no seu convento carmelita em Toledo, Espanha, teve uma visão milagrosa do martírio de Inácio de Azevedo com os seus companheiros e da sua entrada triunfal no Céu, recebidos pela Virgem Maria e por Jesus Cristo, Salvador.

(P. João Caniço, SJ)

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* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.