Cabeça e coração: aliados para a vida

A Academia de Verão, que decorreu na semana passada, teve como imaginário os colégios/casas onde os primeiros jesuítas viviam e estudavam e deste modo se organizavam os vários grupos de buscadores de Deus que participaram nesta academia.

A Academia de Verão, que decorreu na semana passada, teve como imaginário os colégios/casas onde os primeiros jesuítas viviam e estudavam e deste modo se organizavam os vários grupos de buscadores de Deus que participaram nesta academia.

Entre 3 e 10 de setembro, 47 jovens entre os 18 e os 30 anos estiveram em Soutelo na Academia de Verão, uma semana de estudos de teologia, acompanhados de tempos de oração, partilha e debate.

Santo Inácio percebeu, algum tempo após a sua conversão, que precisaria de estudar para poder responder de modo fundamentado às exigências que o seu tempo requeria. No entanto, além do estudo, a experiência de fraternidade com outros que buscavam o mesmo Deus revelou-se imprescindível para uma formação integral. Assim, a Academia de Verão tem como imaginário e base inspiradora os colégios/casas onde os primeiros jesuítas viviam e foram estudando, e deste modo se organizavam os vários grupos de buscadores de Deus que participaram nesta academia.

Os dias começavam com uma breve oração da manhã, seguida de uma introdução ao tema fundamental do dia: Antropologia, Mistério de Deus Uno e Trino, Cristologia, Eclesiologia e Escatologia. Esta introdução pretendia dar chaves de leitura para um texto que posteriormente seria dado e assim abrir a temática. Seguia-se então um tempo de leitura individual e depois uma partilha nos vários colégios sobre o texto teológico estudado, e por fim um plenário de conversa e síntese. Após o almoço, havia dois momentos com ateliers, com três opções à escolha em cada momento, cujos temas eram concretizações do tema grande do dia.

O desejo comum partilhado, a par do enquadramento espiritual oferecido, fazia com que a teologia fosse vista não com uma dimensão meramente racional, mas como uma reflexão que toca a vida pessoal de cada um, o seu ser cristão e peregrino, que vive num contexto concreto e no qual é chamado a ser outro Cristo.

A jornada finalizava com a Eucaristia e um tempo de oração de apropriação interior do dia vivido. Depois do jantar, o serão pretendia, ao estilo dos Exercícios Espirituais, ser uma aplicação dos sentidos, permitindo ecoar o dia vivido através dos vários sentidos, deixando o coração ser tocado pela arte ou pelo convívio gratuito. O dia era fechado do mesmo modo que começava: na capela, diante do Senhor a quem se buscava, que também nos fala pela razão, mas nos transforma sobretudo o coração.

Além dos 47 jovens, estiveram presentes, como professores ou auxiliares, 18 jesuítas, uma irmã doroteia, uma irmã escrava do Sagrado Coração de Jesus e cinco leigos. O ambiente comunitário era claramente potenciado pelas conversas no claustro da Casa da Torre, nos intervalos das aulas, ou às refeições, em que as perguntas, o desejo de saber, a reflexão em conjunto, eram alimentados uns pelos outros. O desejo comum partilhado, a par do enquadramento espiritual oferecido, fazia com que a teologia fosse vista não com uma dimensão meramente racional, mas como uma reflexão que toca a vida pessoal de cada um, o seu ser cristão e peregrino, que vive num contexto concreto e no qual é chamado a ser outro Cristo. Vividos os apelos à cabeça e ao coração, uma vez terminada a Academia, serão as mãos, no agir e no ser, que falarão da teologia pensada e rezada.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.