1. Como mel para a boca
Foto do Monte Sinai do Egito
As tradições judaica e cristã situam o episódio da sarça ardente neste lugar.
2. Um texto bíblico
Moisés estava a apascentar o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madian. Conduziu o rebanho para além do deserto, e chegou à montanha de Deus, ao Horeb. O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo, no meio da sarça. Ele olhou e viu, e eis que a sarça ardia no fogo mas não era devorada.
Moisés disse:
– Vou adentrar-me para ver esta grande visão: por que razão não se consome a sarça?
O Senhor viu que ele se adentrava para ver; e Deus chamou-o do meio da sarça:
– Moisés! Moisés!
Ele disse:
– Eis-me aqui!
Ele disse:
– Não te aproximes daqui; tira as tuas sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa. Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob.
Moisés escondeu o seu rosto, porque tinha medo de olhar para Deus.
Êxodo 3,1-6
3. O esclarecimento
Uma sarça que arde e não se consome é seguramente motivo de espanto, não?
Os Padres da Igreja estabeleceram um paralelo entre a sarça ardente e a Virgem Maria: Jesus foi nela como o fogo divino na sarça.
“Da mesma forma que a sarça ardia sem se consumir, também Maria recebeu em si o fogo do Espírito e deu à luz sem perder a virgindade.” Assim escrevia São Efrém, o Sírio (306-377).
Este paralelo foi decisivo para os artistas cristãos do Oriente, que nunca se cansaram de o retomar na sua iconografia.
Este paralelo entre a sarça ardente e a Virgem Maria põe em evidência uma certa forma de ler o Antigo Testamento própria dos cristãos. Esta forma consiste em reconhecer em certos episódios, personagens e acontecimentos do Antigo Testamento uma prefiguração de episódios, personagens e acontecimentos do Novo Testamento.
Chama-se uma “leitura tipológica”, do grego “typos”, que significa “molde”: o Novo Testamento conta a história de Jesus com recurso aos “moldes” fornecidos no Antigo Testamento.
O Concílio Vaticano II da Igreja Católica exprime-se assim na Constituição Dei Verbum: “Deus, inspirador e autor dos livros dos dois Testamentos, dispôs tão sabiamente as coisas, que o Novo Testamento está latente no Antigo, e o Antigo está patente no Novo”.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.
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