A proteção das crianças e jovens é um dever de toda a comunidade

Este é o grande desafio do mês de abril: lembrar que todos temos de ser capazes de olhar pelas crianças como se fossem as nossas, ter o cuidado de observar, escutar, perguntar se está tudo bem.

Este é o grande desafio do mês de abril: lembrar que todos temos de ser capazes de olhar pelas crianças como se fossem as nossas, ter o cuidado de observar, escutar, perguntar se está tudo bem.

Abril é o mês de prevenção dos maus tratos na infância, que tem como tema “Serei o que me deres… que seja Amor”. Esta campanha tem como símbolo o Laço Azul, a qual nasce de uma história (verídica) de uma avó que, em 1989, colocou uma fita azul no seu carro de forma a alertar as pessoas para os maus tratos de que os seus dois netos foram vítimas. O laço azul pretende, assim, sensibilizar para a existência de uma preocupação com a proteção das crianças e jovens por parte de todos os cidadãos.

Todos os meses somos confrontados com notícias de maus tratos a crianças e jovens. Algumas das situações, pela sua gravidade e crueldade, impressionam-nos. Chocam-nos. Fazem-nos questionar sobre o nosso papel como comunidade na proteção das crianças e jovens. Questionamos a legitimidade dos pais. A indiferença da comunidade. A (nossa) falha como sociedade. Nelson Mandela afirmava que a forma como protegemos as nossas crianças reflete a sociedade que somos. E, muitas vezes, temos de aceitar que não fazemos o suficiente: por considerarmos que estas situações não nos dizem respeito, não fazemos nada, desviamos o olhar.

Este é o grande desafio do mês de abril: lembrar que todos temos de ser capazes de olhar pelas crianças como se fossem as nossas, ter o cuidado de observar, escutar, perguntar se está tudo bem. Todos somos responsáveis pela proteção das crianças e jovens, todos podemos e devemos estar atentos a possíveis indicadores de alerta e denunciar essas situações.

Nas obras da Província Portuguesa da Companhia de Jesus (PPCJ), desde 2018, que todos os meses são abril. A criação de um Serviço de Proteção e Cuidado (SPC) permite avaliar e reforçar as boas práticas de proteção e cuidado nos espaços e atividades das obras, identificando e tratando comportamentos desadequados e situações que possam configurar maus tratos para as crianças e jovens (no espaço da obra ou nos seus contextos de vida). O SPC não pretende substituir o sistema de promoção e proteção das crianças, mas complementar e reforçar o papel das obras como entidades de primeira linha.

Ao envolver todos os colaboradores, voluntários, menores e adultos vulneráveis, famílias e cuidadores, o SPC compromete-se com um papel mais ativo das obras na proteção e promoção dos direitos das crianças. A existência da obra como espaço acolhedor e seguro, uma atenção e resposta atempada e adequada a todas as situações suspeitas, dentro e fora das nossas obras, o acompanhamento e especial cuidado e proteção dos menores que nos são confiados e a melhoria contínua de boas práticas no trabalho com menores são premissas inerentes ao SPC e às obras da Companhia de Jesus.

Este é o compromisso do SPC: garantir que a proteção das crianças e jovens é de todos e que todos devemos promover uma cultura de bom trato, um olhar atento e tolerância zero perante situações de maus tratos.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.