Dias de festa e confirmação

Os três jesuítas que estudam no Gèsu (Roma), participaram nas celebrações festivas dos 50 anos do colégio, onde a interculturalidade foi marca dominante. Do encontro com o Papa, trouxeram palavras de incentivo: fundar, crescer e amadurecer.

Vivemos no passado fim de semana a celebração do quinquagésimo aniversário do “Collegio internazionale del Gesù”. Três dias de festejos que marcaram o jubileu de uma casa onde já se formaram mais de 850 jesuítas de 81 países diferentes, dos quais cerca de 50 portugueses. O Colégio foi fundado pelo Superior Geral de então, P. Pedro Arrupe, com o nome de Gesù (Jesus) por ser Ele o centro da nossa vocação e missão. A razão é ao mesmo tempo simples e profunda, é precisamente ao olharmos Jesus que encontramos a nossa identidade, percebemos quem somos, procurando sempre no agir o “modo de proceder de Jesus”. Quando escreveu a carta de fundação do Colégio, o P. Arrupe explicou que queria que se oferecesse a oportunidade a que os jovens jesuítas pudessem estudar em Roma.

Para assinalar este aniversário foi lançado um livro testemunhos de 50 jesuítas que viveram nesta casa, um por ano. Foi pedido que dessem testemunho dos tempos que viveram no Colégio e de como isso marcou a sua vida e a sua missão na Companhia. A apresentação desta compilação aconteceu na tarde de sábado e contou com a presença dos padres Nuno da Silva Gonçalves (português), Francesco Occheta (italiano) e Gia AnCao (vietnamita) que partilharam o tempo em que viveram e cresceram como alunos do Colégio.

A interculturalidade foi a marca dominante, revelando-se a forma por excelência como esta comunidade concretiza a universalidade da Companhia de Jesus, como disse o P. Nuno. Ainda assim, esta experiência apresenta grandes desafios, como referiu o P. Cao: “exige uma grande flexibilidade até se poder reconhecer a própria cultura na do outro e isto só pode ser o fruto da amizade”. Este processo interior é ao mesmo tempo um sinal social muito importante, já que enquanto no mundo se criam barreiras, aqui no Gesù se procura viver em conjunto mostrando que é de facto possível, afirmou o P. Occheta.

Para todos os que viveram no Gesù e para os que ainda vivem, a proximidade com os quartos onde viveu Santo Inácio, fazendo parte da mesma casa, tem uma força enorme. Aliás é o que faz desta a casa de toda a Companhia como sempre disse o P. Geral Afonso Nicolás. Já que foi também aqui que o Santo escreveu as Constituições e enviou os primeiros companheiros em missão pelo o mundo.

Domingo foi o dia da celebração solene deste jubileu com uma missa de ação de graças na igreja do Gesù. Uma harmonia litúrgica entre várias culturas permitiu mais uma vez celebrar e viver a internacionalidade da Companhia.

Domingo foi o dia da celebração solene deste jubileu com uma missa de ação de graças na igreja do Gesù. Uma harmonia litúrgica entre várias culturas permitiu mais uma vez celebrar e viver a internacionalidade da Companhia. Presidida pelo Delegado do P. Geral para as casas interprovinciais de Roma e concelebrada por muitos jesuítas antigos alunos do Colégio, a celebração contou com uma homenagem ao seu fundador. Junto ao seu túmulo, os jesuítas presentes rezaram em coro a “Invocação a Jesus Cristo modelo”.

Na segunda-feira terminámos a celebração sendo recebidos pelo Papa na sala do consistório. Não tendo sido antigo aluno do colégio, conhece e aprecia bastante a dimensão internacional da nossa formação. Foi uma manhã muito emotiva. A Companhia tem pelo sucessor de Pedro uma enorme reverência, e poder ouvir o Papa Francisco como um irmão mais velho tem para nós um sabor especial.

Num tom de desafio ao crescimento humano e espiritual deixou-nos três verbos: fundar, crescer e amadurecer. Estamos numa fase de criar fundamentos sólidos, convidou-nos a aproveitar a experiência romana para aproveitar o melhor que a Igreja e a Companhia têm para nos dar. Quanto mais que podemos quotidianamente estar e rezar nos mesmos lugares onde Santo Inácio viveu e rezou. “Vocês são um manancial que traz o mundo a Roma e leva Roma ao mundo, a Companhia ao coração da Igreja e a Igreja ao coração da Companhia.”

Num segundo momento, o crescimento. A árvore com raízes fortes cresce, não é nada sem as raízes. Claro que este crescimento não se faz sem crise, mas sublinhou que não tivéssemos medo das crises. Sinais positivos deste crescimento são, porém, a liberdade e a obediência tão fundantes na nossa espiritualidade.

 

Num tom de desafio ao crescimento humano e espiritual deixou-nos três verbos: fundar, crescer e amadurecer. Estamos numa fase de criar fundamentos sólidos, convidou-nos a aproveitar a experiência romana para aproveitar o melhor que a Igreja e a Companhia têm para nos dar. Quanto mais que podemos quotidianamente estar e rezar nos mesmos lugares onde Santo Inácio viveu e rezou.

Em terceiro lugar, amadurecer. Não são as raízes nem o tronco que amadurecem, mas os frutos. Recordou-nos o primeiro envio da Companhia por parte de um Papa às fronteiras existenciais. Afirmando que talvez sejam as palavras mais profundas de um Papa à Companhia. Pediu-nos que não nos esquecêssemos do ministério da consolação, próprio da quarta semana dos Exercícios.

Ao terminar, dirigiu-se a cada um com um caloroso cumprimento, próprio de um pastor que confirma o seu rebanho. Pela comunidade vive-se ainda a alegria deste encontro e o olhar fixo com que o Papa se dirigiu a cada um e o tocou de forma tão única.

Foram três dias de festa e de fazer um exercício de memória agradecida de tanto bem recebido ao longo destes 50 anos do Colégio. Para quem dá passos rumo ao sacerdócio, estes dias foram de grande confirmação, de ver companheiros a testemunhar a alegria de viver como verdadeiros amigos no Senhor.

Fotografia de capa da notícia: Vatican News