“Fala-me do chão”: o mundo diagonal
O mundo e o pensamento diagonal serão, portanto, a denúncia da domesticação; da vida que não tem de ser, necessariamente, consecutiva e consequente; da vida, que não se tem que se circunscrever a um só plano.
O mundo e o pensamento diagonal serão, portanto, a denúncia da domesticação; da vida que não tem de ser, necessariamente, consecutiva e consequente; da vida, que não se tem que se circunscrever a um só plano.
Harry Styles obriga a orientar o olhar para a vida exterior, desmitificando o lugar-comum que liga a verdade da vida a uma existência de separação e distância, numa determinada linha incontaminada face ao mundo.
A cozinha passa a ser, antes de mais, um modo de cuidado, que precede a técnica. Só somos capazes de “fazer um sarrabulho” ou “esperar que uma feijoada apure”, se entendermos a cultura agrícola que lhe está subjacente.
De facto, a democracia é uma entidade frágil porque é difícil aprendermos que sermos confrontados é melhor do que cedermos ao conforto. Tornaram-se recorrentes expressões como: “se calhar é melhor não expormos as pessoas a estes conteúdos”.
“Se precisamos de movimento ao nascer, porque é que mais tarde nos fixamos?” Questão curiosa que, enquanto comunidade, precisamos de colocar. Ainda assim, “faz votos para que seja longo o caminho”, “não apresses em nada a tua viagem”.
Quantos padres também não sentirão o seu ministério como vulgar e vazio? Quantos padres não sentirão que os inúmeros quilómetros que fazem para não abandonar nenhuma das suas comunidades são feitos em vão?
A poesia será uma anti-complacência, uma denúncia radical, ao mesmo tempo que uma obediência, uma luta para aprender a deixar de resistir.
O facto é que, numa sociedade que tenta impor à bruta um estilo de vida saudável, o que faz realmente falta são iniciativas como esta, que buscam a procura de guloseimas.
Se Virgílio nos leva com Eneias, das praias de Cartago até à fundação de Roma, é interessante perguntar que nova cidade é que nos sentimos chamados a fundar. Ou então, se já sabemos cair, se caímos o suficiente, ou o que ainda falta cair?
Encarnar é um movimento, um processo e uma dança, nem sempre planeada ou programada, por lugares fora do centro, não atrativos ou chamativos, que vão desde uma zona de distribuição da Amazon até estacionamentos gelados cheios de lixo.