Nesta conversa, procura desmistificar-se a ideia de que a Idade Média foi um “tempo de trevas” apelando-se à compreensão da sua complexidade e à sua importância para a configuração da Europa dos estados e das nações.
Chama-se também a atenção para o lugar da religião e da sua relação com a cultura ao longo deste período histórico. Luís Amaral destaca o facto da religiosidade medieval ser essencialmente cristã, permitindo que o cristianismo impregne todas as dimensões da vida humana, não ficando circunscrito ao que é especificamente religioso mas alastrando a sua influência ao pensamento, à cultura e ao modo de entender o mundo estabelecendo-se como uma verdadeira cosmovisão.
Desta cosmovisão surgem luzes e sombras cuja a influência se estende até aos dias de hoje. E se a visão global que o cristianismo gerou se apresenta como verdadeira luz, a cristalização de alguns instrumentos e de algumas opções (nomeadamente a nível litúrgico) contribuiu para uma visão da Igreja como uma instituição estática. Por outro lado, a passagem da verdade religiosa à verdade social assentou a dimensão reguladora da Igreja. Contudo, não se deixa também de sublinhar a importância de movimentos refundadores como o de Francisco de Assis. É também dado destaque à importância do Concílio de Trento.