Depois da conversa de lançamento, publicamos hoje a conversa de João Paiva com Carlos Fiolhais, professor de Física na Universidade de Coimbra, divulgador científico e com um grande interesse na relação entre a ciência e a cultura.
Centrando-se na temática das cosmologia, que estuda a origem e a ordem do universo, o diálogo tentará estabelecer a ponte entre o céu estudado por esta disciplina cientifica e a compreensão do Céu como elemento da fé cristã.
“O Espírito Santo ensina-nos como ir para o Céu e não como é o céu…” A frase é atribuída a Galileu e ajuda a compreender como os olhos deste grande mestre da Ciência estavam virados para o céu astronómico mas apontavam também para o Céu, enquanto destino das almas. Se através da Ciência, e munido do telescópio, Galileu aprendeu a conhecer o céu e muitos dos mistérios que encerrava, como teólogo, Galileu compreendeu que as questões essenciais que trazia na alma só poderiam encontrar resposta no Evangelho. Por isso, apesar dos graves problemas que teve com a Inquisição, no seu interior, tinha bem estabelecida a separação entre aquilo que são assuntos da ciência e aquilo que são assuntos da teologia, da religião.
Além de Galileu, Copérnico, Newton e Einstein foram grandes mestres da Ciência que marcaram a história da Humanidade e que tiveram uma relação curiosa com a religião, marcada por luzes e sombras, aproximações e distanciamentos.
Um dos aspetos curiosos referidos a propósito de Newton é a sua “dedicação secreta” à alquimia e o seu interesse pela religião. Situando-se em contexto anglicano, o cientista inglês dedica parte do seu tempo a comentar o Antigo Testamento. A sua dimensão teológica ficou escondida durante muito tempo, mas era no exercício da teologia que Newton indagava as questões (os mistérios) para as quais não encontrava resposta na ciência. Este escondimento não impediu algumas disputas teológicas, nomeadamente como o filósofo alemão Leibniz sobre o modo de intervenção de Deus no mundo.
No caso de Einstein, é possível através da conversa compreender melhor a sua peculiar conceção de Deus influenciada por Espinosa. Ainda que sendo de ascendência judaica e tendo tido contacto com o catecismo católico, o físico alemão nunca se vinculou a nenhuma tradição religiosa.
É sobre estes nomes que marcaram a História da Humanidade que João Paiva conversa com Carlos Fiolhais, um apaixonado pela Física mas também pelas questões da religião e da fé.
Fotografia de Greg Rakozy – Unsplash
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