Religiões juntas contra eutanásia

Na Academia de Ciências de Lisboa foi assinada uma declaração contra a eutanásia que juntou hindus, budistas, muçulmanos judeus e cristãos. Esta iniciativa foi promovida pelo Grupo de Trabalho Inter-Religioso para as questões da saúde.

O Grupo de Trabalho Inter-Religioso para as questões da Saúde, que reúne representantes de mais de uma dezena de comunidades religiosas, promoveu uma conferência sobre a eutanásia esta quarta-feira, dia 16 de maio, na Academia das Ciências de Lisboa. A conferência terminou com a assinatura de uma declaração conjunta por elementos de oito diferentes comunidades religiosas.

Antes da assinatura da declaração, foi possível escutar diferentes intervenções que contribuíram para o enquadramento desta declaração conjunta.

Num primeiro painel, o jurista Fernando Loja destacou que “a liberdade religiosa não se limita ao culto, está associada à liberdade de consciência e à liberdade de expressão.” Por isso, considera, as diferentes religiões têm legitimidade para participar nos debates públicos como o da eutanásia.

Já o P. José Nuno Ferreira da Silva, sacerdote católico, destacou que “o saber teológico não é apenas saber, mas sabedoria e pode ajudar a dar um contributo significativo para os debates bioéticos.” E acrescentou: “temos que estar com humildade no debate, não temos o monopólio da verdade, mas ao mesmo tempo não temos que fazer um eclipse da nossa fé.”

À margem do encontro, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, declarou ao jornalistas que a temática da eutanásia “é uma temática humana, diz respeito aos seres humanos e há por isso uma abordagem humanística a fazer”. O patriarca de Lisboa referiu ainda que “a vida humana integra também as pertenças religiosas e, por isso, numa sociedade livre e plural, as religiões tem o direito e o dever de se pronunciarem, para com a sua experiência contribuírem para as melhores soluções.”

D. Manuel Clemente enfatizou ainda que gostaria que os deputados ouvissem, não apenas a voz das diferentes religiões, mas de outros grupos da sociedade que se tem pronunciado publicamente, aludindo a um documento assinado por vários antigos bastonários da Ordem dos Médicos. Para o Cardeal Patriarca, o debate continuará depois do dia 29 de maio e da discussão parlamentar, porque “a vida tem sempre que ser acompanhada.”

Antes da assinatura da declaração, os vários representantes das comunidades religiosas fizeram breves declarações em que justificaram a assinatura do documento. Esta declaração será endereçada  ao Presidente da República e ao Presidente da Assembleia da República.

A declaração conjunta está disponível aqui.

Fotos: Agência Ecclesia – Octávio Carmo