Ponto de Escuta desativado após três meses de escuta

Consciente de que o bem estar emocional, espiritual e psicológico das pessoas deve ser uma preocupação permanente da Igreja, a Companhia de Jesus procurará continuar atenta a esta realidade.

Em três meses, 116 pessoas contactaram o Ponto de Escuta. Na maioria mulheres, ligaram para exprimir a sua solidão e cansaço psicológico perante a pandemia, mas também o medo e o sofrimento suscitado pela perda de alguém. Muitas pessoas escutadas relataram também a deterioração de relações conjugais e familiares, algumas delas já frágeis, degradaram-se mais com o confinamento. Com a diminuição da procura deste serviço de escuta, e agora que o país parece recuperar alguma normalidade, o funcionamento do Ponto de Escuta chega ao fim. Consciente, contudo, de que o bem estar emocional, espiritual e psicológico das pessoas deve ser uma preocupação permanente da Igreja, a Companhia de Jesus procurará continuar atenta a esta realidade.

No total, os 45 voluntários que estiveram na linha da frente deste serviço realizaram 85 primeiras escutas, embora tenha havido pessoas que foram acompanhadas ao longo de dois, três ou mais telefonemas. Estes contactos multiplicaram-se, portanto. Houve 8 contactos que foram feitos a partir de fora de Portugal. Neste serviço, colaboraram ainda 16 jesuítas que acompanharam espiritualmente 23 pessoas que pediram para conversar com um sacerdote.

Num primeiro momento de escuta, muitas pessoas exprimiram a sua tristeza e solidão, confessando ao voluntário que estava do outro lado do telefone que não tinham ninguém com quem desabafar a sua angústia, embora algumas vivessem acompanhadas. Durante o telefonema, algumas manifestaram um grande sofrimento e até desespero perante a sua situação atual de vida, onde faltava a família, a saúde ou o trabalho. O afastamento da família e dos amigos e a quebra das relações sociais devido ao confinamento levaram as pessoas a contactar o Ponto de Escuta apenas para poderem ter com quem conversar e desabafar. Contudo, em alguns casos foi necessário encaminhar as pessoas escutadas para outros serviços na comunidade (ex: apoio psicológico).

Mais de 90% das pessoas que responderam a um questionário após o momento de escuta dizem ter-se sentido muito bem escutadas e acolhidas e quase todas reconheceram que fizeram bem ou muito bem em recorrer a este serviço. Mais de 90% ficaram com vontade de agendar um novo momento de escuta, na maioria dos casos com o mesmo voluntário.

O Ponto de Escuta foi um serviço gratuito e confidencial criado pela Província Portuguesa da Companhia de Jesus para o tempo de confinamento e desenvolvido pela equipa do Serviço de Proteção e Cuidado em articulação com o Ponto SJ. Além dos muitos voluntários que colaboraram neste serviço, o Ponto de Escuta era constituído por uma equipa de retaguarda que apoiava e acompanhava os voluntários e procurava articular respostas para as situações mais complexas.