Morreu esta manhã o P. Stan Swamy, jesuíta indiano que estava detido pelas autoridades indianas, injustamente acusado de ligações terroristas. Aos 84 anos, o ativista pelos direitos humanos dos mais frágeis na Índia morreu na sequência de complicações provocadas pela Covid-19, e enquanto aguardava no hospital pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que estava prestes a pronunciar-se sobre a sua libertação por razões médicas. O pronunciamento esteve agendado para o dia 3 de julho, mas tinha sido adiado para amanhã, dia 6 de julho. O P. Stan morreu às 9h00 de Lisboa, 13h30 na Índia.
Ao longo de cinquenta anos, o sacerdote jesuíta trabalhou incansavelmente em favor de grupos de marginalizados na Índia, nomeadamente contra as expropriações injustas que têm atingido a comunidade Adivasis, povo indígena do Estado de Jharkhand. Terá sido esse trabalho que suscitou a sua detenção, em outubro, pela autoridade anti terrorista da Índia, a National Investigation Agency (NIA), que alegou ligações maoístas, das quais o P. Stan se disse sempre inocente. A detenção teve lugar na residência da Companhia de Jesus situada na periferia de Ranchi, localidade do Estado de Jharkhand que fica na zona oriental da Índia.
Detido aos 83 anos, o jesuíta sofria de Parkinson e apresentava um estado de saúde de enorme debilidade. Desde que foi preso foi muito difícil assegurar-lhe as condições mínimas de dignidade. Foi forçado a dormir no chão durante vários dias e, só depois de vários protestos que se prolongaram por mais de um mês, lhe foi dado um copo com palhinha, utensílio de que necessita para conseguir beber água autonomamente.
Numa breve mensagem, o P. Stanislaus Souza, provincial dos jesuítas indianos, comunicou a sua morte recordando o seu trabalho junto dos mais marginalizados, em especial junto dos Adivasis e dos Dalits. O superior dos jesuítas indianos fez questão de renovar o compromisso da Companhia de Jesus na luta pela justiça. “A Companhia de Jesus assume o compromisso de levar adiante o legado do P. Stan Swamy e a sua missão de justiça e reconciliação.”
Também o P. Xavier Jeyaraj, sj, coordenador do Secretariado da Justiça e da Ecologia dos Jesuítas a nível mundial, emitiu uma nota manifestando o seu pesar pela morte do sacerdote indiano: “O P. Stan foi verdadeiramente um profeta que viveu plenamente a sua vida pelos outros, particularmente os Adivasis, os Dalits e outras comunidades marginalizadas. Quando estava na prisão, disse: ‘Um pássaro enjaulado ainda pode cantar’. E semeou “esperança” no coração de todos. Hoje ele é um pássaro livre que canta do céu chamando cada um de nós a manter viva essa esperança de verdadeira libertação da injustiça, opressão e negação de direitos.”
Em janeiro deste ano, o P. Miguel Almeida, Provincial dos jesuítas em Portugal, dirigiu uma carta aberta ao Embaixador da Índia em Lisboa alertando para a situação de injustiça em que se encontrava o P. Stan, detido pelas autoridades indianas. Essa carta pública foi subscrita por diversas personalidades.
Ao começo da tarde de hoje, decorreu um encontro online em que jesuítas, familiares, ativistas de direitos humanos e diversas personalidades expressaram condolências pela morte do jesuíta, dando testemunho da sua missão junto dos mais frágeis da sociedade.