Faleceu ontem ao início da noite o P. José Augusto Sousa, aos 89 anos. Internado há duas semanas no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, morreu na sequência de problemas respiratórios. O P. José Augusto tinha 70 anos de Companhia de Jesus, tendo vivido grande parte da sua vida de jesuíta em Moçambique, onde foi missionário, chegando a ser Vice-provincial numa altura muito crítica e complicada da região.
Esta tarde, às 19 horas na Igreja do Colégio São João de Brito será celebrada missa de corpo presente. O funeral será amanhã, quinta-feira, às 15h30, em Magueija, em Lamego.
José Augusto Sousa nasceu na povoação de Matança, freguesia de Magueija, no concelho de Lamego, no dia 8 de dezembro de 1933. Fez os estudos secundários na Escola Apostólica de Macieira de Cambra e entrou na Companhia de Jesus no dia 7 de setembro de 1952, em Soutelo. Depois dos dois anos de Noviciado estudou Humanidades (1954-1957) e em 1957 foi para a Faculdade de Filosofia de Braga onde se licenciou em Filosofia em 1960.
Fez a etapa do Magistério na Missão da Zambézia. Esteve na missão da Fonte Boa, Angónia, a estudar a língua local durante uma ano e em 1961 foi para a missão de Boroma, onde foi professor e prefeito dos alunos da Escola de Formação de Professores. Estudou teologia na Faculdade de Teologia S. Francisco de Borja, em San Cugat del Vallés, Barcelona, durante quatro anos.
Foi ordenado sacerdote no dia 3 de julho de 1966, em Lisboa, na Igreja do Colégio de S. João de Brito. Licenciou-se em Teologia em 1967 e em seguida foi para o Instituto Lumen Vitae, em Bruxelas onde se especializou em catequética. Em 1968 regressou a Moçambique e aceitou integrar a equipa do Centro Catequético de Nazaré, em Inhamízua, a cerca de 15 Km da cidade da Beira que começava, nesse ano, a formar as primeiras 15 famílias das dioceses da Beira, Tete e Quelimane. Em 1971 foi nomeado Vigário Geral da Diocese da Beira.
O P. Sousa assumiu a coordenação da Vice-Província numa época muito crítica, mas revelou-se o homem para o momento. Os desafios provocados pela nacionalização do ensino e da saúde exigiram dele muita paciência, diálogo sereno, espírito de abertura e criatividade para encontrar respostas rápidas e encorajar os seus irmãos.
Fez a Terceira Provação em Roma, em 1974 e voltou para Moçambique. Fez a profissão solene no dia 2 de fevereiro de 1975, na Beira. Foi nomeado Vice-Provincial da Vice-Província de Moçambique e tomou posse no dia 30 de março de 1975. O P. Sousa assumiu a coordenação da Vice-Província numa época muito crítica, mas revelou-se o homem para o momento. Os desafios provocados pela nacionalização do ensino e da saúde exigiram dele muita paciência, diálogo sereno, espírito de abertura e criatividade para encontrar respostas rápidas e encorajar os seus irmãos. Viveu a angústia de irmãos jesuítas que foram presos e expulsos de Moçambique e de um que foi preso e metido num campo de reeducação.
Em 1981 deixou de ser Vice-Provincial e foi nomeado pároco da Paróquia de S. João Baptista de Matacuane, na Beira. Ao mesmo tempo era Vigário diocesano da pastoral e superior da residência jesuíta de Matacuane. Em 1990 foi para Tete como Vigário da pastoral dirigindo o Secretariado da pastoral e deu início a uma revista de reflexão pastoral e divulgação de notícias da Diocese.
Em 1993 foi nomeado, mais uma vez, Superior Regional da Região Moçambicana da Companhia de Jesus. O tempo agora era mais calmo, mas com outros desafios. O P. Sousa estava atento ao caminho que a Companhia percorria em África. Era conhecido e apreciado por tantos jesuítas da África e ajudou a Região a desenvolver-se no espírito que o P. Geral imprimia àquela região do mundo. Acompanhava, com muito interesse, a política africana através dos meios de comunicação, sobretudo a revista “Jeune Afrique”. Em 1999 voltou a Tete como pároco da Catedral e superior da comunidade jesuíta.
Em finais de 2000 foi para Beira nomeado pároco da Paróquia de Matacuane e superior da Comunidade. Em Janeiro de 2003 regressou a Maputo para ser o Sócio do Superior Regional e foi nomeado superior da residência. Em 2004, com problemas de saúde, regressou a Portugal. Foi viver para a residência da Covilhã e nomeado Capelão do Hospital Pêro da Covilhã do Centro Hospitalar Cova da Beira. Em 2006 foi nomeado superior da comunidade jesuíta, cargo que exerceu até 2014. No Hospital desenvolveu um trabalho notável no acompanhamento de doentes, sempre pronto a colaborar nas iniciativas promovidas pelo pessoal do Hospital.
Em 2019 deixou de ser capelão do hospital, mas continuou como Assistente de Equipas de Nossa Senhora e dos Cursos de Preparação para o Matrimónio. Acentuando-se, um pouco mais, as suas debilidades físicas, em 2020 foi para a enfermaria do Colégio de S. João de Brito, em Lisboa, em descanso e oração pela Igreja, a Companhia e o mundo.
O P. Sousa publicou muitos livros sobre temas bíblicos (Bíblia Mestra da Vida) e catequéticos e também sobre a História da Companhia de Jesus em Moçambique. Deixou ainda dois livros de Memórias, um sobre a sua vida em Moçambique (2015) e o outro sobre a sua estadia na Covilhã (2019).
Conheça melhor a vida e o legado do P. José Augusto Sousa consultando a página IN MEMORIAM