“Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra”.
O Ir. José Meijinhos faleceu ontem ao início da tarde, num hospital em Lisboa, na sequência de uma infeção respiratória que o atingiu há duas semanas. O jesuíta que foi uma referência para muitas gerações de companheiros tinha 93 anos e 77 de jesuíta.
A vida do Ir. Zé foi sempre vivida numa entrega total à vontade de Deus manifestada na obediência aos superiores e na forma como se dedicava à comunidade e aos companheiros. Empenhou-se de modo particular na quinta do Loreto, em Coimbra, que refletia o cuidado constante que lhe dedicava.
Humildade e obediência eram as qualidades mais importantes num jesuíta, dizia em janeiro de 2019, numa entrevista que lhe foi feita conjuntamente pelos padres e noviços da sua comunidade, no Noviciado, em Cernache e que pode ser relida aqui. Quando lhe perguntaram do que mais gostava em Jesus, respondeu: ““Embora muitas vezes não O conheça bem, gosto do amor que Jesus nos tem. É que se Ele tira a mão, se não nos sustenta, nós desaparecemos do mapa.”
As exéquias do nosso Irmão José Meijinhos decorrem hoje, Domingo de Pentescostes, na Igreja do Colégio de S. João de Brito, em Lisboa, a partir das 20 horas, com eucaristia às 20h30. Na segunda-feira, de manhã, partirá pelas 11 horas para Cernache (Coimbra), onde haverá velório a partir da 13h30 e missa de corpo presente às 15h00, a que se seguirá o funeral.
O Ir. José Meijinhos nasceu na Póvoa de Juvandes, na freguesia de Arneirós, concelho de Lamego, no dia 20 de setembro de 1931 e entrou na Companhia de Jesus no dia 10 de outubro de 1948, apenas com 17 anos, no convento de Santa Marinha da Costa, Guimarães. Terminados os dois anos de noviciado e feitos os primeiros votos, no dia 11 de outubro de 1950, continuou na Costa como ajudante do sapateiro.

Em 1951 acompanhou a mudança da casa de formação, da Costa, para Soutelo, Vila Verde, e, em 1953, foi para a comunidade da Faculdade de Filosofia, Braga, exercendo os ofícios de sapateiro e eletricista. Em 1961 voltou para Soutelo, para fazer a terceira provação e permaneceu lá, como sapateiro. Fez os últimos votos no dia 15 de agosto de 1962, na mesma comunidade. Em 1964 foi enviado para Lisboa para casa Provincial, na residência da Lapa, como porteiro, refeitoreiro e roupeiro.
Um ano depois saiu de Portugal e foi destinado à Missão da Zambézia, Moçambique, começando por residir na residência universitária, em Lourenço Marques, encarregado de dirigir todos os serviços domésticos. Entre 1966 e 1970 esteve na residência de Nossa Senhora de Fátima, na Beira, como comprador e prefeito dos empregados, mas dedicou-se, também, com muito zelo, à catequese na paróquia. Em 1970 foi para o seminário diocesano do Zóbue, orientado pelos jesuítas, e exercia os ofícios de despenseiro, refeitoreiro e prefeito dos empregados. Por estes anos a região do Zóbue era palco de ataques da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), sobretudo armando emboscadas à coluna militar que circulava na estrada que liga o Zóbue a Tete. Numa viagem que fez a Tete, conduzindo a carrinha do seminário, foi alvejado por um projétil que o levou ao internamento no hospital.
Em 1974 mudou para a paróquia de S. João Baptista de Moatize para onde se deslocaram parte dos alunos do seminário e em 1975 foi para a Beira, para a residência de Matacuane, assegurando todos os trabalhos domésticos.
Dois anos mais tarde, regressou à Província, em Portugal, e foi destinado a colaborar na casa do noviciado, em Coimbra, como ministro, ecónomo. Foi secretário do Centro Universitário Manuel da Nóbrega (CUMN) e administrador da casa de Nossa Senhora do Loreto a partir de 1983. Em 2000 o noviciado passou, temporariamente, para a casa de Nossa Senhora do Loreto e o Ir. Zé continuou com os mesmos ofícios na comunidade e era o encarregado da quinta.
Em 2007 o noviciado foi provisoriamente instalado na casa de retiros de S. José, em Cernache (Coimbra) e o Ir. Zé continuou a ser ministro e administrador local, deslocando-se todos os dias ao Loreto para trabalhos na quinta. Neste ano foi nomeado, também, consultor da casa. Em 2008 deixou de ser ministro e administrador local, continuando, ainda, como consultor.
Em 2020 o noviciado voltou para o Loreto e o Ir. Zé continuou como quinteiro. Mas dois anos depois, devido a limitações de saúde, foi para a enfermaria da região sul no Colégio de S. João de Brito, em Lisboa, e rezava pela Igreja, pela Companhia e pelo Mundo.
Depois de duas semanas internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com uma infeção respiratória, faleceu ontem ao início da tarde, manifestando sempre uma aceitação resignada, fruto do homem de fé que sempre foi.
