Mais de 90 organizações e personalidades da sociedade portuguesa, entre as quais a Fundação Gonçalo da Silveira (FGS), subscreveram o Manifesto por uma Recuperação Económica Justa e Sustentável em Portugal, uma tomada de posição tornada pública ontem sobre a necessidade de se promover uma recuperação económica que coloque no centro das preocupações uma sociedade mais justa, mais eficiente no consumo de recursos e mais resiliente. Este documento defende que as medidas económicas a tomar neste período que se avizinha devem ser justas e sustentáveis e baseadas no Pacto Ecológico Europeu (PEE), no Acordo de Paris, nos objetivos de proteção da biodiversidade e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), com vista a uma sociedade e economia mais resilientes e inclusivas no futuro.
Os signatários acreditam que o compromisso com uma recuperação económica justa e sustentável deve ser assumido por todos os setores da sociedade portuguesa, por isso subscreveram o Manifesto 27 associações não-governamentais de ambiente, sociais, agrícolas, florestais, de desenvolvimento, e cooperativas, entre as quais a ANP|WWF, o FAPAS, o GEOTA, a LPN, a SPEA, a Zero, a Amnistia Internacional, a Agrobio, a Coopérnico, a ANSUB, a Ocean Alive e a ADPM; 18 empresas, como a GoParity, o Impact Hub Lisboa, a NeptunPearl e a marca GreenFest; 2 associações empresariais, a BCSD e a Blue Bio Alliance; 1 Centro de Investigação, o CEABN; 46 figuras de destaque na sociedade portuguesa, entre as quais Filipe Duarte Santos, Luisa Schmidt, Viriato Soromenho Marques, Francisco Castro Rego, Sofia Santos, Jorge Pulido Valente e Filipa Saldanha, entre outros académicos, economistas, cientistas e figuras públicas como o músico Miguel Guedes, o desportista Francisco Lufinha e o artista Miguel Martins. Juntos, dão a voz e a cara por um modelo de recuperação baseado em princípios sociais e de sustentabilidade, que assegurem uma economia climaticamente neutra, que protege e restaura a natureza, a saúde e o bem-estar das pessoas, sem deixar ninguém para trás.
Para os subscritores ‘não se trata de criar uma nova economia do zero’. Trata-se de afirmar inequivocamente que uma economia justa e sustentável é o único caminho para a recuperação da economia portuguesa, onde ‘o investimento público deve estar claramente balizado, e não deverá ser aplicado de forma indiscriminada a todos os setores: nem todos os setores de atividade estão aptos a recuperar deste choque, nem todos os setores são atividades económicas de futuro, e nem todos respondem a necessidades societais presentes e futuras. Em contraste, o setor dos bens e serviços ambientais, crítico para uma recuperação justa e sustentável, registava em Portugal em 2017 taxas de crescimento superiores às da economia nacional no emprego (3,7%, que compara com 3,4%) e nas exportações (20,0%, face ao aumento de 11,6% do total das exportações). Em toda a Europa, entre 2000 e 2015, a taxa de crescimento dos empregos verdes foi sete vezes maior do que a verificada nos outros sectores da economia”.
O manifesto pode ser lido aqui.