Papa Francisco
17.12.1936 – 21.04.2025
Biografia
O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio a 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, foi o primeiro Papa jesuíta e o primeiro proveniente da América Latina. Foi eleito Papa a 13 de março de 2013, sucedendo a Bento XVI, e adotou o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, símbolo de humildade e cuidado com os pobres e a criação. Antes de chegar ao Vaticano, foi Arcebispo de Buenos Aires, conhecido pela simplicidade de vida e proximidade com os mais desfavorecidos.
O seu pontificado foi marcado por uma forte ênfase na misericórdia, no diálogo inter-religioso e na justiça social. Francisco procurou reformar a Igreja, combater os abusos e torná-la mais sinodal, ou seja, mais participativa. Foi uma voz ativa em questões como as alterações climáticas, a migração e a paz mundial.
O legado do Papa Francisco foi profundamente marcado pelo impulso missionário e pela renovação do modo como a Igreja se relaciona com o mundo. Com 47 viagens apostólicas, muitas fora do centro tradicional da Europa — como a visita à Mongólia em 2023, onde encontrou apenas 23 mil católicos num país de 35 milhões de habitantes — Francisco mostrou que o Evangelho deve chegar às periferias, tanto geográficas como existenciais.
Ao valorizar a pequenez, recordou que Deus realiza grandes obras a partir do que é pequeno e humilde. Neste horizonte, a sinodalidade tornou-se o caminho central do seu pontificado: um processo que propõe uma Igreja mais participativa, atenta ao discernimento comunitário e aberta à escuta do Espírito Santo.

Num mundo marcado pela polarização, Francisco deixou à Igreja uma verdadeira escola de comunhão, onde todos são chamados a caminhar juntos, com paciência, humildade e esperança.
A sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.
Morreu no dia 21 de abril, segunda-feira de Páscoa, aos 88 anos, na sua residência, a Domus Sanctae Marthae, no Vaticano.
ESPECIAL – COMUNICADO DA PPCJ
“Obrigado, Papa Francisco”
Unidos a todos aqueles que colaboram na mesma missão, damos graças a Deus pelo serviço do Papa Francisco à Igreja e ao mundo, que hoje ganha uma dimensão nova, intercedendo no Céu por todos, todos, todos.
FOTOGALERIA – ENCONTRO DOS JESUÍTAS PORTUGUESES COM O PAPA FRANCISCO
Papa Francisco em conversa com jesuítas em Portugal
Encontro do Papa Francisco com os jesuítas portugueses aconteceu no dia 5 de agosto, à margem da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.
VÍDEO – HOMENAGEM AO PAPA FRANCISCO
Obrigado, Papa Francisco!
Com a morte de um Papa, o mundo inteiro pára. Mas quando esse Papa é Francisco, aquele que nos ensinou a “sair”, a não parar, a caminhar com os olhos postos em Jesus e os pés sujos da estrada, o coração hesita entre o luto e a gratidão. Choramos, sim. Mas, sobretudo, damos graças. Pela vida, pelo testemunho, pela ousadia. Eis o nosso humilde tributo, usando somente as suas palavras, para que continuem a ecoar além do seu pontificado. O amor permanece porque a caridade nunca terá fim. .
P. Carlos Carneiro sj
A “Paixão” de Francisco (I)
12 anos depois, o Papa Francisco parece estar disponível para tudo, para continuar connosco ou para partir. Francisco ama a terra e ama o céu, ama o tempo e a eternidade, acolhe cada um e abriga-se no Sagrado Coração de Cristo.
Cronologia
Os jesuítas portugueses em Roma
2ª feira: Missa em sufrágio em S. João de Latrão presida pelo Cardeal Vigário
No dia da morte de Francisco, a Diocese de Roma celebrou uma missa em S. João de Latrão, em sufrágio do seu bispo. Com a presença de muitos padres da Diocese de Roma, foi presidida pelo Cardeal Vigário Baldassare Reina, que estava visivelmente emocionado. Ao mesmo tempo que se celebrava esta eucaristia, onde estivemos presentes com um grupo de jesuítas da comunidade de San Saba, acontecia em S. Pedro a oração do terço, mostrando assim estes dois lados da missão do Papa: bispo de Roma e, por isso, pastor de toda a Igreja.
Vasco Lucas Pires SJ
3ª feira: Ordenações diaconais na Chiesa del Gesù presididas por D. Antuan Ilgit SJ
Soube da notícia da morte do Papa ainda em San Saba poucos minutos antes de começar o ensaio dos acólitos para a ordenação dos nossos companheiros diáconos do Gesú. Foi uma viagem de bicicleta por Roma diferente das outras: mais nostálgica e desamparada. Quando cheguei ao ensaio, o bispo ordenante (companheiro de tantos dos nossos portugueses na formação) tinha acabado de sair do ensaio, em choque com a notícia: nessa tarde tinha um encontro marcado com o Papa Francisco. Coube-me em sorte levar a mitra deste nosso companheiro, sucessor de mártires cristãos na Turquia. Por causa dessa função, pude privar, no dia seguinte e já na sacristia, com o P. Geral nos minutos que antecederam aquela ordenação vivida num ambiente insólito. Agradeci-lhe a carta que escreveu a toda a Companhia em que falava da “dor pela partida do nosso querido irmão desta mínima Companhia de Jesus, Jorge Mario Bergoglio”, e que me ajudou a viver melhor estes dias. A resposta revelou a dureza de alguém que acompanhou o processo de vestir e depositar no caixão do corpo do, até então, único Pontífice do seu generalato, de um Pastor próximo no qual a Companhia depositou a sua disponibilidade e do qual recebeu a missão. A liturgia, mais sóbria tanto quanto possível dentro do estilo romano, contou com uma longa e comovida introdução lida pelo jesuíta turco, que foi chamado pelo Papa Francisco “para ser bispo da terra onde nasceu”.
Vicente Goes, sj
4ª feira: Procissão fúnebre desde a Capela de Santa Marta
Na quarta-feira de manhã, o corpo do Papa Francisco foi transladado da capela de S. Marta para a Basílica de S. Pedro, onde, depois da cerimónia presidida pelo Cardeal O’Farrell, permaneceu. Nos dias seguintes, milhares de fiéis passaram para despedir-se do Papa. A curta procissão de transladação do corpo foi, para mim, especialmente emocionante. Agradeço ao Bom Deus ter-me permitido despedir-me do Papa presencialmente (e de tão perto).
Não esperava que me emocionasse tanto, mas a simplicidade, o silêncio na Praça e, depois, a salva de palmas recordaram-me como o Papa foi para tantos, como para mim, um rosto do Deus que nunca se cansa de perdoar.
Essa gratidão viu-se, depois, na grande quantidade de pessoas que ficaram na fila para entrar na Basílica, onde o Papa Francisco era velado. Durante três dias, milhares passaram a despedir-se de Francisco. Vi «pessoas […] em tanta diversidade, assim em trajes como em gestos» [EE 106]. Falando com alguns que encontrei, percebi que vinham de todas as partes do mundo e pelas mais diversas razões. Alguns já tinham férias marcadas, outros vieram ao Jubileu dos Adolescentes; houve quem tenha vindo de propósito e quem vivesse em Roma; quem tenha vindo despedir-se do seu Papa e quem, não sendo crente, tenha querido agradecer o homem que foi Francisco.
Vasco Lucas Pires SJ
4ª - 6ª feira: Velório na Basílica de São Pedro
Experimentei a sensação interior de que Francisco, da mínima Companhia de Jesus e Papa, não tinha morrido, mas apenas mudado de residência, do Vaticano para a Pátria celeste. Edificou-me encontrar, na multidão que se movimentava como um rio para chegar à foz do corpo do Papa Francisco, rostos comovidos, com lágrimas e orações. Mais que um sumo pontífice que partia para a eternidade de Deus, constatava a experiência, em mim e em tantas pessoas, de um pai apostólico que nos deixava órfãos, mas acompanhados. Pressinto a sua atual, tão intensa quanto repousante, atividade de intercessão para que os irmãos Cardeais elejam um Papa como Deus manda.
P. Manuel Morujão, sj
4ª - 6ª feira: Velório na Basílica de São Pedro
Na basílica de S. Pedro, enquanto rezava e observava a fila compacta dos fiéis que se despediam do papa Francisco, vinham-me à memória as palavras já publicadas no sítio web de “La Civiltà Cattolica”: “A Igreja sente-se órfã e, ao mesmo tempo, grata. Grata por tantos gestos e palavras que não nos deixaram indiferentes, que nos desinstalaram e nos encorajaram a sermos cristãos coerentes”. Agora, como família que se fortalece na oração, olhamos para o futuro com esperança. Sabemos que Cristo Ressuscitado está presente na barca da Igreja e que a guia através da ação do seu Espírito.
P. Nuno da Silva Gonçalves, sj
5ª feira: Missa em sufrágio na Chiesa del Gesù com o P. Geral
A missa que celebramos todos juntos com o Geral da Companhia de Jesus foi uma bela ocasião de nos despedirmos do nosso companheiro Jorge Mario Bergoglio. Na quinta-feira passada, dia 24 de abril, pelas 19 horas, uma multidão imensa de jesuítas do mundo inteiro e de leigos de espiritualidade inaciana reuniu-se na Igreja do Gesù para celebrar uma missa em sufrágio pelo Papa Francisco. Foi uma celebração quase “familiar”, que assumiu o tom de uma ação de graças pela vida deste nosso companheiro que foi chamado a servir a Igreja como bispo de Roma. A evidente comoção do Padre Geral e o desejo de tantos de estar presentes e recolher-se em oração confirmou a feliz impressão de que a Companhia nunca deixou de sentir o Papa Francisco como “um dos seus” e como um companheiro em missão. “Expropriado por utilidade pública”, como diria o P. José Craveiro da Silva, Jorge Mario Bergoglio seguiu o Cristo pobre e humilde como e onde a Igreja, Mãe e Mestra, decidiu e escolheu, cumprindo à letra e no espírito a visão do peregrino de Loiola para os que são recebidos sob o estandarte da cruz nesta mínima Companhia.
P. Francisco Martins, sj
24 de abril, participei na Missa de Ação de Graças (e de Sufrágio)
No passado dia 24 de abril, participei na Missa de Ação de Graças (e de Sufrágio) presidida pelo Padre Geral, na Chiesa del Gesù. Tocou-me em particular o facto de o Padre Geral ter estruturado a sua Homilia em (parcial) simetria com os Exercícios Espirituais de Santo Inácio, com particular atenção à Primeira e à Segunda Semana. Naturalmente, fiquei à espera dos dois momentos seguintes, em especial de uma meditação sobre o facto de o Papa Francisco ter recebido a Graça de morrer em «Dia» de Páscoa, de resto tal como aconteceu com um outro, não menos «revolucionário» e notável Jesuíta dos tempos modernos, o Padre Pierre Teilhard de Chardin, em 1955. Mas se apreciei o gesto do Padre Geral foi sobretudo pelo facto de estar pessoalmente convencido de duas coisas em particular: o Papa Francisco foi desde muito cedo um Jesuíta formado, e integrado, na radicalidade dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, radicalidade essa que o fez passar da sua «noite escura» vivida ao longo de anos em Córdoba, na Argentina, a Bispo de Buenos Aires e, depois, cardeal e, enfim, no dia 13 de março de 2013 – de resto em modalidade que para mim (tendo eu recebido em plena Buenos Aires no início de 2001 a notícia do seu cardinalato) foi de absoluta surpresa e, na verdade, de angustiada perplexidade – a Bispo de Roma e, em concomitância, a Sumo Pontífice da Igreja universal. Em segundo lugar, porque estou convencido que o estilo pastoral, e de liderança, do Papa Francisco permanece inseparável da sua vivência, como jesuíta, do terceiro grau de humildade, experiência essa que, a meu ver, o transformou no homem de Deus e impressionante servidor da Igreja universal que ontem levamos a sepultar na Basílica de Santa Maria Maior, uma das igrejas-mães da Companhia de Jesus aqui na Cidade Eterna. E se até há dias ele insistentemente nos pedia orações por ele e pelo seu ministério, agora somos nós quem temos a possibilidade de lhe implorar a assistência e ajuda sobrenatural que só pode dar quem eternamente comunga, ou partilha, a Vida Nova que é a do Senhor Ressuscitado.
P. João Vila-Chã, sj
Sábado: Funeral em São Pedro e sepultura em Santa Maria Maior
Estávamos a meio do retiro de renovação dos votos, interrompido para podermos participar no funeral do Papa. Saímos de casa às 5 da manhã, para assim garantir lugar na praça de São Pedro.
Eu e o Vasco tivemos a graça de encontrar um grupo de postulantes das Irmãs da Caridade, entre as quais a Madalena, uma antiga aluna do Colégio São João de Brito, com quem passamos, em conversa e oração, aquelas longas horas antes da Missa. As mais de 200.000 pessoas que encheram a praça e a Via della Conciliazione não se deixaram abalar pelo calor e não se coibiram de demonstrar afeto pelo seu pastor. Destaco como particularmente emocionante a reação do povo santo de Deus à conclusão inflamada da homilia do Cardeal Re: “O Papa Francisco costumava concluir os seus discursos e encontros dizendo: “Não vos esqueçais de rezar por mim”.
Querido Papa Francisco, agora pedimos-Vos que rezeis por nós e que, do céu, abençoeis a Igreja, abençoeis Roma, abençoeis o mundo inteiro, (…) mas também a humanidade que procura a verdade de coração sincero e segura bem alto a chama da esperança.” A esperança era, na verdade, a virtude que reinava nos corações dos fiéis daquela Praça, no coração do ano jubilar e no culminar deste longo dia de Páscoa. Tudo isto vivido não sem lágrimas e sentimento enorme de perda, como se sentiu no momento em que o caixão foi elevado na direção do povo, como sinal da última saudação do pastor que confirmou na Fé tantas gerações.
O primeiro “peregrino da esperança” protagonizou a sua última viagem apostólica até Santa Maria Maior, cruzando uma cidade que parou para finalmente se despedir do seu Bispo. Sepultado entre dois confessionários, próprio de quem mostrou com a vida em que medida a misericórdia é o coração do Evangelho, jaz num altar despojado, onde sobressai a sua cruz peitoral e o nome que simboliza o modo como, também “no modo de morrer, nos mostrou como viver”: em pobreza e humildade, à imagem do Bom e Belo Pastor, a quem entregou a vida, na Companhia, e a quem serviu até à morte, como Papa.
Continuamos unidos em oração, dando graças por este bom pastor – pobre e humilde -, cujo pontificado desinstalou a Igreja e o mundo e que agora e por toda a eternidade se associa jubilosamente ao ofício de consolar do Ressuscitado.
Vicente Goes, sj
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A análise dos jesuítas nos media
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