A Índia vive atualmente uma grave situação humanitária devido à pandemia da Covid-19. Por isso, a nossa primeira palavra é para expressar solidariedade com todos os que sofrem as suas consequências, bem como para os que procuram responder a esta terrível realidade.
Ao mesmo tempo, continuamos a acompanhar com preocupação a situação do jesuíta indiano P. Stan Swamy, que foi preso a 8 de outubro sob custódia da autoridade antiterrorista da Índia, a National Investigation Agency (NIA), por alegadas ligações maoístas. O jesuíta de 83 anos, que luta há décadas pelos direitos dos mais frágeis na Índia, diz-se totalmente inocente dessas acusações.
O P. Stan Swamy encontra-se numa situação muito delicada: sofre de Parkinson e apresenta atualmente um estado de saúde de enorme debilidade. Desde que foi preso tem sido difícil assegurar-lhe as condições mínimas de dignidade: foi forçado a dormir no chão durante vários dias e, só depois de vários protestos que se prolongaram por mais de um mês, lhe foi fornecido um copo com palhinha, utensílio de que necessita para conseguir beber água autonomamente.
Ao longo de 50 anos, o sacerdote jesuíta tem trabalhado incansavelmente em favor de grupos de marginalizados, nomeadamente contra as expropriações injustas que têm atingido a comunidade Adivasis, povo indígena do Estado de Jharkhand. O jesuíta indiano considera que o Estado o persegue devido à sua dissidência no que respeita a várias políticas do governo e à sua luta em favor dos direitos desta comunidade concreta.
O P. Stan tem vindo a documentar o abuso de poder contra os jovens indígenas, falsamente acusados por defenderem os seus direitos. O jesuíta apresentou em Tribunal uma ação pública contra o estado de Jharkhand em nome de 3000 indígenas presos e foi o último de entre 16 ativistas a ser detido. Entre esses ativistas encontram-se os conhecidos advogados defensores dos direitos humanos Arun Ferreira e Sudha Bharadwaj e os escritores Vernon Gonsalvez e Varavara Rao.
Estamos conscientes de que esta não é uma situação isolada no contexto indiano e por isso mesmo a Companhia de Jesus estará representada na vigília que decorrerá esta noite no Porto promovida pela Amnistia Internacional. O encontro terá lugar junto ao Palácio de Cristal pelas 21h. A Companhia de Jesus estará representada pelo P. José Maria Brito, diretor de comunicação dos Jesuítas em Portugal e que tem acompanhado de perto a evolução da situação do P. Stan Swamy.
A ação decorre num momento-chave da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, e a dois dias da realização de uma reunião que vai juntar líderes europeus e indianos, na qual o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, participará apenas remotamente.
É a oportunidade ideal para agir e incentivar os líderes europeus a renovarem o seu compromisso em defesa dos direitos humanos.