A ONU estima que haja cerca de 244 milhões de migrantes no mundo. Isso significa que a população de migrantes actual é maior que a população total do Brasil, que é o quinto país mais populoso do mundo. Ora, fruto desses movimentos, populações que raramente se encontravam partilham hoje o mesmo espaço político e social; estrangeiros uns aos outros, encontram-se hoje nos mesmos territórios, são vizinhos.
Pensar esta nova realidade, que é a nossa, implica ser capaz de dar um passo atrás e ouvir diferentes pontos de vista, antigos e novos, em busca de um olhar sobre a realidade do tempo presente que não ceda à violência mas que prometa um futuro. Por isso a Brotéria e o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS-Portugal) programaram um conjunto de actividades sob o mote “Imigração e Emigração: a Hospitalidade em questão” com as quais pretendem reunir pontos de vista diversos sobre esta questão e assim estimular diálogos sérios que contribuam para a reflexão sobre este assunto na esfera da sociedade civil.
O primeiro evento é um ciclo de conversas na Paróquia da Encarnação, no Chiado. Com este evento, pretende-se fomentar conversas entre a Bíblia e a doutrina social católica no século XXI à volta das prescrições religiosas sobre o acolhimento reservado ao estrangeiro. Assim, desenham-se três diálogos entre três biblista e três católicos socialmente activos, partindo em cada sessão de um texto bíblico diferente. A unidade do ciclo será assegurada por um teólogo, o P. Vasco Pinto de Magalhães SJ, que proporá uma síntese no final de cada uma das três sessões.
O segundo evento – e o evento principal – tem o título “Hospitalidade: precisa-se?” e terá lugar a 9 de Março. O dia terá duas partes complementares, com uma manhã mais institucional e uma tarde num registo mais pessoal. Uma vez que nessa altura estaremos em pleno build-up para as eleições europeias, de manhã olharemos para a hospitalidade sob um prisma político e social, com a ajuda de convidados politicamente ativos ou socialmente empenhados. De tarde, ouviremos pessoas concretas, migrantes (emigrantes e imigrantes) que falarão das suas experiências de hospitalidade e de falta dela. Durante este evento, estará aberta ao público uma exposição de fotografias de Ouwais Sadek, sírio de 27 anos chegado em fevereiro a Portugal. O dia terminará com um concerto.