O minicampo do Norte, mais do que divertido, foi algo necessário tanto para animadores como animados, podendo-se até dizer que foram uns 5 dias terapêuticos.
Com a quarentena as nossas interações socias tornaram-se muito fracas e até os mais novos parece que se esqueceram de como se brinca. Então, com esse foco, este campo foi muito valioso porque, mais do que amizades e aventuras, eles reaprenderam a socializar e a brincar.
Contudo e felizmente, não foi apenas isso. Nestes 5 dias, Deus esteve presente de uma maneira fantástica quando a decisão de separar os momentos de oração em dois “escalões” – os mais velhos (14-17) e os mais novos (8-13) – deu liberdade a descobertas e partilhas que alguns de nós não estariam à espera de ouvir vindas de miúdos tão novos. Foram partilhas e momentos assim que nos mostraram que hoje em dia estes miúdos já têm uma certa maturidade que não estaríamos muito à espera. Ao mesmo tempo, vemos também que são tão loucos da cabeça quanto são maturos pois, quando chega a hora de ir para a roda lançar um aplauso ou jogar, eles participam como doidos e jogam, cantam, saltam e acabam com um sorriso que não dá para medir nem para olhar sem sorrir também. E essa é uma das partes mais gratificantes de ser animador, podemos estar estafados com apenas um punhado de horas de sono e a cabeça a mil, com barulho e músicas cantadas a plenos pulmões, contudo, quando vemos um sorriso assim ou um miúdo vem ter connosco e nos agradece pelo jogo e pede “só mais um”, isso faz com que tudo valha a pena. Foram pequenos momentos assim que me marcaram no meu primeiro minicampo como animador, a visão de inúmeros campos como animado mudou completamente após ver o outro lado, depois de 5 dias finalmente percebi o porquê de escolher os Gambozinos, o porquê de escolher ser animador. Os pequenos momentos foram os mais importantes e acho que isso marca tanto animados como animadores: uma conversa na roda, um comentário durante um jogo, um aplauso lançado, um momento alternativo ou talvez o “Boa Noite” cantado com mais força que eu já vi em 12 anos de Gambozinos.
Para não esquecer, foi também o Domingo de Ramos e a Via Sacra, dois momentos em que Deus se fez sentir, desde o empenho e dedicação que os Gambozinos mostraram a preparar espaços para a missa ou a ensaiar as estações da Via Sacra, até à própria Via Sacra e a missa celebrada pelo nosso querido Missé que acho que deixou nos a todos a ver o Domingo de Ramos de uma maneira com mais amor e alegria, a que Jesus tinha por nós.
Na última noite, um arraial do Norte foi preparado por equipas de animados e animadores que em poucas horas montaram uma festa que me lembrou as noites de arraial na aldeia. O orgulho com que os mais novos mostraram as suas bancas ou os sketches que prepararam, com as piadas que inventaram, mostraram que até os mais reservados estavam numa alegria demasiado grande para conter, e isso mostrou-se quando as luzes apagaram e o espetáculo de luzes feito pelos animadores começou. O que era para ser uma dança com “glow sticks” acabou por parecer um “concerto néon” em que toda a gente cantava o hino do minicampo enquanto abanava as luzes e saltava de um lado para o outro. Enquanto todos esperávamos o cansaço, os gambozinos mostraram o contrário e em uma só voz cantavam com toda a energia que tinha e provaram a todos que os gambozinos são mesmo “locos de la cabeça”.
E foi assim que, desde Gamboligas agitadas a histórias partilhadas, o minicampo do norte de 2022 se tornou um momento para guardar no coração.
João Macieira