Caçar gambozinos

Caçar gambozinos

Sempre que falo a alguém sobre os Gambozinos recebo a típica resposta: ”Então tu ainda andas à caça de gambozinos?”. E não é isto que nós somos? Gambozinos à caça de mais Gambozinos?
Caçar Gambozinos até parece fácil num acampamento onde temos camisolas a condizer e zero preocupações a chegar-nos do mundo exterior. Mas quando se trata dum dia de aulas cansativo, de um dia em que estou chateado, ou de uma semana de férias em que só quero estar em casa sem fazer nada, esqueço-me desta pequena tarefa que todos os Gambozinos têm: caçar outros Gambozinos. A pior parte disto: não basta andar por aí “à pesca” de Gambozinos, pois, afinal de contas, todos somos Gambozinos. Caçar um Gambozino é conhecer alguém, mostrar-lhe a alegria de ser Gambozino, partilhar com essa pessoa a grandeza do amor d’O Gambozino e procurar nesse alguém esse amor tão grande e contagiante. Só de pensar nisto, não chegam os dedos das mãos (nem dos pés!) para contar os Gambozinos que se têm cruzado (e continuam a cruzar) por mim ao longo da minha vida, pela sua alegria, a sua vivência, bondade, simpatia, compaixão, tantas qualidades que atribuiria a um Gambozino.
Tenho-me estado a esforçar para caçar Gambozinos, mas, honestamente, têm sido mais os Gambozinos que me “caçam a mim”. Continuo a procurá-los na minha vida, “caçar” e “ser caçado”, “amar” e “ser amado”, tanto os que são Gambozinos e o são mesmo, como os que o são sem o serem. Afinal de contas, é isto que é ser Gambozino.

Zé Luciano

Gambozinos camuflados

Gambozinos camuflados

Quem disse que os gambozinos não existem, além de não conhecer a nossa bonita associação, não sabe que ser Gambozino é um modo de vida. Porque os gambozinos estão muito além dos nossos campos e mini-campos, das atividades que fazemos ao longo do ano, dos bons encontros de amigos e das relações especiais que aqui crescem. Há gambozinos espalhados pelo mundo que nem sabem que o são. Se calhar, há por aí gambozinos mais gambozinos do que nós que aqui andamos. São gambozinos anónimos ou gambozinos camuflados.

É gambozino e não sabe aquele que procura construir pontes em vez de muros, que procura reconciliar em vez de virar costas.

É gambozino e não sabe aquele que não tem medo de partilhar com os outros os seus talentos. Não espera palmas: sabe que o que interessa é servir com o que tem e o que é.

É gambozino e não sabe aquele que não tem medo de dizer bem, de elogiar alguém quando é justo fazê-lo.

É gambozino e não sabe aquele que vive agradecido, em vez de reivindicar o que ainda não tem.

É gambozino e não sabe aquele que reconhece, em cada pessoa, uma história e uma missão únicas.

É gambozino e não sabe aquele que não tem medo de discutir um assunto com quem pensa de maneira diferente – sabe que o encontro que faz crescer é mais importante do que “ter razão” ou ter a última palavra.

É gambozino e não sabe aquele que está mais disposto a pedir desculpa do que a justificar-se.

É gambozino e não sabe aquele que está mais disposto a perdoar do que a julgar.

É gambozino e não sabe aquele que cuida da Criação com respeito, ainda que nem conheça o Criador.

É gambozino e não sabe aquele que ama, mesmo sem se saber amado por Deus.

É gambozino e não sabe aquele que procura viver como Jesus, o verdadeiro Gambozino.

Ser gambozino é um caminho para a vida inteira e uma missão universal, à qual todos são chamados!

Se fazes parte dos Gambozinos, procura ser cada vez mais fiel à tua identidade e ter um olhar atento para reconhecer os gambozinos camuflados.

Se és gambozino e só agora descobriste, fica a saber também que nos alegramos que faças parte da nossa família!

Mariana Viana Baptista

Ser Gambozino

Ser Gambozino

Gambozino,

Ser Gambozino é mesmo bom! E não te digo isto da boca para fora, como quem tem grandes convicções e não reflete sobre elas por uma só vez. Digo-to com toda a certeza! É mesmo bom! E não é difícil ver o porquê. Aquele sentimento forte que os campos trazem e que nos enche de alegria, o aprender a servir e o querer servir, as amizades, os BDS’s… Não podia pedir melhor!

Mas não é fácil, também. Ser gambozino pode ser mais tramado do que aparenta. Isto porque toda a energia e alegria que temos depois de uma atividade ou campo é como uma flor e, se não a regarmos todos os dias, acabará por murchar. Por isso é que falamos disto sempre nos campos, e focamos na ideia de ter de levar o campo para a nossa casa. Mas, com o passar dos campos, percebi que mais do que levar o campo para casa, e para vida, é perceber o campo que já existe na vida, que lhe é inerente, e que nós, atarefados com as coisas dos dias, acabamos por não ver. Porque os gambozinos andam por aí, andam mesmo à solta!

Estão nos dias em que olhamos para a nossa caixa de memórias de campos e andamos cheios dessa vontade de ajudar, estão nas tardes de verão com primos e irmãos a cantar as músicas de campo que mais gostamos, estão também quando conhecemos pessoas novas, sabemos que fazem campos, e partilhamos memórias, porque o campo é outro mas o gambozino está lá! Estão nos nossos amigos gambozinos, e nos que não são gambozinos também, no seu sentido oficial, mas que vivem como tal. Estão nos nossos pais que, como só um bom gambozino sabe fazer, põe tanto ao serviço do outro…

Os gambozinos estão por aí. Andam por toda a parte! E nós devemos estar atentos e sê-lo também para assim viver dessa alegria que é a de ser gambozino.

Maria Dominguez

Quem é o meu próximo neste Advento?

Quem é o meu próximo neste Advento?

Quem é o meu próximo neste Advento? O meu próximo é todo aquele por quem me encho de compaixão ou por quem me devia encher de compaixão, embora muitas vezes falhe. O nosso próximo é também aquele que se enche de compaixão por mim e me cuida. Por vezes é difícil vermos quem é o nosso próximo. Tanto animados como animadores, andamos muitas vezes distraídos e atarefados com as nossas coisas. Para vermos o nosso próximo temos de ir educando o nosso olhar, estando atento aos que nos rodeiam.

E o Advento? O tempo de Advento é um tempo para nos recordarmos do povo Judeu, que durante muito tempo esteve à espera de Jesus. A ideia não o é relembrar só porque sim; recordamos a Sua vinda, mas também trabalhamos para prepararmos os nossos corações o melhor que conseguirmos para que Jesus possa nascer mais na nossa vida. Este tempo de Advento pode ser um bom tempo para fazermos propósitos, rezar mais, nos confessarmos e fazer tudo o que nos leva a estar mais bem preparados para o grande nascimento.

Assim, este Advento é o tempo ideal para educar o olhar a fim de conseguir perceber quem é o nosso próximo. É também tempo de rezar, aprendendo com Jesus a enchermo-nos de compaixão perante os outros.

 

Manuel Tovar

A relação que criamos

A relação que criamos

Imagina um mundo sem relações: sem teres alguém a quem dizer “bom dia!”, sem ninguém a quem agradecer o que te é dado, sem ninguém a quem ligar num dia mais difícil… Não consegues, pois não?

O nosso mundo está cheio de relações, algumas até invisíveis, e são elas que vão dando sentido aos nossos dias, à aventura que vamos vivendo aqui na terra, por onde estamos de passagem. A relação com a nossa família, com os nossos amigos, com as pessoas com quem estudamos ou trabalhamos, com os animadores e Gambozinos que acompanhamos, até com as pessoas por quem passamos na rua todos os dias. A grande questão é: como queremos cuidar destas relações?

Este mês os animadores foram desafiados a pensar no papel das relações que criamos, no modo como as vivemos e cuidamos, o impacto que têm na nossa vida e nas vidas daqueles com quem nos relacionamos. E são isso mesmo: relações que criamos, não que criámos. Tal como Deus nos cria (e não, apenas, criou), a cada segundo da nossa vida, nos molda e nos vai dando as graças necessárias aos passos que vamos ousando dar, também nós criamos as nossas relações, a cada segundo da nossa vida. Uma relação não começa e acaba no momento em que conhecemos a pessoa; uma relação exige cuidado e trabalho. Quem planta uma semente não a deixa no vaso sem nunca mais lá voltar; regressa e procura dar-lhe o que precisa para que comece a germinar e possa crescer e transformar-se naquilo para o qual foi e é criada. As nossas relações exigem o mesmo cuidado, exigem que as criemos, a cada segundo da nossa vida. E que exigente que isso é! Mas tão necessário. Tal como nos disse o Papa Francisco, “Uma fé que não sabe como enraizar-se na vida das pessoas permanece estéril. E, em vez de um oásis, cria mais desertos”.
Porque não é possível imaginar um mundo sem relações, somos chamados a criar as nossas, com tudo aquilo que isso implica, mesmo quando é preciso sacrificar algo nosso.

Uma relação que criamos tem tanto do outro como de nós, é essa a sua riqueza e magia!
Que este advento possa ser um tempo para criarmos as nossas relações de um modo especial.

Francisca Santos