4 Dez 2023 | Notícia
Vivemos na cultura do instante e da pressa, do fazer rápido, a despachar, no menor tempo possível.
A azáfama dos dias de hoje parece muitas vezes dificultar uma postura tranquila sobre esperar. Talvez seja por isso que este conceito – que parece nos ser sempre imposto – é sempre visto como negativo e quase inútil, apesar de poder não ser.
O Advento que agora começa, convida-nos a isso mesmo: a esperar a vinda de Jesus, que vem ao Mundo, pequeno, frágil e pobre. Não escolhendo nascer num grande palácio, ou com grandes posses, mas num simples estábulo. No entanto, a espera pelo Menino não começa poucos dias antes.
“Esperar é sempre um movimento que parte de algo que já existe, para algo mais que se afigura”.
O convite parte de algo que já existe anteriormente e que nos vai movendo interiormente. Ajuda pensar que com Jesus não são necessárias provas físicas ou certezas para que a Missão ganhe forma ou sentido. Uma vez que o convite é feito, é Jesus quem nos leva com moções interiores.
Quando olhamos para a vida de Maria, conseguimos ver que também Nossa Senhora foi convidada a esperar. Depois do Anjo Gabriel lhe ter anunciado a Missão que lhe tinha sido confiada por Deus e Maria ter dito o seu “SIM”, Jesus não nasceu de imediato, aparecendo nos seus braços. No entanto, Maria não ficou simplesmente sentada à espera. Em vez disso, levantou-se e partiu apressadamente até casa da sua prima Isabel.
Também nós à semelhança de Maria e tantas outras personagens bíblicas, somos convidados diariamente a esperar. A vivência da espera é que se revela determinante. Não escolhamos permanecer sentados a esperar as nossas grandes Alegrias, mas guardemos este tempo para esperar o Senhor e os Seus convites, continuando a viver o nosso dia-a-dia e tornando o Seu Amor concreto.
A diferença estará nisto mesmo: em querermos viver uma espera ativa, em vez de passiva: que se põe a caminho e vai ao encontro, procurando a mão do Senhor nos passos que vamos dando e deixando que Ele Se manifeste pela Sua vontade, não pela nossa.
Neste tempo que agora começa, somos convidados a redescobrir o valor da espera.
Maria Mendonça
4 Dez 2023 | Notícia
O sonho é esta palavra quase mágica que representa uma linguagem universal mas, na verdade, não há nada mais pessoal do que um sonho. Isto porque um sonho é mais que uma simples vontade ou desejo: um sonho é mais um caminho que um momento. Um sonho não é algo para agora ou para amanhã.
Este sonho, que para todos tem moldes e formas diferentes (podendo passar por palavras, imagens e ideias e que faz parte de cada um), nada tem de imediato – e não há problema.
O tempo não é um obstáculo ao sonho, não é “o que falta para lá chegar”, mas sim o que mais ajuda a encontrá-lo. Tal como num caminho, o sonho vem com o cansaço que é parte de todo o esforço e trabalho investido. Tal como numa estrada percorrida, o sonho vem com os seus atalhos, com os seus mistérios, com as mudanças de rumo, com os obstáculos (claro) e com os que caminham ao meu lado.
O sonho vem também com Deus, que me deu este tempo para construir o meu sonho com Ele. O tempo não é um embaraço, não é mais um entrave… É antes a oportunidade de ir observando tudo isto e de ir moldando o meu caminho para que o meu sonho se aproxime mais daquele que é o Nosso sonho, aquele que sonhei com Ele.
Nós não temos de construir um sonho sozinhos e a verdade é que nem sempre este caminho é como o idealizámos… Nem sempre sabemos o que procurar quando escolhemos sonhar em conjunto!
Estamos agora a chegar ao Natal e encontramos em Maria um exemplo de quem sonha em conjunto! Maria não pensou que o seu sonho fosse o de se tornar a Mãe do menino Jesus, este menino que veio para nos salvar, mas é isto que é sonhar em conjunto! É ter Deus comigo, a dar forma e tempo ao meu sonho, e a lembrar-me de que, como eu sonho com Ele, Ele também sonha comigo!
Inês Botelho
4 Dez 2023 | Notícia
De certeza que quem está a ler este texto já ouviu a palavra vocação e, se for alguém que já fez campos de férias, certamente que já teve um momento de campo em que o tema eram as vocações e “qual será a minha vocação?”. Não quero então alongar-me sobre o que se entende por vocação – para isso há quem saiba muito mais do que eu – e por isso deixo a interpretação do que é uma vocação para quem perceber verdadeiramente disso. Contudo, tenho de escrever este texto que toca no tema da vocação e, por isso, dos vários significados que se podem fazer desta palavra. Aquele que quero realçar é a vocação como um chamamento, no fundo uma vocação é algo a que nos sentimos chamados.
E então e os Gambozinos? Ao contrário do tema da vocação, sobre os Gambozinos (e peço desculpa se isto parece arrogante), já me sinto com mais capacidade para falar. Ao longo dos meus anos como animador, fui ouvindo uma série de formas de definir os Gambozinos. Somos uma associação que tem estatutos e tudo, somos um voluntariado, somos campos de férias, somos um sítio onde as pessoas se sentem em casa. Ora, todas estas coisas têm uma certa verdade e certamente que haverá muitas outras formas de descrever os Gambozinos, mas para mim – e depois de muitos anos a viver isto – os Gambozinos são uma missão. Esta missão pode ser vivida de várias formas e intensidades, tem é de ser vivida de coração cheio e com uma vontade enorme de servir.
Chegando a esta parte do texto, depois de olharmos um pouco para o que é uma vocação e para o que são os Gambozinos, temos de nos perguntar: “existe uma relação entre os dois?” Aqui vou direto ao ponto, existe sim! A missão dos Gambozinos é uma missão pela qual somos chamados e que, por isso, deve ser visto como uma vocação. Isto a mim sempre me ajudou pois ser animador dos Gambozinos não é fácil e é nos momentos de dúvida que nos devemos lembrar que podíamos estar noutro voluntariado, podíamos estar noutro movimento de campos férias, mas não estamos. Escolhemos estar nos Gambozinos e escolhemos isto porque nos sentimos chamados a servir nesta missão e porque olhamos para isto como uma vocação, tendo de ter coragem de assumir que é isto que Ele quer para nós.
Acredito verdadeiramente nisto, que os Gambozinos são uma vocação e quero servir esta missão durante toda a minha vida – com intensidades diferentes, claro – mas sei que continuo a ser chamado e que quero continuar a dizer que sim. Em tudo o que fazemos somos chamados, quer seja a estar na direção nacional ou a arrumar a sede, a ser diretor de um campo, ou a animar um dia de Natal. Não interessa o número de horas ou dias que estamos aqui, interessa que queremos estar porque sabemos que este sonho é maior do que nós.
Eu já sou animador de Gambozinos há quase sete anos e, mesmo que veja isto como uma vocação, admito que às vezes ainda questiono esta missão e se estamos a fazer alguma diferença. No entanto, é exatamente nestes momentos que nos devemos lembrar que o sonho dos Gambozinos não é para nós, não somos nós que vamos colher os frutos, nem somos nós que fazemos a verdadeira diferença. Os Gambozinos existem para Jesus e é por Ele que aceitamos este chamamento. E, enquanto damos o melhor de nós mas não vemos os frutos, só nos resta esperar e sonhar com o momento em que o sonho dos Gambozinos se realiza. E que bom que isto é.
Gonçalo Marques de Almeida
6 Nov 2023 | Notícia
Gambozinos: Amantes furiosos; Fiéis ao romance
Os Gambozinos são um grupo de super-heróis que acreditam que os problemas desta civilização terrivelmente equivocada podem ser resolvidos. Eles propõem-se a devolver o Reino aos homens, a encontrar os lugares de Deus no Mundo e a fazer deles morada de todos.
A sua brava dança acontece desta maneira:
Oferecer a todos a possibilidade de um desenvolvimento pessoal, espiritual e humano, através de uma experiência de relação e comunidade que destrói as muralhas sociais e ergue pontes entre margens separadas pelo preconceito, pelo medo, pela indiferença, pela ignorância, pelo mundo. É precisamente este o trabalho de engenharia que distingue os Gambozinos de outro grupo de cariz social.
Estas margens sociais dividem-se por bairros carenciados em Peniche, Braga e Pragal, e pela generalidade da classe média alta de Lisboa, Porto, Coimbra e o resto do País. O desafio assenta no crescimento, fundamentado na espiritualidade inaciana, destas crianças e adolescentes de tal maneira que os muros caiam e surjam possibilidades de relação. Como numa canção do Paulinho Moska, na qual a certa altura o Chico César canta “Todos somos filhos de Deus, só não falamos a mesma língua”.
Há uma intuição fundamental que o projeto é uma coisa assimétrica: o Gambozino é um híbrido, um mestiço, alguma coisa nova que surge da união de partes diferentes, muito diferentes: na cultura, nas raízes, na pronúncia, no desenvolvimento intelectual, na conta bancária, na educação, nos horizontes.
Os Gambozinos exigem, também, uma aliança entre os Animadores e o sonho – do trabalho anual com os núcleos regionais, à experiência privilegiada de relação que são os Campos de Férias no Verão.
É na recusa dos Gambozinos como apenas movimento de campos de férias que são abertas as janelas de uma ideia de família. Ao assumi-lo como uma opção de vida, dizemos que não ficamos satisfeitos com a recordação e queremos, exigimos de nós próprios uma entrega incondicional a esta missão. Cada um à sua maneira, tentando compreender os desafios e de que maneira pode servir o outro, de que maneira pode levar o outro ao lugar de Deus.
Parece-me que, de alguma maneira, como numa história, os Gambozinos têm, também, um princípio, um meio e um fim. E estes têm nome, têm figuras muito concretas que os representam.
O princípio traduz-se em Santo Inácio de Loyola: o Risco, a Visão, a Coragem – erguer a cruz como uma espada e levar por diante um sonho, aparentemente, impossível, conseguindo vislumbrar, para lá dos nevoeiros, uma possibilidade criativa e necessária de recuperar Deus para os seus filhos;
O meio é São Francisco Xavier: a Paixão, a Compreensão, a Conquista – tal como o Santo Padroeiro dos Gambozinos, também nós nos aventuramos no mar alto das relações humanas. Tal como ele, também nós temos necessidade de procurar a melhor maneira de levar por diante estes objetivos. No Japão, Xavier compreendeu que a melhor maneira de ser aceite na corte do Imperador seria mostrando alguma da avançada tecnologia europeia, uma apresentação formal e cuidada. Também nós vamos percebendo que a melhor maneira de conquistar as realidades mais distantes da nossa vivência passa por compreendê-las para as poder conquistar, e quem diz realidades diz o outro. Este talvez seja um dos grandes desafios dos Gambozinos, o apuramento da sensibilidade. Só assim é possível discernir qual o método para mostrar os lugares de Deus no Mundo a um núcleo, a três rapazes, a uma família, a um bairro, a uma rapariga…;
O fim é o Reino.
Manuel Barbosa de Matos,
Um desses amantes
6 Nov 2023 | Notícia
Os animadores dos gambozinos chegam de todos os lados, de todas as idades e de todas as realidades. Uns já trabalham, outros estão na faculdade, uns quase a reformarem-se disto que é animar, outros frescos, prontos para a sua primeira atividade. Aqui nada disso interessa, apenas o seu “sim”, basta. Mas rapidamente se percebe que nestas velocidades diferentes de movimentação do espírito, há que ter tempo para parar, recentrar e perceber em concreto, o que é isto que ando aqui a fazer e para que fui chamado. Este convite a fazermos parte dos gambozinos e, em concreto, de um núcleo, não só nos torna dignos de lá estarmos, pois foi Ele que nos escolheu e nos enviou, como também traz consigo a responsabilidade de estarmos inteiros e não só a ocupar mais uma tarde de sexta-feira.
Neste sentido, os núcleos fazem um serão de formação que se pode limitar a uma tarde ou estender por um fim de semana inteiro, conforme o mais indicado. Este mês, todos os núcleos tiveram o seu serão de formação. Neste, todos são chamados a estar, independentemente da quantidade de campos que já animaram, pois serve para reordenar os corações e também para ambientar os novos animadores. A cereja no topo do bolo é quando o serão termina no bairro, o que dá para alguns animadores matarem saudades dos gambozinos que já não vêm desde o verão e para outros conhecerem os gambozinos que vão animar e as suas famílias, que acabam por também fazer parte.
Sempre ouvi dizer que quem vai sozinho vai depressa, mas que quem vai acompanhado vai mais longe. E, nos gambozinos, temos ido muito longe.
Alice Burguete
6 Nov 2023 | Notícia
Os Gambozinos escolheram como linhas de força para nos guiarem ao longo do ano uma frase tirada do Evangelho de S. João (Jo 15,16): “Fui Eu que te escolhi e te enviei”. Esta frase é dita por Jesus no contexto da Última Ceia, quando estava prestes a entregar a Sua vida, no maior gesto de amor. É fácil de perceber que palavras ditas em tal contexto têm um peso enorme; no fundo, são a vida de Jesus condensada em palavras.
Neste texto – Jo 15,1-17 – Jesus começa por nos dizer para permanecermos n’Ele, como os ramos permanecem ligados à videira. Era muito bom que reconhecêssemos que somos escolhidos, cada um, e que Jesus quer que n’Ele encontremos vida e alegria.
Jesus, que nos escolhe, que Se antecipa, também nos envia, como somos, a sermos sinal do Seu amor e da Sua alegria. De uma forma muito concreta, envia-nos para que os Gambozinos sejam, neste mundo e na vida de cada um daqueles que servimos, sinal da verdade, da liberdade, da justiça, da alegria e da paz do Reino. Somos enviados para que os Gambozinos sejam sinal do Céu.
Jesus precisa dos Gambozinos e dos seus animadores para continuar a fazer maravilhas, para continuar a fazer milagres, daqueles milagres de todos os dias, tão habituais nos Gambozinos.
Por tudo isto, somos convidados a conhecer, a renovar ou a redescobrir a nossa missão nos Gambozinos, confiando neste Deus que Se antecipa, que nos escolhe e envia, que nunca nos deixa sós (como isto é tão verdadeiro nos Gambozinos!). Somos convidados a fazer frutificar as relações entre os ramos, entre animadores e animados, e destes com a videira, lugar da verdadeira vida e da verdadeira alegria.
Duarte Rosado, sj
9 Out 2023 | Notícia
Num campo somos chamados a servir, quase de uma forma contínua, e, por algum motivo (acho que todos sabemos bem qual é), todos os desafios e tarefas que vão aparecendo sabem sempre a oportunidade para estar melhor e mais inteiro.
Do muito que fui aprendendo e continuo a aprender dos Gambozinos, vai-me sempre sendo relembrado o bom que é poder estar, com leveza e liberdade, ao serviço. Não contabilizar o muito ou pouco que cada um dá e faz, mas treinar o olhar para ver o que cada um oferece de si com admiração e humildade.
De repente, com esta mudança de olhar, fazer um aplauso na roda ganha a mesma força e dimensão que construir uma jangada, consolar um gambozino mais triste ou cortar cebola para o jantar!
Depois deste verão, o convite é regressar a casa, às aulas e ao trabalho, com a Alegria que colecionámos!
Somos chamados a olhar a nossa To-Do List, não como uma coluna entediante e interminável de quadrados, à espera do check que nos dá 2 segundos de tranquilidade e satisfação, mas a olhar os nossos dias, cheios e atarefados, com a leveza de um campo de férias.
Somos chamados a encarar as tarefas rotineiras (e tantas vezes aborrecidas!) com a alegria que descobrimos em lavar a loiça no rio, enquanto conversamos com o gambozino ao nosso lado. A entregar a mesma atenção e resiliência que dedicamos à pessoa nova que conhecemos na roda, aos colegas de turma com quem estamos todos os dias.
Acima de tudo, depois de um verão como o que passou, torna-se quase impossível não regressar com o coração cheio e com vontade de viver os nossos dias de uma forma leve e verdadeiramente gambozínica! No final de contas, como se descobre ao fim de 10 dias de campo, só assim somos verdadeiramente felizes!
Marta Pereira
9 Out 2023 | Notícia
Todos temos aquela camisola que somos incapazes de deitar fora. Já a temos há anos, mas tem nas suas fibras tantas memórias, que deixou de ser apenas uma simples peça de roupa. Faz parte da nossa história, de quem somos, porque a vestimos durante uma parte tão grande da nossa vida, que guardou em si um pouco de cada lugar por onde passou.
Eu também tenho uma camisola destas, que as pessoas sabem que é a minha se ficar perdida no final de um jantar em cima de um sofá. Uma camisola que fala de mim e de quem sou. E também eu estou na luta de a querer continuar a vestir, todos os dias e para todo o lado. Mas já chegou àquele ponto em que se a minha mãe me visse sair de casa com ela não ia deixar passar indiferente.
– “Essa camisola já teve o seu tempo, não?” – diria a minha mãe.
Agora, estou diante do meu armário. Com respeito, tiro a Camisola do armário, pouso-a em cima da cama e contemplo-a. Sinto no corpo a sensação incomparável de um fresquinho quentinho de estar sentada na roda, com uma guitarra na mão, acabada de tomar banho no rio e ter-me vestido na tenda, entre gargalhadas e partilhas. Vêm-me à memória viagens a Peniche, a velocidades questionáveis e música aos altos berros, enquanto terminamos os últimos pormenores da atividade que está prestes a começar. Vejo, ao longe, dois amigos a conversar sobre a vocação e o que os ajuda a encontrar Deus no dia-a-dia. Oiço vozes de pessoas a descobrir os planos do próximo ano e a perceber como podemos servir, cada vez mais, a nossa missão.
Diante desta Camisola, e da história que traz consigo, só posso agradecer tanto bem vivido e recebido, tantas pessoas que, ainda hoje em dia, me fazem acreditar que somos chamados a mais e que o Céu pode ser vivido hoje e aqui.
Pego na camisola – com cuidado, porque já tem o seu uso – e visto-a. Deixo-me habitar por ela. E, subitamente, não me sinto diferente. De repente, percebo que a camisola já faz parte de mim, quer esteja vestida ou não.
Isto de ser Gambozino tem muito que se lhe diga. «Para tudo há um momento. e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu» [Ec 3, 1]. Também ser Gambozino tem os seus tempos e momentos: há um tempo para ser animador, como se toda a nossa vida dependesse disso, e um tempo para se deixar ser animado. Há um momento para preparar atividades e outro para aproveitar o que os outros prepararam. Há um tempo para agarrar e outro para largar.
Mas a magia de ser Gambozino é que, verdadeiramente, nunca deixamos de o ser, mesmo quando já não participamos de forma tão ativa nas atividades desta Associação. Por isso, chegou o tempo de largar, de confiar a missão para quem este é o tempo e o momento de a viver, e de continuar a ser Gambozina na minha vida, naquilo a que hoje sou chamada.
Vou continuar a guardar e passear esta camisola, agora por outros lugares e novas aventuras. Sou Gambozina e o sonho mantém-se o mesmo: contribuir para a construção do Reino. E que bom que é saber que por aí há tantos que se passeiam com esta camisola, patrocinando este mesmo sonho. E estão à distância de um jantar, uma missa ou uma conversa. Não estou sozinha na missão. Que bom é ser Gambozina e ter esta camisola.
Francisca Santos
9 Out 2023 | Notícia
Quer se tenha feito campos todos os anos, apenas um dia de Natal, que se tenha conhecido os gambozinos apenas como animador ou que já se seja sócio desde que se nasceu, os gambozinos marcam todos aqueles que por aqui passam.
Fazer gambozinos é uma experiência transformadora e impossível de passar indiferente. Aliás, não dizemos que “fazemos gambozinos”, mas sim que “somos gambozinos”, porque, não só os gambozinos nos tocam, como também deixamos um pouco de nós: com os nossos talentos, boa vontade e até ideias. Torna-se algo personalizado, vivo e movido por nós, em que tentamos ser testemunhos de Deus. Que nunca nos esqueçamos disto: somos TESTEMUNHO e os gambozinos são apenas um instrumento para o sermos. Que tudo o que fazemos em nome dos gambozinos tenha este objetivo, seja quando se pensa num jogo, na noite de fados ou numa visita ao bairro. Antes de representar os gambozinos, e vestir a camisola, estou a representar o Senhor. Por isso é que os gambozinos fazem parte de cada um de nós, uma vez que, entregando o nosso trabalho a Deus, tudo o que vem é bom e, consequentemente, o tempo nos gambozinos foi, é e será bom para cada um.
Os gambozinos dão-nos ferramentas, não só para sermos bons animadores, mas para sermos bons cidadãos e, acima de tudo, bons cristãos. Até nas coisas mais pequenas os gambozinos trazem algo de relevante que levamos para o dia a dia, desde as formações SPC, que nos ensinam a cuidar das nossas palavras e do impacto que podemos ter na vida de alguém, a atividades que, mesmo com o seu muito planeamento, não têm tanta adesão e que nos obrigam a trabalhar a paciência, em momentos em que esta pode ser bastante escassa. Há muitos outros exemplos, mas o importante a salientar é que, por mais pequena que seja a nossa contribuição como animador, retiramos sempre algo de útil para a vida comum.
É necessário que “ser gambozino” seja uma responsabilidade que encaramos com alegria; que, através dos nossos atos, quem nos rodeia perceba que fazemos parte desta família e, mais importante, que o Verdadeiro Gambozino vive em nós e quer transbordar para fora. Ser gambozino é, também, sair da nossa zona de conforto, não ter medo de arriscar e confiar nos convites que nos são feitos ao longo do tempo, rezando-os sempre e tentando perceber a vontade de Deus.
Ser gambozino é ser alegre e reconhecer-me amado por Deus. Ser gambozino é amar e não deixar ninguém de parte. Ser gambozino é gritar o “dizem que somos locos de la cabeça” num comboio apinhado de gente nas JMJ. Ser gambozino é viver na simplicidade. Ser gambozino é respeitar a natureza. Ser gambozino é rezar a minha vida com Deus.
Ser gambozino é tudo isto e mais alguma coisa. Não é necessária uma lista detalhada na qual vou fazendo “checks”, para identificar se o sou ou não. Apenas sei que tu, se já estiveste em contacto com os gambozinos, deixaste um pouco de ti durante a tua caminhada.
Beatriz Melro