Via Sacra: as meditações do Papa Francisco

Neste dia da Paixão do Senhor, publicamos as meditações da Via Sacra do Vaticano escritas este ano pelo Papa Francisco.

Neste dia da Paixão do Senhor, publicamos as meditações da Via Sacra do Vaticano escritas este ano pelo Papa Francisco.

Introdução

O caminho para o Calvário passa pelas estradas do nosso dia-a-dia. Nós vamos, Senhor, normalmente na direção oposta à vossa. Por isso mesmo, pode acontecer que encontremos o vosso rosto e que cruzemos com o vosso olhar. Caminhamos como de costume e Vós vindes ao nosso encontro. Os vossos olhos leem-nos o nosso coração. Hesitamos, então, em continuar como se nada tivesse acontecido. Podemos dar meia-volta, olhar para Vós e seguir-vos. Podemos identificar-nos com o vosso caminho e perceber que é melhor mudar de rumo.

Do Evangelho segundo São Marcos (10, 21)

Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me».

Jesus é o vosso nome e verdadeiramente em Vós «Deus salva». O Deus de Abraão que chama, o Deus de Isaac que provê, o Deus de Jacob que abençoa, o Deus de Israel que liberta: no vosso olhar, Senhor, que percorreis Jerusalém, há toda uma revelação. Nos vossos passos que saem da cidade está o nosso êxodo para uma nova terra. Viestes para mudar o mundo: para nós isso significa mudar de direção, ver a bondade das vossas pegadas, deixar trabalhar no nosso coração a memória do vosso olhar.

A Via-Sacra é a oração de quem está em movimento. Interrompe os nossos caminhos habituais, para que do cansaço passemos à alegria. É verdade que nos custa trilhar o caminho de Jesus: neste mundo que tudo calcula, a gratuidade tem um preço elevado. No dom gratuito, porém, tudo volta a florescer: uma cidade dividida em facções e dilacerada por conflitos caminha em direção à reconciliação; uma religiosidade estéril redescobre a fecundidade das promessas de Deus; até um coração de pedra pode transformar-se num coração de carne. Basta ouvir o convite: “Vem e segue-me!”, e confiar nesse olhar de amor.

 

Primeira Estação:
Jesus é condenado à morte

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 13-16)

Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo e disse-lhes: «Trouxestes este homem à minha presença como se andasse a revoltar o povo. Interroguei-o diante de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais. Herodes tão-pouco, visto que no-lo mandou de novo. Como vedes, Ele nada praticou que mereça a morte. Vou, portanto, libertá-lo, depois de o castigar».

Não foi assim que aconteceu. Pilatos não vos libertou. E, no entanto, poderia ter sido diferente. É o jogo dramático da nossa liberdade. Aquilo pelo qual, Senhor, tanto nos estimastes. Confiastes em Herodes, em Pilatos, nos amigos e nos inimigos. Sois irrevogável na confiança com que vos colocais nas nossas mãos. Disso podemos tirar consequências maravilhosas: libertando quem é injustamente acusado, aprofundando a complexidade das situações, contrariando os juízos que matam. Até Herodes poderia ter seguido a santa inquietação que o atraiu a Vós; mas não o fez, nem mesmo quando finalmente esteve na vossa presença. Pilatos poderia ter-vos libertado: já vos tinha absolvido. Mas não o fez. O caminho da cruz, Jesus, é uma possibilidade que já abandonámos demasiadas vezes. Confessamo-lo: prisioneiros de ocupações que não quisemos abandonar, preocupados com o inconveniente de uma mudança de direção. Vós continuais, silenciosamente, diante de nós: em cada irmã e irmão expostos a julgamentos e preconceitos. Regressam os argumentos religiosos, as querelas jurídicas, o aparente bom senso que não se envolve no destino dos outros: inúmeras razões nos puxam para o lado de Herodes, dos sacerdotes, de Pilatos e da multidão. Contudo, pode ser diferente. Vós, Senhor Jesus, não lavais as mãos. Continuais a amar, em silêncio. Fizestes a vossa escolha, e agora é a nossa vez.

Oremos dizendo: Abri o meu coração, Jesus

Quando diante de mim há uma pessoa julgada – Abri o meu coração, Jesus
Quando as minhas certezas são preconceitos.- Abri o meu coração, Jesus
Quando estou condicionado pela rigidez. – Abri o meu coração, Jesus
Quando o bem me atrai secretamente. – Abri o meu coração, Jesus
Quando desejo ser corajoso, mas tenho medo de perder. – Abri o meu coração, Jesus

 

Segunda Estação
Jesus carrega a cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (9, 43b-45)

Estando todos admirados com tudo o que Ele fazia, Jesus disse aos seus discípulos: «Prestai bem atenção ao que vou dizer-vos: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens». Eles, porém, não entendiam aquela linguagem, porque lhes estava velada, de modo que não compreendiam e tinham receio de o interrogar a esse respeito.

Durante meses, talvez por anos, Senhor Jesus, aquele fardo estava sobre os vossos ombros. Quando faláveis dele, ninguém vos prestava atenção: uma resistência invencível, até mesmo para intuir. Não procurastes a cruz, mas, de modo cada vez mais evidente, sentistes que ela se aproximava de vós. Se a aceitastes, foi porque, além do peso, sentíeis a responsabilidade. O caminho da vossa cruz, Senhor Jesus, não é apenas uma subida. É a vossa descida em direção àqueles que amastes, ao mundo amado por Deus. É uma resposta, um assumir a responsabilidade. Custa, como custam as relações mais verdadeiras, os amores mais bonitos. O peso que carregais fala-nos do sopro que vos move, do Espírito que é “Senhor que dá a vida”. Quem sabe por que razão, sobre isto, tememos até mesmo de vos interrogar. Na realidade, somos nós que estamos sem fôlego, por fugirmos à responsabilidade. Bastaria não fugir e ficar: no meio daqueles que nos destes, nos contextos em que nos colocastes. Relacionarmo-nos, sentindo que só assim deixamos de ser prisioneiros de nós próprios. O egoísmo pesa mais do que a cruz e a indiferença mais do que a partilha. O profeta tinha-o anunciado: «Até os adolescentes se cansam e se fatigam e os jovens tropeçam e vacilam. Mas aqueles que confiam no Senhor renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer» (cf. Is 40, 30-31).

Oremos dizendo: Livrai-nos do cansaço, Senhor

Se nos afadigamos em torno a nós próprios. – Livrai-nos do cansaço, Senhor
Se parece que nos faltam as forças para nos dedicarmos aos outros. -Livrai-nos do cansaço, Senhor
Se arranjamos desculpas para fugir à responsabilidade. – Livrai-nos do cansaço, Senhor
Se temos talentos e capacidades para pôr à disposição. – Livrai-nos do cansaço, Senhor
Se o nosso coração ainda se comove diante das injustiças. – Livrai-nos do cansaço, Senhor

 

Terceira Estação
Jesus cai pela primeira vez

Do Evangelho segundo São Lucas (10, 13-15)

«Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidónia se tivessem operado os milagres que entre vós se realizaram, de há muito que teriam feito penitência, vestidas de saco e na cinza. Por isso, no dia do juízo, haverá mais tolerância para Tiro e Sidónia do que para vós. E tu, Cafarnaúm, porventura serás exaltada até ao céu? É até ao inferno que serás precipitada».

Foi como se, pela primeira vez, tivesses tocado o fundo do poço, Senhor Jesus, e de vós saíram palavras duras para aqueles lugares que vos eram tão queridos. A semente da vossa palavra parecia ter caído no vazio, assim como cada um dos vossos gestos de libertação. Todos os profetas se sentiram cair no vazio do fracasso, para depois novamente avançar nos caminhos de Deus. A vossa vida, Senhor Jesus, é uma parábola: nunca cai em vão na nossa terra. Mesmo naquela primeira vez, a desilusão foi logo interrompida pela alegria daqueles que havíeis enviado: eles regressaram da missão e contaram-vos os sinais do Reino de Deus. Então, espontaneamente, exultastes de alegria transbordante, que faz saltar com uma energia contagiante. Bendissestes o Pai, que esconde os seus desígnios aos sábios e inteligentes e os revela aos pequeninos. Também o caminho da Cruz está marcado a fundo na terra: os grandes afastam-se dele, gostariam de tocar o céu. Em vez disso, o céu está aqui, abaixado, encontramo-lo mesmo caindo, permanecendo no chão. Os construtores de Babel dizem-nos que não se pode errar e que quem cai está perdido. É o canteiro de obras do inferno. A economia de Deus, pelo contrário, não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra. O vosso caminho, Senhor Jesus, é a via das bem-aventuranças. Não destrói, mas cultiva, repara, guarda.

Oremos dizendo: Venha a nós o Vosso Reino

Para aqueles que se sentem fracassados. – Venha a nós o Vosso Reino
Para contrastar uma economia que mata. – Venha a nós o Vosso Reino
Para dar força aos que caíram. – Venha a nós o Vosso Reino
Nas sociedades competitivas e para quem procura os primeiros lugares. – Venha a nós o Vosso Reino
Para os que estão nas fronteiras e sentem terminada a viagem. – Venha a nós o Vosso Reino

 

Quarta Estação
Jesus encontra a sua Mãe

Do Evangelho segundo São Lucas (8, 19-21)

Sua mãe e seus irmãos vieram ter com Ele, mas não podiam aproximar-se por causa da multidão. Anunciaram-lhe: «Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te». Mas Ele respondeu-lhes: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática».

No caminho da cruz, a vossa Mãe está presente: ela foi a vossa primeira discípula. Ali está a vossa Mãe, com delicada determinação, com a sua inteligência que guarda e medita tudo no coração. Desde o momento em que lhe foi proposto acolher-vos no seu seio, ela voltou-se, converteu-se a vós. Ela ajustou os seus caminhos aos vossos. Não foi uma renúncia, mas uma descoberta contínua, até ao Calvário: seguir-vos é deixar-vos ir; ter-vos é dar lugar à vossa novidade. Todas as mães o sabem: um filho surpreende. Como Filho amado, reconheceis que a vossa Mãe e os vossos irmãos são aqueles que escutam e se deixam transformar. Eles não falam, eles fazem. Em Deus, as palavras são ações, as promessas são realidade: no caminho da cruz, ó Mãe, sois das poucas que se lembram disto. Agora é o Filho que precisa de vós: Ele sente que vós não desesperais. Sente que continuais a gerar a Palavra no vosso seio. Também nós, Senhor Jesus, somos capazes de vos seguir, gerados por quem vos seguiu. Também nós somos reinseridos no mundo pela fé da vossa Mãe e de inúmeras testemunhas que geram a vida mesmo onde tudo fala de morte. Daquela vez, na Galileia, eram eles que vos queriam ver. Agora, ao subires ao Calvário, vós mesmo procurais o olhar de quem escuta e põe em prática. Compreensão indizível. Aliança indissolúvel.

Oremos dizendo: Eis a minha mãe

Maria escuta e fala. – Eis a minha mãe
Maria pergunta e medita. – Eis a minha mãe
Maria sai de casa e viaja com determinação. – Eis a minha mãe
Maria alegra-se e consola. – Eis a minha mãe
Maria acolhe e cuida. – Eis a minha mãe
Maria arrisca e protege. – Eis a minha mãe
Maria não teme julgamentos e insinuações. – Eis a minha mãe
Maria espera e permanece. – Eis a minha mãe
Maria orienta e acompanha. – Eis a minha mãe
Maria não concede nada à morte. – Eis a minha mãe

 

Quinta Estação
Jesus é ajudado pelo Cireneu a carregar a cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 26)

Quando o iam conduzindo, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e carregaram-no com a cruz, para a levar atrás de Jesus.

Ele não se ofereceu, lançaram mão dele. Simão regressava do seu trabalho e puseram-lhe aos ombros a cruz de um condenado. Talvez tivesse o físico apropriado, mas certamente o seu caminho era outro, e outra a sua agenda. Deus pode surpreender-nos assim. Sabe-se lá, Senhor Jesus, por que razão aquele nome – Simão de Cirene – depressa se tornou inesquecível entre os vossos discípulos. No caminho da cruz, eles não estavam lá, e muito menos nós, mas Simão estava. Isto é verdade até hoje: enquanto alguém se oferece por inteiro, pode-se estar noutro lugar, até mesmo a fugir, ou pode-se acabar envolvido no evento. Acreditamos, Senhor Jesus, que o nome de Simão é recordado porque esse acontecimento inesperado o fez mudar para sempre. Já não deixou de pensar em Vós. Tornou-se parte do vosso corpo, testemunha em primeira mão da vossa diferença em relação a qualquer outro condenado. Simão de Cirene viu-se a carregar a vossa cruz sem a ter pedido, como o jugo de que tinhas falado um dia: «O meu jugo é suave e o meu fardo é leve» (Mt 11, 30). Até os animais trabalham melhor se caminham juntos. E Vós, Senhor Jesus, gostais de nos envolver no vosso trabalho, lavrando a terra para que seja semeada de novo. Precisamos dessa surpreendente leveza. Precisamos de quem nos faça parar, por vezes, e nos ponha aos ombros um pedaço de realidade que simplesmente tem de ser carregado. É possível trabalhar todo o dia, mas, sem Vós, tudo se dispersa. Em vão trabalham os construtores, em vão vigiam as sentinelas da cidade que Deus não edifica (cf. Sl 127). Eis que no caminho da cruz se ergue a nova Jerusalém. E nós, como Simão de Cirene, mudemos de rumo e trabalhemos convosco.

Oremos dizendo: Parai a nossa corrida, Senhor

Quando seguimos o nosso caminho, sem olhar ninguém. – Parai a nossa corrida, Senhor
Quando as notícias não nos comovem mais. – Parai a nossa corrida, Senhor
Quando as pessoas se tornam números. – Parai a nossa corrida, Senhor
Quando nunca há tempo para ouvir. – Parai a nossa corrida, Senhor
Quando estamos com pressa para decidir. – Parai a nossa corrida, Senhor
Quando não admitimos mudança de planos. – Parai a nossa corrida, Senhor

 

Sexta Estação
Verónica enxuga o rosto de Jesus

Do Evangelho segundo São Lucas (9,29-31)

Enquanto orava, o aspecto do seu rosto modificou-se, e as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. E dois homens conversavam com Ele: Moisés e Elias, os quais, aparecendo rodeados de glória, falavam da sua morte, que ia acontecer em Jerusalém.

Do Livro dos Salmos (27, 8-9a)

O meu coração murmura por ti, os meus olhos te procuram;
é a tua face que eu procuro, Senhor. Não desvies de mim o teu rosto.

Senhor Jesus, no vosso rosto vemos o vosso coração. A vossa decisão vê-se nos olhos, define o vosso rosto, faz dos vossos traços uma expressão de atenção inconfundível. Como vos apercebeis da Verónica, assim vos apercebeis de mim. Procuro o vosso rosto, que revela a decisão de nos amardes até ao último suspiro, e mesmo para além dele, pois o amor é forte como a morte (cf. Ct 8, 6). O que muda o nosso coração é o vosso rosto, que eu gostaria de contemplar e guardar. Vós vos entregais a nós, dia após dia, no rosto de cada ser humano, memória viva da vossa encarnação. Sempre que nos voltamos para o menor dos nossos irmãos, damos atenção aos vossos membros e Vós permaneceis conosco. Assim, iluminais o nosso coração e a expressão do nosso rosto. Em vez de rejeitarmos, passamos a acolher. No caminho da cruz, o nosso rosto, como o vosso, pode finalmente tornar-se radiante e espalhar bênçãos. Gravastes em nós a lembrança disso, um presságio do vosso regresso, quando nos reconhecereis à primeira vista, um a um. Então, talvez nos assemelhemos a Vós. E estaremos face a face, num diálogo sem fim, na intimidade da qual nunca nos cansaremos: a família de Deus.

Oremos dizendo: Imprimi em nós a vossa memória, Senhor

Se o nosso rosto não tem expressão. -Imprimi em nós a vossa memória, Senhor
Se o nosso coração está distante. – Imprimi em nós a vossa memória, Senhor
Se os nossos gestos dividem. – Imprimi em nós a vossa memória, Senhor
Se as nossas escolhas ferem. – Imprimi em nós a vossa memória, Senhor
Se os nossos projetos excluem. – Imprimi em nós a vossa memória, Senhor

 

Sétima Estação
Jesus cai pela segunda vez

Do Evangelho segundo São Lucas (15, 2-6)

Os fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come com eles». Jesus propôs-lhes, então, esta parábola: «Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? Ao encontrá-la, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, convoca os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida’».

Cair e levantar-se; cair e voltar a levantar-se. Foi assim, Senhor Jesus, que nos ensinastes a entender a aventura da vida humana. Humana porque é aberta. Nós não permitimos que as máquinas cometam erros: pretendemos que sejam perfeitas. As pessoas, pelo contrário, vacilam, distraem-se, perdem-se. Porém, conhecem a alegria: a dos recomeços, dos renascimentos. Os seres humanos não nascem de modo mecânico, mas artesanal: somos peças únicas, um entrelaçamento de graça e responsabilidade. Senhor, fizestes-vos um de nós, não tivestes medo de tropeçar e de cair. Aqueles que se envergonham disso, aqueles que ostentam a infalibilidade, aqueles que escondem as suas próprias quedas e não perdoam as dos outros negam o caminho que escolhestes. Vós sois, Senhor Jesus, o Senhor da alegria. Em Vós, somos todos reencontrados e conduzidos a casa, como a única ovelha que se tinha perdido. É desumana a economia em que noventa e nove valem mais do que um. E apesar disso, construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis. A lei da vossa casa, Senhor, a economia divina é outra coisa. Voltar-se para Vós, que caís e voltais a levantar-vos, é uma mudança de rumo e uma mudança de ritmo. Conversão que devolve a alegria e nos leva a casa.

Oremos dizendo: Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação

Somos crianças que por vezes choram. – Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação
Somos adolescentes que se sentem inseguros. – Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação
Somos jovens que muitos adultos desprezam. – Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação
Somos adultos que cometeram erros. – Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação
Somos idosos que ainda querem sonhar. – Levantai-nos, ó Deus, nossa salvação

 

Oitava Estação
Jesus encontra-se com as mulheres de Jerusalém

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 27-31)

Seguiam Jesus uma grande multidão de povo e umas mulheres que batiam no peito e se lamentavam por Ele. Jesus voltou-se para elas e disse-lhes: «Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; pois virão dias em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram.’ Hão de, então, dizer aos montes: ‘Caí sobre nós!’ E às colinas: ‘Cobri-nos!’ Porque, se tratam assim a árvore verde, o que não acontecerá à seca?».

Sempre reconhecestes nas mulheres, Senhor Jesus, uma semelhança especial com o coração de Deus. É por isso que, na grande multidão de pessoas que mudaram de direção e vos seguiram naquele dia, vistes imediatamente as mulheres e, uma vez mais, estabelecestes com elas uma especial empatia. A cidade é diferente quando se levam os seus habitantes no colo, quando os seus filhos se amamentam: quando, em suma, não se conhece apenas a lógica do domínio, mas se experimentam as coisas a partir do seu interior. Vós atingis o coração das mulheres que, por dever, cumprem o ritual da compaixão. É no coração, efetivamente, que se interconectam os acontecimentos e nascem os pensamentos e as decisões. «Não choreis por mim». O coração de Deus vibra pelo seu povo, gera uma nova cidade: «Chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos». Com efeito, há um choro no qual tudo renasce. Mas são necessárias lágrimas de reflexão, das quais não nos devemos envergonhar, lágrimas que não devem ser mantidas em segredo. A nossa convivência ferida, Senhor, neste mundo despedaçado, precisa das lágrimas sinceras, não das de circunstância. Caso contrário, verifica-se o que os apocalípticos previram: não geramos mais nada e, logo, tudo se desmorona. A fé, pelo contrário, move montanhas. Os montes e as colinas não caem sobre nós, mas no meio deles, abre-se uma estrada. É a vossa estrada, Senhor Jesus: um caminho íngreme, no qual os apóstolos vos abandonaram, mas as vossas discípulas – mães da Igreja – vos seguiram.

Oremos dizendo: Dai-nos um coração de mãe, Senhor

Povoastes com santas mulheres a história da Igreja. -Dai-nos um coração de mãe, Senhor
Repudiastes a prepotência e o domínio. -Dai-nos um coração de mãe, Senhor
Recolhestes e consolastes as lágrimas das mães. -Dai-nos um coração de mãe, Senhor
Confiastes às mulheres a boa nova da Ressurreição. -Dai-nos um coração de mãe, Senhor
Inspirastes na Igreja novos carismas e sensibilidades. -Dai-nos um coração de mãe, Senhor

 

Nona Estação
Jesus cai pela terceira vez

Do Evangelho segundo São Lucas (7, 44-49)

[Jesus] disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama». Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados». Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?».

Não apenas uma ou duas vezes, Senhor Jesus: Vós continuais a cair. Caíeis já quando éreis criança, como todas as crianças. Assim, compreendestes e aceitastes a nossa humanidade, que cai e torna a cair. Se o pecado nos afasta, a vossa existência sem pecado aproxima-vos de cada pecador, une-vos indissoluvelmente às suas quedas. E isso leva à conversão. Escândalo para aqueles que se afastam dos outros e de si mesmos. Escândalo para quem vive dividido em dois, entre o que deveria ser e o que realmente é. Diante da vossa misericórdia, Senhor Jesus, cai toda a hipocrisia. As máscaras, as belas fachadas já não são necessárias. Deus vê o coração. Ele ama o coração. Aquece o coração. Por isso, me ergueis e me pondes novamente a caminho por vias nunca trilhadas, audazes, generosas. Quem sois, Senhor Jesus, que até os pecados perdoais? Novamente por terra, no caminho da cruz, sois o Salvador desta nossa terra. Não só a habitamos, mas somos formados a partir dela. Vós, por terra, continuais a moldar-nos, como um talentoso oleiro.

Oremos dizendo: Somos barro nas vossas mãos

Quando as coisas parecem não poder mudar, lembrai-nos: – Somos barro nas vossas mãos
Quando não se vê o fim dos conflitos, lembrai-nos: – Somos barro nas vossas mãos
Quando a tecnologia faz que nos julguemos onipotentes, lembrai-nos: -Somos barro nas vossas mãos
Quando os sucessos nos desconectam da terra, lembrai-nos: – Somos barro nas vossas mãos
Quando nos importa mais a aparência que o coração, lembrai-nos: Somos barro nas vossas mãos

 

Décima Estação
Jesus é despojado das suas vestes

Do livro de Job (1, 20-22)

Então, Job levantou-se, rasgou as vestes e rapou a cabeça. Depois, prostrado por terra em adoração, disse: «Saí nu do ventre da minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor mo deu, o Senhor mo tirou; bendito seja o nome do Senhor!». Em tudo isto, Job não cometeu pecado, nem proferiu contra Deus nenhuma insensatez.

Não vos despis, sois despojado das vestes. A diferença é clara para todos nós, Senhor Jesus. Só quem nos ama pode acolher a nossa nudez nas suas mãos e no seu olhar. Pelo contrário, tememos o olhar de quem não nos conhece e só sabe possuir. Vós sois desnudado e exposto diante de todos, mas até a humilhação transformais em familiaridade. Quereis revelar-vos íntimo até mesmo daqueles que vos destroem, olhais para aqueles que vos despojam das vestes como os amados que o Pai vos deu. Há aqui mais do que a paciência de Job, muito mais do que a sua fé. Em Vós está o Esposo que se deixa tomar, tocar e transforma tudo em bem. Deixai-nos as vossas vestes, como relíquias de um amor consumado. Estão nas nossas mãos, pois estivestes na nossa casa e entre nós. Nós mantivemos em nosso poder as vossas vestes e agora lançamo-las à sorte. Porém, a sorte, aqui, não é favorável só a um, mas a todos. Vós conhecei-nos um a um, para salvar a todos: a todos! E se, para Vós, a Igreja se apresenta hoje como uma túnica rasgada, ensinai-nos a tecer de novo a nossa fraternidade, fundada no vosso dom. Somos o vosso corpo, a vossa túnica inconsútil, a vossa Esposa. Somo-lo juntos. Para nós, a sorte caiu em lugares aprazíveis; a nossa herança é preciosa (cf. Sl 16, 6).

Oremos dizendo: Dai à vossa Igreja paz e unidade

Senhor Jesus, que vedes os vossos discípulos divididos: – Dai à vossa Igreja paz e unidade
Senhor Jesus, que carregais as feridas da nossa história: – Dai à vossa Igreja paz e unidade
Senhor Jesus, que conheceis a fragilidade dos nossos amores: – Dai à vossa Igreja paz e unidade
Senhor Jesus, que nos quereis membros do vosso corpo: – Dai à vossa Igreja paz e unidade
Senhor Jesus, que vestis a túnica da misericórdia: – Dai à vossa Igreja paz e unidade

 

Décima primeira Estação
Jesus é pregado na cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 32-34a)

Levavam também dois malfeitores, para serem executados com Ele. Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-no a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem».

Nada nos assusta mais do que a imobilidade. E Vós estais pregado, imobilizado, preso. Mas estais com outros: nunca sozinho e sempre determinado a revelar-vos, até mesmo na cruz, como o Deus conosco. A revelação não fica parada, não se deixa pregar. Vós, Senhor Jesus, mostrai-nos que em cada circunstância há uma escolha a fazer. Esta é a vertigem da liberdade. Nem sequer na cruz sois neutralizado: Vós decidis por quem ali estais. Dais atenção a um e a outro dos crucificados convosco: deixais passar os insultos de um e acolheis a invocação do outro. Dais atenção àquele que vos crucifica e sabeis ler o coração daquele que não sabe o que está a fazer. Prestais atenção ao céu: gostaríeis que fosse mais claro, mas rompeis a barreira das trevas com a luz da intercessão. Pregado na cruz, em realidade, intercedeis: colocai-vos entre as partes, entre os opostos. E os levai a Deus, porque a vossa cruz derruba muros, perdoa dívidas, anula julgamentos, estabelece a reconciliação. Vós sois o verdadeiro Jubileu. Convertei-nos a Vós, Senhor Jesus, que pregado ao madeiro tudo podeis.

Oremos dizendo: Ensinai-nos a amar

Quando temos forças e quando nos parece já não as ter: – Ensinai-nos a amar
Quando somos imobilizados por leis ou decisões injustas: – Ensinai-nos a amar
Quando somos confrontados por quem não quer a verdade e a justiça: – Ensinai-nos a amar
Quando nos sentimos tentados a perder a esperança: – Ensinai-nos a amar
Quando se diz que não há mais nada a fazer: – Ensinai-nos a amar

 

Décima segunda Estação
Jesus morre na cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 45-49)

O Sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou. Ao ver o que se passava, o centurião deu glória a Deus, dizendo: «Verdadeiramente, este homem era justo». E toda a multidão que se tinha aglomerado para este espetáculo, vendo o que acontecera, regressava batendo no peito. Todos os seus conhecidos e as mulheres que o tinham acompanhado desde a Galileia mantinham-se à distância, observando estas coisas.

No Calvário, onde estamos nós? Debaixo da cruz? A alguma distância? Longe? Ou talvez, como os apóstolos, nem sequer lá estamos. Vós expirais, e esta respiração, última e primeira, pede apenas para ser acolhida. Senhor Jesus, orientai os nossos caminhos para o vosso dom. Não permitais que o vosso sopro de vida se disperse. As nossas trevas procuram luz. Os nossos templos querem permanecer definitivamente abertos. Agora o Santo já não está por detrás do véu: o seu segredo é oferecido a todos. Percebe-o um soldado que, observando atentamente como morreis, reconhece uma nova força. Compreende-o a multidão que tinha gritado contra Vós: antes distante, encontra agora o espetáculo de um amor jamais visto, de uma beleza que faz acreditar de novo. Dais tempo àqueles que vos veem morrer, Senhor Jesus, para que regressem a bater no peito: atingindo o próprio coração a fim de que a sua dureza se desfaça. A nós, Senhor Jesus, que muitas vezes ainda vos vemos de longe, concedei que vivamos fazendo memória de Vós, para que um dia, quando vierdes, até mesmo a morte nos encontre vivos.

Oremos dizendo: Vinde Espírito Santo!

Mantivemo-nos distantes das chagas do Senhor: – Vinde Espírito Santo!
Diante do irmão caído, voltamo-nos para o outro lado: – Vinde Espírito Santo!
Os misericordiosos e os pobres de espírito parecem-nos fracassados: – Vinde Espírito Santo!
Crentes e não crentes estão em pé diante do crucifixo: – Vinde Espírito Santo!
O mundo inteiro procura um novo começo: – Vinde Espírito Santo!

 

Décima terceira Estação
Jesus é deposto da cruz

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 50-53a)

Um membro do Conselho, chamado José, homem reto e justo, não tinha concordado com a decisão nem com o procedimento dos outros. Era natural de Arimateia, cidade da Judeia, e esperava o Reino de Deus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Descendo-o da cruz, envolveu-o num lençol.

Por fim, o vosso corpo está nas mãos de um homem bom e justo. Estais envolto no sono da morte, Senhor Jesus, mas, para se encarregar de Vós, há um coração vivo, que fez uma escolha. José não era daqueles que dizem e não fazem. «Não tinha concordado com a decisão nem com o procedimento dos outros», diz o Evangelho. E é uma boa notícia: quem vos abraça, Senhor Jesus, não abraçou a opinião comum. Encarrega-se de Vós alguém que se encarregou da própria responsabilidade. No colo de José de Arimateia, que «esperava o Reino de Deus», estais no vosso lugar, Senhor Jesus. Estais no vosso lugar entre aqueles que ainda têm esperança, entre aqueles que não se resignam a pensar que a injustiça é inevitável. Vós, Senhor Jesus, quebrais a cadeia do inevitável, quebrais os automatismos que destroem a casa comum e a fraternidade. Dais, àqueles que esperam o vosso Reino, a coragem de se apresentarem à autoridade: como Moisés ao Faraó, como José de Arimateia a Pilatos. Capacitai-nos para grandes responsabilidades, tornai-nos corajosos. Assim, morrestes e continuais a reinar. E para nós, Senhor Jesus, servir-vos é reinar.

Oremos dizendo: Servir-vos é reinar

Dando de comer aos famintos: – Servir-vos é reinar
Dando de beber aos sedentos: – Servir-vos é reinar
Vestindo os nus: – Servir-vos é reinar
Acolhendo os estrangeiros: -Servir-vos é reinar
Visitando os doentes: -Servir-vos é reinar
Visitando os prisioneiros: -Servir-vos é reinar
Sepultando os mortos: -Servir-vos é reinar

 

Décima quarta estação
Jesus é colocado no sepulcro

Do Evangelho segundo São Lucas (23, 53-56)

Envolveu-o num lençol e depositou-o num sepulcro talhado na rocha, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Era o dia da Preparação e já começava o sábado. Entretanto, as mulheres que tinham vindo com Ele da Galileia acompanharam José, observaram o túmulo e viram como o corpo de Jesus fora depositado. Ao regressar, prepararam aromas e perfumes; e, durante o sábado, observaram o descanso, conforme o preceito.

Num sistema que jamais se detém, Senhor Jesus, viveis o vosso sábado. Vivem-no também as mulheres, a quem os aromas e os perfumes gostariam de falar já de ressurreição. Ensinai-nos a não fazer nada, quando nos é pedido apenas para esperar. Educai-nos nos tempos da terra, que não são aqueles artificiais. Deposto no túmulo, Senhor Jesus, partilhais a condição que a todos nos iguala, e atingis as profundezas que tanto nos assustam. Vede como fugimos delas, multiplicando as nossas atividades. Andamos muitas vezes em vão, mas o sábado brilha com as suas luzes: educa-nos e pede-nos descanso. Vida divina, vida à escala humana, aquela que conhece a paz do sábado. «Cada um repousará debaixo da sua parreira e da sua figueira, sem que ninguém o amedronte» (Mq 4, 6), profetizou Miqueias. E Zacarias faz-lhe eco: «Naquele dia – oráculo do Senhor do universo – todo o homem convidará o seu vizinho sob a videira e a figueira» (cf. Zc 3, 10). Senhor Jesus, que pareceis dormir no mundo tempestuoso, levai-nos a todos para a paz do sábado. Então toda a criação nos aparecerá muito bela e boa, destinada à ressurreição. E haverá paz sobre o teu povo e entre todas as nações.

Oremos dizendo: Venha a vossa paz

Para a terra, o ar e as águas: -Venha a vossa paz
Para os justos e os injustos: – Venha a vossa paz
Para quem é invisível e não tem voz: – Venha a vossa paz
Para quem não possui poder nem dinheiro: – Venha a vossa paz
Para quem espera que brote um rebento de justiça: – Venha a vossa paz

 

Invocação final

«“Laudato si’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor”, cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar a uma irmã […]. Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos» (Carta Enc. Laudato si’, 1-2).

«“Fratelli Tutti”: escrevia São Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida com sabor a Evangelho». (Carta Enc. Fratelli tutti, 1)

«“Amou-nos”, diz São Paulo referindo-se a Cristo […], para nos ajudar a descobrir que nada “será capaz de separar-nos” desse amor». (Carta Enc. Dilexit nos, 1).

Percorremos a Via-Sacra; voltámo-nos para o amor do qual nada nos pode separar. Agora, enquanto o Rei dorme e um grande silêncio desce sobre toda a terra, fazendo nossas as palavras de São Francisco, invoquemos o dom da conversão do coração.

Deus altíssimo e glorioso,
iluminai as trevas do meu coração.
Dai-me fé reta,
esperança certa,
caridade perfeita
e profunda humildade.
Dai-me, Senhor, sabedoria e discernimento
para cumprir a vossa verdadeira e santa vontade. Amen.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.