O Vaticano sublinhou hoje o caráter “reservado” dos trabalhos sinodais, que se vão iniciar a 4 de outubro, que vão seguir um novo modelo, na sua XVI Assembleia Geral Ordinária.
Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, disse aos jornalistas, em conferência de imprensa, que o Sínodo é “um momento de discernimento comunitário”, convidando a valorizar mais o consenso obtido do que as intervenções individuais. Os trabalhos desta sessão decorrem até 29 de outubro e vão apresentar uma síntese do discernimento sobre esta fase, abrindo caminho para o encontro de outubro de 2024, convocado pelo Papa.
A assembleia vai ser precedida por um retiro, para os participantes, orientado pelo P. Timothy Radcliffe e pela madre Maria Ignazia Angelini, monja da Abadia de Viboldone (Itália).
A assembleia sinodal vai ter momentos reservados aos participantes, sem presença de jornalistas, sendo transmitidos os momentos da abertura dos trabalhos e das reuniões gerais dedicadas ao debate de cada parte do instrumento de trabalho, além dos tempos de oração. Ao longo das três semanas de trabalhos, o Vaticano vai promover conferências de imprensa com membros da assembleia e briefings com responsáveis do Dicastério para a Comunicação.
Paolo Ruffini falou da assembleia sinodal como um “momento de discernimento comum, na fé”, que considerou um tempo “único e sagrado, que implica o respeito pelo “silêncio”. Para o colaborador do Papa, este deve ser um “espaço protegido para a conversa”, rejeitando, no entanto, a ideia de que os trabalhos estejam sujeitos ao “segredo pontifício”. “Não há nada de segredo, porque no fim o Sínodo vai continuar”, sustentou, sublinhando que o regulamento ainda vai ser definido.
O Papa falou da comunicação da assembleia, ao regressar da viagem à Mongólia (4 de setembro), referindo-se a um Sínodo “abertíssimo, abertíssimo”, com a ajuda de uma comissão para a comunicação. “O importante é que esta comissão respeitará muito o contributo de todos, e procurará não fazer bisbilhotice, mas dizer as coisas que são construtivas para a Igreja, precisamente sobre o andamento do Sínodo”, precisou. Comentando estas declarações, Paolo Ruffini assinalou que a valorização da escuta é vista, pelo Papa, como uma proposta “alternativa” para todo o mundo.
A sessão sinodal é precedida por uma vigília ecuménica, a 30 de setembro, na Praça de São Pedro, intitulada ‘Together’ (Juntos); o programa de três semanas da assembleia começa com a missa presidida pelo Papa, a 4 de outubro, e inclui uma peregrinação (12 de outubro), uma oração pelos migrantes e refugiados (19 de outubro) e a recitação do rosário nos jardins do Vaticano (25 de outubro).
Os trabalhos vão decorrer em volta de cinco pontos, sobre as quatro partes do instrumento de trabalho e o debate conclusivo.
As reflexões são desenvolvidas em 35 grupos de trabalho linguístico (círculos menores), constituídos por 11 pessoas e um “facilitador”, incluindo um grupo de língua portuguesa.
Aos 365 votantes somam-se, sem direito a voto, 12 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo. Outras 57 pessoas, entre elas 20 mulheres, vão participar como peritos, à imagem do que acontecia no passado, ou “facilitadores”, ou seja, “pessoas especializadas cuja missão é facilitar os trabalhos nas diferentes fases”, sem direito a voto.
A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.
Para evitar o desperdício de papel, os participantes vão contar, no Auditório Paulo VI, com tablets para votar, descarregar e ler documentos.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.