O mês de novembro começa com o dia de Todos os Santos, onde recordamos aqueles que foram testemunhas fiéis do evangelho, quer tenham subido ou não aos altares da Igreja. No dia dois comemoramos todos os fiéis defuntos, dia que a Igreja dedica à oração pela alma de todos os mortos. Estes dias são marcados pela ida de milhares de portugueses aos cemitérios, para homenagear os familiares e amigos que já partiram.
Esta é uma altura em que somos chamados a tomar consciência da nossa finitude. Santo Inácio acreditava que tendo a morte como horizonte, o ser humano pode preparar-se melhor para ela, tomando melhores decisões no presente e cultivando a urgência de viver bem.
Isto traz-me à memória o filme “The Bucket List”, de 2007. Este é o título original do filme: “Nunca é tarde demais”, que conta a história de duas pessoas, com doença terminal, que se conhecem por partilharem o quarto de hospital. Face ao diagnóstico, resolvem escrever uma lista das coisas que desejam fazer antes de morrer e fogem do hospital para as realizar.
No filme, os personagens lidam com doenças graves, o que os motivou a acelerar a decisão de priorizar os seus desejos e realizar os seus sonhos. Mas é preciso esperar por ter uma doença grave, ou idade avançada, para se fazer a lista do que é verdadeiramente importante?
Fazer a lista de desejos e sonhos é uma forma da pessoa identificar o que é importante para si e de definir metas e prioridades para a sua vida, uma lista das coisas que a pessoa quer fazer, ver, melhorar, experimentar ou conquistar antes de morrer.
De uma perspetiva cristã, antes de começar sugiro a leitura do Princípio e Fundamento dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, um texto que sintetiza o sentido da vida humana. Depois, rezar como ou de que forma pode seguir o Senhor escutando como Ele chama e ao que chama.
Qual o sentido da minha vida? O que é que faria se soubesse que tenho pouco tempo de vida? Como gostaria de ser lembrado quando morrer? Estas são algumas perguntas que podem ajudar.
Para fazer a lista, comece por anotar as coisas que são verdadeiramente importantes para si e depois priorize. Não há limites para o que pode ser incluído na lista.
A lista deve ser revista regularmente, não só para verificar quais os objetivos que já foram alcançados, lembrar os que ainda faltam realizar, mas também para rever as prioridades que se podem ir alterando ao longo do tempo.
E o leitor, já fez a sua “bucket list”?
Este texto é dedicado a todos os caminhantes do Grupo ao 3º dia, que já não se encontram entre nós, testemunhas de como viver e morrer ao 3º dia. Pode encontrar mais informações sobre o grupo aqui.
*O Grupo ao 3º dia é constituído por pessoas doentes com fé cristã que juntas procuram encontrar sentido e luz num caminho de maior aceitação e integração da vivência da doença na sua vida.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.