Ser Igreja doméstica – Jesus presente nos mais pequenos

"Foi a mim que o fizeste" é este o eco que fica deste Domingo de Cristo Rei em que termina o Ano Litúrgico. Hoje, somos convidados a descobrir a presença de Jesus nos mais pequenos. Percorremos esse caminho com a ajuda da família Fontes.

"Foi a mim que o fizeste" é este o eco que fica deste Domingo de Cristo Rei em que termina o Ano Litúrgico. Hoje, somos convidados a descobrir a presença de Jesus nos mais pequenos. Percorremos esse caminho com a ajuda da família Fontes.

Nota: A partir de hoje a proposta “Ser Igreja doméstica” será feita por famílias, grupos cristãos ou de amigos que se unem experimentando-se como pequenas comunidades.
A proposta de cada Domingo pode ser feita em família, mas também por pequenos grupos cristãos ou de amigos. Pode também ser adaptada à realidade em que cada um se encontre, sendo usada como fonte de inspiração sem a necessidade de percorrer todos os passos aqui propostos.

Versão PDF desta proposta.

1. Enquadramento 

 

2. Pôr a mesa 

Hoje vamos pôr a mesa juntos e em dois momentos.

À mesa da refeição agradecemos tudo o que temos e tudo o que somos, quem preparou, quem está e quem não pode estar. E desafiamos os mais novos, caso estejam presentes, a preparar esta mesa como se de um verdadeiro banquete se tratasse e quem queriam convidar, se pudessem, para estar hoje à nossa mesa, como se fosse Jesus.

Depois preparo o lugar da Oração: mais uma vez um recanto especial para saborear a Palavra de Deus (Bíblia), com uma vela ao seu lado, uma cruz, ou até uma imagem do Sagrado Coração de Jesus ou da Sagrada Família, e umas flores. Agora, à volta desta mesa, todos nos reunimos.

 

3. Saborear a Palavra – Tempo Pessoal

Em conversa pessoal com o Senhor, vou-me colocar à escuta, como Maria, a nossa “Mãe que ouve”, e perceber o que hoje me quer dizer, aceitando tudo o que me oferece e entregando tudo o que me pede. E acalmo o meu coração, e, em silêncio repito “Senhor, eu confio em Vós”. A partir daqui, e mais uma vez olhando para Maria, vamos colocar-nos a caminho procurando dizer Sim na confiança.

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Ilustração de P. Nuno Branco, sj

 

E lemos pausadamente o Evangelho:

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; não tinha roupa e Me vestistes; estive doente e viestes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me’. Então os justos Lhe dirão: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’. Dirá então aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me recolhestes; estava sem roupa e não Me vestistes; estive doente e na prisão e não Me fostes visitar’. Então também eles Lhe hão-de perguntar: ‘Senhor, quando é que Te vimos com fome ou com sede, peregrino ou sem roupa, doente ou na prisão, e não Te prestámos assistência?’. E Ele lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer’. Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna».

1 – Revejo os meus dias. Ver Jesus em todas as coisas. Onde está, na minha circunstância, a sede do Senhor? Onde está a minha sede? Para onde me leva?
2- Quando foi que dei a mão a Jesus? Quando foi que toquei em Jesus? Onde visitei Jesus? Onde e quando saciei a Sua sede?
3 – A Madre Teresa costumava dizer-nos que o amor, para ser real, tinha que doer, “amar até que doa”. Até onde vai o meu amor a Jesus?

Quando dei a minha vida? Quando me fiz pequenino para que Ele se fizesse Grande? Quando fui realmente um “lápis nas mãos de Deus”, como a Madre Teresa nos ensina?

Rezamos com os mais novos

Talvez os mais novos precisem de ter alguém que os acompanhe numa oração mais pessoal, um irmão, um primo, um amigo, uma avó. Após escutarem o Evangelho podemos convidá-los a uns momentos de silêncio para ouvirem a voz de Jesus e para lhe dirigirem algumas palavras. Partilhamos estes momentos de silêncio com uma partilha da parte de quem os acompanha.

E algumas questões podem orientar esta oração com os mais novos:

Em minha casa, na escola, como faço o bem? Quem é um destes pequeninos que Jesus me fala, quando estou em casa, quando estou com amigos, quando estou na escola?

Se houver algumas crianças em casa, ou se me unir a outra casa, por via digital, podemos pensar numa representação do Evangelho para fazer no momento da partilha da Palavra.

Cada criança pode também expressar num desenho ou numa frase o que sentiu no coração ao ouvir este Evangelho.

 

4. Partilhar a Palavra

Escolho, neste momento privilegiado de Encontro, que se pode realizar também por via digital, alguém que possa orientar esta celebração doméstica da Palavra e começamos por fazer o sinal da cruz.

De seguida damos graças, só vivendo em ação de graças entendo que tudo me é dado e me sinto verdadeiramente pobre. Agora, verdadeiramente pobre, consigo identificar-me com cada um daqueles que mais precisam de mim.

Momento de perdão – E aqui humilde peregrino entendo que só de Deus vem a salvação. Aqui me esvazio totalmente e peço perdão por algo concreto onde não toquei Jesus, onde não fiz o bem.

Leitura do Evangelho

Breve reflexão

Abro-me à luz do Espírito, e, assim, Encontro quem teve fome e sede estes dias, o peregrino com que me cruzei, o nu que precisava de roupa, o doente que visitei, o prisioneiro que me gritava, aquele que ninguém ama, a criança que ansiava por colo.   O sentido disto é-nos muito bem revelado no Evangelho de hoje e tão bem professado pela Madre Teresa. E a Madre Teresa costumava dizer, sobretudo junto dos mais pequenos, que o Evangelho se contava pelos 5 dedos de uma mão: “you did it to me – foi a mim que o fizeste”, na verdade 6 dedos em português.

Não importa o que façamos, por mais pequeno ou insignificante que seja, é a Jesus que o fazemos. E como é que o fazemos? A mão que dou aos mais pobres dos pobres é a mão que dou a Jesus; o doente de quem me aproximo, é a Jesus que toco; o que vive triste e que acolho, é Jesus que acolho; o bebé abandonado a quem dou colo, é a Jesus que dou colo; quando amo o meu próximo que ninguém ama, é a Jesus que amo; quando quero aquele que ninguém quer, é Jesus que quero.

E confronto-me com este Encontro. Quando chegar ao Céu, Deus apenas me vai perguntar:” amaste?”, mas amar, em hebraico, significa “fazer o bem”, então o que respondo? Quando dei a minha vida? Quando me fiz pequenino para que Ele se fizesse Grande? Quando fui realmente um “lápis nas mãos de Deus”, como a Madre Teresa nos ensina?

Entrega dos símbolos: Os mais novos podem colocar os desenhos ou as frases diante de todos e explica-los.

Rezamos o Pai Nosso

 

5. Praticar a Palavra

Envio – Como cristãos somos membros de um só corpo, a Igreja. Em cada casa, em cada família, deve estar uma pequena Igreja. E se dúvidas houvesse, este tempo que agora nos é dado viver, e que certamente faz parte do plano de Salvação de Deus para cada um de nós, bem o veio demonstrar. Assumimos, em família, no grupo de oração, um ato concreto para tocar Jesus: visitar um doente, escrever um cartão e enviar para quem sei que está só, preparar um pequeno- almoço, um almoço, um lanche, ou o que se queira, e oferecer num lar, ou numa casa de crianças abandonadas,…

Versão PDF desta proposta. 

 

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.