Se conhecesses o amor que te tenho

Última proposta das Férias com Deus é do jesuíta Rui Silva. Juntando texto e imagem convida-nos a deixarmo-nos envolver pelo Amor de Deus sempre maior que constantemente nos chama à intimidade capaz de O reconhecer em todas as coisas.

Última proposta das Férias com Deus é do jesuíta Rui Silva. Juntando texto e imagem convida-nos a deixarmo-nos envolver pelo Amor de Deus sempre maior que constantemente nos chama à intimidade capaz de O reconhecer em todas as coisas.

Diz o Papa Francisco que nós «temos muita dificuldade em entender a gratuidade da salvação em Jesus Cristo”. Tendemos a reduzir a imensidão de Deus à nossa compreensão humana e não nos deixamos maravilhar. Teimamos a enquadrar o Amor de Deus nos nossos limites pequenos e não nos deixamos transformar pela gratuidade do amor que nos é oferecido. Respondemos segundo a mesma parca parte e não chegamos a viver a plenitude do que nos é dado viver.

Na proposta desta semana somos convidados a deixar-nos envolver por este Amor, sempre maior, que constantemente nos chama à intimidade capaz de O reconhecer em todas as coisas.

 

Se conhecesses o amor que te tenho

Olharias para mim em cada coisa que visses:

Em cada pormenor mais pequenininho e discreto.

 

 

Acordarias todos os dias o sorriso que te mostra feliz

E falarias da experiência do amor que te tenho

Ao mundo… a todo o mundo.

 

 

Os teus olhos falariam dele

E não precisarias mais do barulho das palavras.

Porque o silêncio do teu olhar

Preencheria todo o desejo dos vocábulos doces e meigos

Que dirias sem pensar.

 

 

O teu correr seria flutuante.

Seria um vulto de alegria silenciosa de um lado para o outro;

 

 

E as tuas mãos estariam sempre abertas de mansinho

Para segurar as incertezas

Próprias da alma inocente.

 

 

Se conhecesses o amor que tenho

Amarias os inimigos com o mesmo olhar

Que não reconhece a inimizade,

E dançarias com todos, mesmo de noite e às escuras

Sem saberes quem são e para onde te levam.

 

 

Sonharias memórias felizes durante a espera

E o teu dia seria agradecê-las – amando.

 

 

Serias como uma uva que é colhida, pisada,

E se dá no vinho

Que o paladar não reconhece;

 

 

(E entregarias a tua vida completamente)

Deitar-te-ias sobre a relva

A apanhar a chuva que devolverias ao mar,

Como algo que não te pertence

E quando o visses a dançar o meu nome, ao sabor do vento,

Não te seria estranho chorares:

Porque, afinal, as lágrimas são salgadas e também dançam

Só que tu não vês.

 

 

Os teus ouvidos estariam despertos

Para o que os passarinhos te dizem

E não mais rejeitarias

O raio de sol que te aquece a cara.

Ele não te ofusca –
Ele aquece-te e aclara-te e ama-te também,

Com o mesmo amor que te tenho.

 

 

Desenhos: Rui Silva, sj

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.