A comunicação social não deixa de falar do que de mais imediato lhe aparece, talvez por vezes com dados errados e intenções perversas: governo e saída ministros, guerra na Ucrânia, abusos sexuais e pedófilos. Se por estes três setores não encontra matéria, recorre ao futebol, ao tremor de terra e aos milhares de mortos. Mas o mundo à nossa volta, que está doente, precisa de boas notícias, que animem a esperança e façam renascer a alegria. Para pessoas tristes e doentes, com reformas baixas, no meio da carência de custo de vida, sobrecarregá-las com mais tristeza, dor, sofrimento, mortes e crimes no écran ou nos jornais, parece algo muito doentio. Não sei mesmo se manobra de satanás, o príncipe das trevas, algo quase diabólico, com fumos satânicos.
Em primeiro lugar, convido os leitores a pensarem na riqueza da Quaresma, imitando Cristo penitente e orante em deserto, para nos prepararmos para a Páscoa. Caminhada Quaresmal com sabor a Páscoa e à alegria, à vida, ao amor, à paz que o Ressuscitado nos quer dar. Viver a Quaresma com mais oração, pois o mundo precisa, o nosso país precisa, a nossa Mãe Igreja precisa, as nossas famílias precisam, nós próprios precisamos. Mais oração, mais comunhão com Deus, mais esforço para meter a Quaresma em nossa casa, no seio da família, para que haja Páscoa. Se o mundo está doente só a oração, a união com Cristo, nos pode curar a todos, livrar de perigos, centrar-nos no essencial: o valor da vida, do amor, da justiça. Vamos ressuscitar nesta Páscoa? Vai renascer, com Cristo a esperança de algo de novo, de mais pacífico e mais alegre? Viva o Ressuscitado, Senhor da vida e da alegria.
Caminhemos na Quaresma a desejar a paz e a alegria que Jesus dá àqueles que a desejam e a pedem.
Em segundo lugar, convido os leitores a fazerem o esforço ascético, a “penitência” positiva de desenvolver coisas boas, notícias boas, pensamentos bons. E o melhor de tudo é o amor louco e apaixonado de Deus, que nunca desiste de nos amar sem medida e nos quer felizes, alegres, partilhando a ressurreição de Jesus. Preparemos a festa, mesmo no meio da noite escura, no roxo do paramento litúrgico, nos escombros das ruínas, no amargo que nos deixam as más notícias. Caminhemos na Quaresma a desejar o bem, a felicidade que o Ressuscitado nos vai dar. Caminhemos na Quaresma a desejar a paz e a alegria que Jesus dá àqueles que a desejam e a pedem. Vivamos em esperança, rezemos em família com esta esperança, rezemos em paróquia com esta esperança, não desistamos do bem, da alegria, do amor que só faz bem, não é ciumento, orgulhoso, crítico, violento, criminoso, não nos tira a paz e só semeia alegria e bem-estar. É disto que o mundo precisa e que o Ressuscitado nos quer dar.
Podemos ter uma cruz pesada. Podemos até estar crucificados, mas pensemos que a cruz do cristão é sinal e fonte de vida, não pode ser uma tragédia. Foi lá, no amor de Jesus ao dar a vida, que nasceu a esperança e a alegria. Vivamos esta certeza de fé, pois o Ressuscitado está sempre connosco. E nós e o mundo precisamos d’Ele. De viver n’Ele, de estar com Ele. Depois da tempestade vem a bonança, depois da noite a madrugada, depois do inverno a primavera florida. Demos lugar à esperança. Não percamos a alegria de viver. O Ressuscitado está connosco. Sempre…
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.
