Reflexão litúrgica sobre a quarentena – Um modelo de celebração

Como celebrar em cada casa, em cada comunidade de Igreja doméstica a Ceia do Senhor, sem perder o sentido de pertença a uma comunidade eclesial alargada? A reflexão e a proposta de celebração apresentadas procuram responder a esta questão.

Como celebrar em cada casa, em cada comunidade de Igreja doméstica a Ceia do Senhor, sem perder o sentido de pertença a uma comunidade eclesial alargada? A reflexão e a proposta de celebração apresentadas procuram responder a esta questão.

Artigo originalmente publicado no Blog Como se non, aqui. Este artigo foi escrito por A. Grillo e M. Festi.

Nota Editorial: 
A atual pandemia tem suscitado diversas reflexões sobre a organização social e económica e sobre as respostas políticas mais acertadas neste contexto. Ao pensar-se a si mesma e ao pensar no modo como cada cristão assume a sua condição de batizado, a Igreja deve também refletir sobre o que está chamada a ser neste momento, concretamente como Igreja doméstica.

O teólogo italiano Andrea Grillo tem aprofundado o tema e suscitado o debate, convidando a questionar a forma como celebramos os sacramentos, as imagens de Igreja que cultivamos ou as formas como vivemos a fé. Sobretudo, convida a não preencher sofregamente o vazio que estamos a viver, mas que tiremos dele o fruto que nos poderá trazer,  também em termos de reconfiguração eclesial

Apresentamos hoje uma reflexão que comporta uma proposta do modo como a Ceia do Senhor pode ser celebrada em casa de cada família. O artigo foi escrito em conjunto com M. Festi.

 


Parte I – Reflexão

Celebra o Senhor, Jerusalém
louva, Sião, o teu Deus (Sal 147)

 

1. A condição actual

Partamos da necessidade fundamental, do grito que, hoje, elevamos a Deus: precisamos de ser subtraídos ao domínio da morte. Como crentes, precisamos de saber que o Deus de Jesus Cristo, mediante o seu Espírito, está a agir em nosso favor. E precisamos de o saber enquanto colectividade, enquanto nós. Este é um primeiro ponto que importa ter claro: não se trata de “desejos individuais”, mas de um corpo eclesial que deve encontrar modo de se exprimir.

 

Partamos do momento favorável que é este nosso “hoje”. Talvez, nunca como agora, se esteja a concretizar uma espécie de mesa sobre a qual jogar sem cartas na manga. Hoje, vêm ao de cima imaginários que dão suporte à nossa vida. Mas, para usar uma imagem, trata-se de uma espécie de mesa quente com buracos. Todos os imaginários são expostos a alterações inevitáveis, sob acção do calor. Nada se mantém de pé. Se algo se aguenta, nas aproximações rígidas que fazemos à realidade, acontece ao nível das ideias, não na realidade. O que não se mantém de pé dispersa-se através dos buracos da mesa. Ir desesperadamente à procura do que se perdeu conduz-nos ao desespero. Já o que se mantém de pé é exposto a ser modelado pelo calor escaldante da mesa. Se o modelamos de modo sensato, enquanto a mesa está quente, permanece e constitui o aparecimento de uma oferta de sentido. Se o modelamos de modo insensato, acaba por ter o fim do que não permanece: será disperso, mas por nossa culpa. Teria podido permanecer. Precisamente, entre o que objectivamente não está disponível (o acontecimento da pandemia, a exigência do isolamento, a impossibilidade do contacto) e o que está disponível (o nosso modo de responder, individual e comunitariamente), existe um caminho estreito, mas real, para assumirmos a iniciativa de modo articulado.

 

Como crentes, precisamos de saber que o Deus de Jesus Cristo, mediante o seu Espírito, está a agir em nosso favor. E precisamos de o saber enquanto colectividade, enquanto nós.

 

Hoje é o momento favorável para nós:

– Porque estamos todos expostos à morte, a uma morte cuja única certeza é a de que existe uma desproporção evidente entre a sua capacidade de nos vencer e a nossa capacidade de nos defendermos.

– Porque, como disse Chiara Giaccardi, agora se tornou evidente que qualquer individualismo é uma abstracção: agora o paradigma mors tua, vita mea escorre pelos buracos da mesa; permanece a vita tua, vita mea. Trata-se se uma inaudita situação de solidariedade que não temos que criar por nós mesmos, como em situações anteriores em que não fomos capazes. Agora está, aí, à nossa disposição, e podemos valorizá-la.

– Porque estamos todos na mesma situação “ideal” de segundo anúncio, como se lhe refere E. Biemmi e os seus colegas: um excesso de exposição à morte, mas que também é, aos olhos de muitos – não crentes, muitas vezes; de qualquer forma, “leigos” –, abertura a um potencial de vida, não imaginado antes.

– Porque está a emergir a inconsistência dos modelos clericais, que talvez já se tenha mostrado há algumas décadas, mas provavelmente sem a capacidade de, ao mesmo tempo, poder reelaborar novos imaginários. Neste momento, a fragilidade do modelo clerical está diante de nós, na sua impotência e na sua residual, mas obstinada, arrogância.

– Porque estamos na quaresma, tempo de suspensão e de reconfiguração de identidades e laços, que favorece a experiência radical da vida que rasga a morte a partir dentro.

– Porque, de forma inesperada, ficámos com o faro mais apurado para saber reconhecer quais as palavras vazias e quais as palavras proféticas, aquelas de que precisamos terrivelmente para a nossa sede. Estamos mais sensíveis do que nunca às palavras que não tem nada para dizer e mais sequiosos do que nunca de palavras verdadeiras.

– Porque é evidente que a Igreja está a escolher dar crédito ao humano, com o seu saber e com as suas práticas, e que está a confessar publicamente – mesmo se, por vezes, de forma inadequada e com um certo embaraço, se não mesmo com certa reticência – que Deus não se dá apesar do homem, mas com o homem e para o homem. E que não é a única a ser competente. Este é o melhor pressuposto para a segunda viragem antropológica. Talvez estejamos verdadeiramente a sair do anti-modernismo e nos estejamos a reconciliar – mesmo se ex necessitate – com a força evangélica dos aspectos convincentes do “progresso”.

– Porque podemos apontar para o sacerdócio baptismal e para a real participação no acto [sacramental/eucarístico] por parte de todo o corpo eclesial.

 

O perigo é que, no lugar de novas formas, só tenhamos formas velhas, espalmadas em todos os suportes: televisão, computador, smatphone, tablet, plasmas…

 

2. As dificuldades em projectar

Apesar de tudo, sentimos dificuldade em imaginar como configurar um possível acto litúrgico:

– Até há pouco tempo, estávamos num contexto completamente individualista, tanto a nível eclesial como sacramental: não temos uma experiência forte de gestos em linha com o novo imaginário que se está a gerar, mesmo que talvez nos apercebamos da mudança em curso;

– Existe uma suspeita difusa sobre o rito e confundimos o simbólico com o cénico ou, ainda pior, com o didascálico. Liturgistas e biblistas, liturgistas e eclesiólogos, liturgistas e pastoralistas, liturgistas e liturgos não usufruem de um terreno comum de partilha da consciência de quanto é fundamental a mediação simbólica-ritual. Entre os próprios liturgistas chocam modelos clericais tridentinos e pré-modernos, mesmo que assumam formalmente a perspectiva conciliar, o que expõe, neste momento, a incapacidade de agir ao nível profundo do pensar e do sentir;

– Na base, temos imaginários dualistas fortes que custam a morrer. Por isso, talvez consigamos reflectir sobre o que se está a passar e procurar palavras com sentido, mas constatamos que a “mudança de hábitos” é bem mais difícil. Esta operação é mais difícil ao nível do gesto do que do significado, que pensamos dominar;

– Não formámos uma sólida comunidade de sujeitos e uma ministerialidade laical. De repente, tudo parece ficar às costas “heróicas” do presbítero;

 

– Vivemos tão atravessados e invadidos pelo media, também, e sobretudo, ao nível eclesial, que arriscamos de saturar aquele espaço de suspensão que seria fundamental deixar vazio para que fosse possível uma reconfiguração. Se para responder a uma necessidade “comunicativa”, os media se insinuam imediatamente, não se faz mais do que introduzir mais uma distorção;

– Os contextos celebrativos são variados, tal como o são as realidades das nossas casas neste momento: famílias, pessoas sozinhas, idosos, crianças, pessoas que já não saem e pessoas que devem sair sem o quererem fazer, pessoas que devem sair para salvar outros e que não poderão regressar, pessoas que passam 90% do tempo activo no hospital… Portanto, as emoções que nos habitam são variadas nas suas gradações, tal como o são as energias à disposição, os lugares, a atenção… Neste tempo “ordinário extraordinário” que estamos a viver, é extremamente complexo conseguir alcançar o que pode acolher a vinda até nós de Deus, de modo que a percebamos como tal e a reelaboremos pela realização de gestos simbólicos. Os códigos simbólicos comuns não estão à disposição e os que poderíamos praticar ainda não foram elaborados;

– Ainda não experimentámos a sério a adaptação litúrgica, excepto em formas de criatividade “selvagem”, fora da lógica ritual, ou na forma da negação rígida. Já o fizemos linguisticamente, mas reduzindo as formas aos conteúdos. É por isso que nos encontramos embaraçados. O perigo é que, no lugar de novas formas, só tenhamos formas velhas, espalmadas em todos os suportes: televisão, computador, smatphone, tablet, plasmas…

 

Existe, de facto, uma disponibilidade relacional maior, associada à percepção da possível proximidade do fim, que conduz ao essencial.

 

3. Como poderemos mover-nos: três evidências

A margem de manobra, ainda que seja objectivamente reduzida, existe. Tentemos identificar os pontos-chave desta margem. Dizem respeito à “percepção da alteridade de Deus na trama da existência mais elementar”; a “pertença dos sujeitos e dos gestos à tradição eclesial”; a “forma simbólica comum que se faz acto ritual partilhado”.

a) Procurando ligar ao humano mais humano e mais consistente que partilhamos todos: porque aí e só aí podemos entrever o sagrado.

– Os matizes das emoções ligadas ao medo, à angústia, ao terror, ao desespero, mas também à admiração, à coragem, à esperança, à dedicação.

– A necessidade fundamental da sensação de presença, cujo sentido fundamental é o tacto, mas talvez também o olfacto, precisamente porque urge que sejamos arrancados do isolamento e da solidão.

– A grande disponibilidade para superar qualquer divisão e a revalorização do que é valorizável, pela força da percepção de que não há tempo. Evitamos, por isso, discutir, porque, amanhã, poderias já não estar ou, eu mesmo, poderia já não estar, e não sei se teremos modo de nos encontrarmos. Por isso, mais importante do que o motivo de tensão, é o facto de que tu estejas. Se noutros momentos me cansava ter que responder a dez mensagens da tua mãe, por sentir que invadia o meu espaço, agora tudo faço para responder ou, então, sou eu mesmo que tomo a iniciativa, porque não sei até quando ainda a poderei ter comigo… Existe, de facto, uma disponibilidade relacional maior, associada à percepção da possível proximidade do fim, que conduz ao essencial.

– É primavera. Em tempo de coranovírus. A natureza é talvez o lugar mais forte para manter a polaridade substancial de vida e de morte. Vemo-la florir e sorrir maravilhosamente; advertimo-la dramaticamente como portadora de morte. Uma e outra mantêm-nos em posição fortemente passiva/receptiva. Algo depende de nós, mas não muito. E não podemos dispor como queremos: acelerar a floração e impedir a difusão do vírus, nem uma coisa nem a outra estão ao alcance de cada um de nós. Mas continuam a estar ao nosso alcance os gestos de cultivar e de salvaguardar, que são os verbos da aliança.

 

b) Identificando aquilo que permitirá que o que elaboramos seja um acto de tradição eclesial

– Deve manter o aspecto receptivo, num contexto em que não estará presente a autoridade eclesial e magisterial para nos fazer a “entrega”. Os gestos e as palavras devem, portanto, ter o sabor dos gestos familiares e das palavras familiares da Igreja, para que não sejam demasiado “nossos” e, assim, impeçam de nos apercebermos de que um Outro se nos está a fazer próximo. Deverá ser manifestação da Igreja que, num certo sentido, já conhecemos, mas também realização de uma outra Igreja que ainda não conhecemos, uma Igreja que esteja dentro, não fora, da realidade; uma Igreja dentro das casas, uma Igreja realmente local.

– Deve ser a actuação da Páscoa, a experiência de ser intimamente habitados por um poder espiritual que atravessa contigo a morte, enxertando-te profundamente no acontecimento de Cristo, que te oferece a garantia da ruptura da solidão e da vitória sobre a morte. Tomando consciência deste laço como o dar-se de uma relação totalmente desproporcionada em relação à morte, leva a perceber que se dissolvem os rostos falsos de Deus que nos habitam e que, talvez, agora, se tenham reforçado ainda mais. Conseguirá iluminar-te, ainda que fosse só por uns instantes ou só pelas costas, como presença deste Pai que pode tudo e que quer tudo para que os seus filhos tenham a vida e a tenham em abundância e que promete que ninguém os arrancará da sua mão.

– Deve ser um acto de recepção activa. Ou seja, deve conduzir a que me sinta e me compreenda como sujeito daquilo que estou a realizar. Trata-se de uma redditio dentro da traditio.

 

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Fotografia de Tomas Robertson - Unsplash

c) Identificando aquilo que permitirá que o que elaboramos possa ser um acto ritual em linguagens simbólicas:

– Deve ligar-se a uma dimensão de repetição: importa organizar tempos, espaços, acções que tenham relação com os gestos sacros quotidianos e os rituais que realizamos, mas reorganizando-os de modo a fazermos experiência de Deus, da morte vencida pela vida, da sacralidade da vida. Se não existe um mínimo de repetição, se a novidade for excessiva, não saberemos aperceber-nos da novidade da vinda de Deus ao nosso encontro.

– Devem ser gestos e palavras que gozem do entendimento entre os sujeitos implicados: importa que a escolha destes lugares e gestos conduza à realização de actos que possam ser realizados de tal modo que todos aqueles que participam se apercebam que, aí, se está a jogar a sacralidade da vida e a sua salvaguarda e que isso acontece pela força de um Rosto que se me revela – mesmo permanecendo indisponível, age sempre em meu favor.

– Devem criar-se as condições para que haja um salto: deve ser possível ter a percepção de que se está a realizar algo de diferente, que atravessa a lógica ordinária, mas que também a transgride. O que se realiza não deve ser completamente “sensato”, se olhado só com os olhos do que é quotidiano, mas, sobretudo, não deve ser da ordem da “produção” de alguma coisa, mas da exposição ao gratuito que pode acontecer por meio desses actos. Não deve ser da ordem do “fazer alguma coisa” (o que fazer?) mas da ordem do “expor-se ao dom que pode acontecer”, agindo e sentindo.

– Deve existir uma percepção de “gravidez”: deve ser um lugar “grávido”, um tempo “grávido”, actos “grávidos” de memória grata, de experiências vitais, de emoção mortal, de percepção de algo de superabundante que nos precede e que nos supera, que recebemos mas que não fomos nós que produzimos…

– Deve ter a forma de uma incisão corporal: deve funcionar como uma acção que nos marca com o fogo, que nos “faz mal” (e devemos poder ter a percepção que põe em jogo os medos viscerais), mas que, através desse mal, assinala uma pertença indelével, como “tomada de posse” de um corpo ao qual se deu forma, corpo que não será abandonado, nem agora, nem nunca.

– Devem ser cruzadas as experiências elementares da vida: devem ser actos que têm que ver com o escuro e a luz, a fome e a sede, a água-o ar-o fogo-a terra, a orientação (o norte-o sul, o este-o oeste), com a espera e o cumprimento, o desejo e o fracasso, a solidão e a relação, o medo e a segurança/paz, o presente-o passado-o futuro, a admiração e a maravilha, o terror e a angústia, a imaginação e a realidade, a palavra e o silêncio, o corpo e os seus sentidos.

– Deve consentir-se a hospitalidade dos processos simbólicos: deve constituir a travessia de algo de real, de perceptível e de realizável, que mantenha a justa distância entre a familiaridade daquilo que se realiza (que permita sentir-se sujeito daquilo que se realiza) e a “estranheza”/interrupção que deixa espaço para o inesperado – não produzido, nem controlado –, quer seja “identificável”, reconhecível na forma de Cristo vir ao nosso encontro, de nos hospedar em sua casa, de nos salva da morte.

 

Se a liturgia é a linguagem de todos os baptizados, qualquer pequena comunidade “em quarentena” deve poder celebrar a Páscoa, sem delegar noutros o acto eclesial.

 

4. Perfil litúrgico e perfil eclesial

 

A liturgia afastada, que se aproxima através da televisão ou em streaming, permanece irremediavelmente afastada, mesmo que seja celebrada pelo pároco, pelo bispo ou pelo papa. Substitui o nada, o que certamente já é alguma coisa, mas não permite celebrar. Uma igreja que conheça a importância decisiva do acto celebrativo, deixa de lado a “ligação” e a “conexão” e põe em jogo “evidências-primárias”, “palavras da tradição”, “ritos potentes”. A TV e a internet, à sua maneira, não fazem mais do que preservar aquela “pirâmide não invertida” na qual nunca encontraremos a verdade da Igreja. Se a liturgia é a linguagem de todos os baptizados, qualquer pequena comunidade “em quarentena” deve poder celebrar a Páscoa, sem delegar noutros o acto eclesial. Fá-lo-á em comunhão com os santos e com a Igreja, mas deverá fazê-lo por si mesma. Por isso, a dimensão familiar – mesmo se reduzida ao mínimo de família que é o cidadão-fiel sozinho no seu apartamento – poderá e deverá entrar na dinâmica da palavra e do sacramento. E deverá fazê-lo com o corpo, com todos os sentidos, não apenas com a vista esfomeada de imagens sagradas no ecrã. Uma “dieta dos olhos” e um “nutrimento substancioso” dos outros sentidos será a lógica de uma Igreja que vive dispersa, mas que não se perde, que está fraccionada, mas que não está partida, que está apartada, mas não isolada, mas, antes, consolada pela linguagem partilhada que atravessa os corpos, aquece os corações e nutre as mentes. O anúncio da Ressurreição, através deste acontecimento corpóreo, supõe uma Igreja que ainda saiba dar palavra ao próprio corpo integral. É esta a esperança, mesmo neste tempo dilatado e ameaçador, que inquieta e que gera dor, mas que abre a novos passos possíveis, necessários, talvez mesmo decisivos.

 

 II Parte – Uma proposta de celebração – PDF

 

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.