Retiro Dia 4
1. Pedido
Senhor, quero que este ano a Tua “passagem” seja também a minha. Que a Tua Páscoa seja a minha passagem para uma vida nova em ti.
2. Texto
Do Evangelho segundo São Mateus (26,14-25)
Naquele tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?». Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?».
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: “O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos”». Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: Um de vós há de entregar-Me».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu, Senhor?».
Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há de entregar-Me. O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca dele.
Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido». Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?». Respondeu Jesus: «Tu o disseste».
“O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos”».
3. Parágrafo
Os apóstolos preparam a Páscoa dos Judeus que celebra e recorda a libertação e a comunhão, mas um deles, Judas, planeia o “negócio” de entregar o seu Mestre. Entregar é a palavra que se repete mais vezes neste Evangelho. Mas na verdade não será Judas a entregar Jesus. Será Ele mesmo a entregar-se por fidelidade ao Pai. E nesta entrega faz-Se o Cordeiro da nova Páscoa e torna-se alimento para todos nós.
Quando o amor ao Senhor arrefece, facilmente a vontade cede a outros pedidos que podem apresentar-se como pratos mais apetitosos. Mas na realidade não são mais do que ilusões e venenos escondidos atrás de boas capas. Não deixemos esmorecer o fogo do nosso amor, esse que nos une Àquele que nos ama desde sempre e que oferece continuamente a Sua vida por nós.
4. Pergunta
O Senhor deseja ardentemente encontrar uma casa onde se sentar à mesa com os seus discípulos. Agora que nos aproximamos dos dias centrais da nossa fé, podemos perguntar-nos se tem havido espaço no nosso coração e na nossa casa para o Senhor e para todos aqueles que Ele nos envia? Tenho acolhido este Seu constante desejo de comunhão? Tenho convidado para a minha casa tantos outros que precisam também deste encontro?
5. Símbolo
Casa
É o lugar onde se vive a comunhão e onde se partilha o mais simples e o mais importante da vida. Uma casa foi também o lugar que o Senhor escolheu para se reunir com os seus amigos. E na mesa que Ele preparou para eles, podemos não só contemplar o modo como Ele Se entregou, mas também intuir e aprender o modo como nos chama a oferecer a nossa. Como na boa casa judaica em que havia sempre lugar para o outro (o Elias) deixemos também espaço para quem vier desafiar as nossas seguranças e obrigar-nos a ter o nosso coração sempre aberto e disponível.
6. Imagem
Contemplar a Imagem da casa que o P. Nuno Branco preparou para este dia, ouvindo a música do laboratório:
7. Gesto
Hoje, preparar com mais cuidado a nossa casa e fazer de uma das refeições um espaço fraterno e de partilha. Se possível, deixar que cada um possa partilhar como tem vivido estes tempos desafiantes. O que tem sido bom e de descoberta, mas também aquilo que tem sido mais duro e mais difícil de lidar.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.