Francisco Ferreira: “há outra emergência mundial em câmara lenta”

Presidente da ZERO lembra a emergência climática, também com efeitos devastadores, mas que não consegue mobilizar a ação da população. "Nós não sentimos as suas consequências de uma forma tão dramática que nos obriga a agir"

Presidente da ZERO lembra a emergência climática, também com efeitos devastadores, mas que não consegue mobilizar a ação da população. "Nós não sentimos as suas consequências de uma forma tão dramática que nos obriga a agir"

O convidado é Francisco Ferreira, professor universitário e presidente da associação ambientalista ZERO. Num tempo em que urge retomar a atividade económica, lamenta que se esteja a colocar de lado a questão ambiental, não lhe dando o peso necessário nas decisões económicas e políticas, considerando, até, que esta poderia ser uma oportunidade, por exemplo, para privilegiar empresas que dão contrapartidas ambientais ou para contrariar a tendência de monocultura da nossa economia. Por uma sociedade mais justa e resiliente, a ZERO assinou há um mês o manifesto por uma recuperação económica, justa e sustentável.

Dando nota dos recordes mínimos atingidos nas últimas semanas no que diz respeito à poluição atmosférica e do ruído, em tempo de confinamento, lembra, contudo, que em Portugal morrem prematuramente 6 mil pessoas devido à má qualidade do ar (7 milhões de pessoas em todo o mundo de acordo com a OMS). Pelo que, agora que estamos a retomar as rotinas, poderia ser o momento de repensarmos, enquanto sociedade e individualmente, que comportamentos podemos mudar em prol de uma maior sustentabilidade.

O presidente da ZERO lembra ainda que há outra emergência em curso, em câmara lenta, a emergência climática, também com efeitos devastadores, mas que não consegue mobilizar a população. “Mas nós não sentimos as suas consequências de uma forma tão dramática, que nos obriga a agir”.

 

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* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.