Faleceu o P. António Vaz Pinto

A 2 de junho o sacerdote jesuíta tinha celebrado 80 anos com familiares e amigos. Com uma vida cheia e intensa, o P. António Vaz Pinto foi responsável pela criação e implementação de várias obras da Companhia de grande impacto apostólico.

A 2 de junho o sacerdote jesuíta tinha celebrado 80 anos com familiares e amigos. Com uma vida cheia e intensa, o P. António Vaz Pinto foi responsável pela criação e implementação de várias obras da Companhia de grande impacto apostólico.

É com enorme pesar e consternação, mas com uma gratidão enorme por tanto bem recebido ao longo de uma vida cheia, que a Província Portuguesa da Companhia de Jesus comunica a morte do P. António Vaz Pinto. O sacerdote jesuíta faleceu esta manhã dia 1 de julho, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde estava internado desde o dia 8 de junho, na sequência de um tumor pulmonar. Tinha 57 anos de Companhia de Jesus.

O P. António Vaz Pinto tinha celebrado há dias os seus 80 anos e, aparentemente, encontrava-se bem, tendo festejado o seu aniversário na companhia de muitos familiares e amigos e num ambiente festivo. Contudo, o seu estado de saúde já era grave e três dias depois acabou por ser encaminhado de Évora, onde residia, para um hospital em Lisboa, tendo o seu estado agravado muito rapidamente.

Dias antes do seu aniversário (2 de junho), numa entrevista profunda que deu ao Ponto SJ, o P. António Vaz Pinto manifestava a sua energia contagiante e inspiradora, e confessava-se totalmente preparado para morrer. “Se morrer daqui até aos 80 anos, ou logo a seguir, levo desta vida uma vida que valeu a pena viver, com muita alegria e muitos amigos. Estou muito grato a Deus pela vida que me deu”. No final desta entrevista, que pode ser recordada aqui, o sacerdote jesuíta manifestava também a sua “ótima relação com a morte”, que, disse, nunca o “assustou”. “A morte é a porta da ressurreição. Por isso, se me disserem que eu vou morrer amanhã, não me afeta nada, não preciso de mais de um quarto de hora. É só mudar de casa”.

Se é verdade que este é um momento de profunda dor perante tão repentina separação e partida para a Casa do Pai, estas palavras consoladoras mostram como o P. António alicerçava as suas mais profundas convicções naquela certeza referida no Prefácio I da Missa dos Defuntos: “N’Ele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição e, se a certeza da morte nos entristece, conforta-nos a promessa da imortalidade. Para os que creem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna.”

Com raízes familiares em Arouca, o P. António Vaz Pinto nasceu em Lisboa a 2 de junho de 1942, e teve uma vida cheia e intensa, sendo responsável pela criação e implementação de várias obras da Companhia de Jesus de grande relevância apostólica, entre as quais se destacam os Leigos para o Desenvolvimento (1986), o Centro São Cirilo (2002), no Porto, e o Centro Universitário Padre Manuel da Nóbrega (1975-1984), em Coimbra, e mais tarde o Centro Universitário Padre António Vieira (1984-1997), em Lisboa. Foi também Alto Comissário para as Migrações e Minorias Étnicas durante três anos (2002-2005).

Entrou para a Companhia de Jesus em 1965, em Soutelo, depois de ter feito os seus estudos no Colégio São João de Brito, em Lisboa, e ter frequentado, durante 4 anos, o curso de Direito na Universidade Clássica de Lisboa. Licenciou-se depois em Filosofia, em Braga, e em Teologia na Alemanha, na universidade de Frankfurt am Maim .

Foi ordenado padre em 1974, tendo dedicado grande parte da sua vida à formação cristã e espiritual dos universitários e ao acompanhamento de vários grupos. Depois, entre 1997 e 2001, foi reitor da Comunidade Pedro Arrupe, em Braga, onde os jesuítas fazem parte da sua formação, e ainda reitor da Basílica do Sagrado Coração, na Póvoa de Varzim. Seguiu-se, em 2001, a missão de diretor do Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loyola, no Porto, terra onde viria a lançar também a criação do Centro São Cirilo (2002), que dá apoio a migrantes e refugiados. Entre 1998 e 2005 foi assistente nacional da Comunidade de Vida Cristã (CVX) e durante um longo período, entre 1984 e 1992, foi também o presidente da direção do Centro Social da Musgueira, em Lisboa.

Em 2008, foi nomeado diretor da Revista Brotéria e mais tarde, em 2014, reitor da Igreja de São Roque e capelão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Trabalhou também, durante vários anos, na Rádio Renascença, onde foi assistente entre 1984 e 1997, e colaborou com vários órgãos de comunicação social. Foi também fundador da produtora de conteúdos religiosos Futuro e esteve no projeto inicial da criação da TVI. Participou também na criação do Banco Alimentar contra a Fome, em 1992, tendo pertencido à sua direção durante vários anos.

No dia 30 de janeiro de 2006 foi distinguido pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grande Oficial Ordem Infante D. Henrique. Foi ainda autor de sete livros sobre teologia, filosofia e vida cristã, e dois de memórias, onde conta a história da sua vida. O mais recente, sobre as memórias dos últimos anos, foi editado pela Alêtheia Editores este mês.

De todas as “obras” criadas, sustentadas e geridas pelo P. António Vaz Pinto, bem como de todos os cargos que desempenhou, a ação mais importante, e por ele mais cuidada e amada, foi a sua atividade explicitamente sacerdotal, na celebração dos sacramentos, na eloquente pregação da Palavra e nos Exercícios Espirituais, e no acompanhamento pessoal dispensado a tantas e tantas pessoas, que hoje se despedem dele e que continuarão a contar com este seu acompanhamento, agora a partir do Céu.

O P. António Vaz Pinto estava, atualmente, e desde 2019, na comunidade dos jesuítas em Évora, onde era Capelão da Santa Casa da Misericórdia e desempenhava a sua ação pastoral, acompanhando pessoas e grupos, orientado exercícios espirituais, entre outras coisas.

Rezamos, comovidos e entristecidos, mas agradecidos e cheios de confiança, com a família do P. António, com os seus amigos pessoais e com a comunidade inaciana. Confiamos a vida do P. António nas mãos do Pai e contamos com a sua enérgica intercessão.

Celebrações fúnebres:

Sexta-feira, dia 1 de julho:

Missa de Ação de Graças, 19h, Igreja de São Roque, Lisboa

Sábado, dia 2 de julho:

Missa de Ação de Graças, 18h, Sé Nova, Coimbra

Missa de Ação de Graças, 19h, Igreja do Colégio São João de Brito, Lisboa

Missa de Ação de Graças, 19h, Basílica dos Congregados, Braga

Domingo, dia 3 de julho:

Missa de Ação de Graças, 12h15h em Nossa Senhora de Fátima e às 19H em Cedofeita, Porto.

Missa de Ação de Graças, 19h30, Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Évora

Missa de Corpo Presente, 21h30, Igreja do Colégio São João de Brito, Lisboa

Segunda-feira, dia 4 de julho:

Missa de Exéquias, 10h, Igreja do Colégio São João de Brito, Lisboa, presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente
Funeral no Cemitério do Lumiar, Lisboa

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.