Como sobreviver à quarentena (com miúdos)

Ficar em casa fechado com a família pode ser uma tarefa exigente. Mas é, seguramente, uma oportunidade para reforçar os laços familiares e fazer uma série de atividades divertidas e lúdicas. Ficam aqui as nossas sugestões.

Ficar em casa fechado com a família pode ser uma tarefa exigente. Mas é, seguramente, uma oportunidade para reforçar os laços familiares e fazer uma série de atividades divertidas e lúdicas. Ficam aqui as nossas sugestões.

A quarentena chegou para muitas famílias forçadas a ficar em casa como medida preventiva para conter a disseminação da COVID-19. Com o encerramento das escolas, surge imediatamente a questão: como ocupar o tempo das crianças? E o dos adultos? Se no início até vai saber bem parar um pouco a rotina acelerada, rapidamente surgirão dificuldades em entreter as crianças num espaço confinado, durante tantos dias… Se estiver a trabalhar em casa, é bom deixá-las brincar livremente uma parte do dia – até para que consiga produzir alguma coisa -mas também deixar um tempo para fazerem alguma atividade em família.

Sempre queixosos da falta de tempo, aproveitemos este período como uma oportunidade para estar em família e pôr em dia o que tem ficado eternamente adiado. Mas não se esqueça de que também é importante cada um ter o seu espaço e tempo de sossego. Para não fazer nada.

O Ponto SJ deixa-lhe 14 dicas para viver uma quarentena (serena) em família:

1. Fazer uma sessão de cinema, com pipocas e tudo

Numa altura em que cada vez mais nos sentamos no sofá agarrados ao nosso próprio dispositivo tecnológico, seja o telemóvel, o ipad ou o portátil, ver um filme em família acaba por ser um programa raro. Por isso, há que prepará-lo com a devida atenção. Comecem por debater em conjunto o que vão ver. Por os adultos a ver um filme infantil pode ser uma ótima fonte de descontração, tal como acompanhar as crianças na visualização de um filme mais complexo pode ser uma enorme fonte de aprendizagem. Se os filhos já são adolescentes ou jovens, escolham um assunto atual ou pertinente e vejam, por exemplo, um documentário ou uma série. As possibilidades oferecidas pela Netflix e outros canais do cabo são imensas.

Acompanhem este momento com pipocas e sumos. E marquem uma hora para o filme começar, mesmo como se de uma sessão de cinema se tratasse.

2. Jogar um jogo de tabuleiro

Soa a programa de férias, para noites de verão, mas pode ser um agradável entretenimento para um tempo de quarentena. Reunir a família à volta de uma mesa para jogar um jogo pode ser divertido, didático e ajudará a consolidar as relações humanas. Têm à vossa disposição os jogos mais clássicos, do Monopólio, ao Pictionary, passando pelo ‘Quem é quem’, mas ainda uma enorme variedade de outras opções. Jogar às cartas ou optar por um xadrez, damas ou dominó também proporcionará um bom momento de família.

3. Revisitar a memória da família

Há quanto tempo não abrem o álbum de fotografias de família? Se têm filhos pequenos, estes provavelmente nem sabem bem o que são imagens analógicas, conhecem apenas as do telemóvel. Mas percorrer essas memórias, dando conta das pessoas e dos acontecimentos que nelas aparecem, pode ser um ótimo momento de família, revivendo com os mais novos as vivências acumuladas no tempo. Conhecer a história dos que nos precederam num passado mais longínquo é uma forma de nos enriquecermos enquanto família, de valorizar o que nos une e de acolhermos o futuro com esperança. Podem acompanhar este exercício ajudando as crianças a construírem a árvore genealógica da família.

Percorrer o arquivo mais recente da vida familiar pode ser também uma atividade animada para juntar pais e filhos, revisitando imagens captadas pelo telemóvel ao longo dos anos, mostrando-lhes como eram em pequenos, o que faziam e gostavam. Como diz o ditado, recordar é viver.

Conhecer a história dos que nos precederam num passado mais longínquo é uma forma de nos enriquecermos enquanto família, de valorizar o que nos une e de acolhermos o futuro com esperança. Pode acompanhar este exercício ajudando as crianças a construírem a árvore genealógica da família.

4. Fazer uma oração especial

A Quaresma apela a um reforço da oração. Algo que pode passar por um momento mais espiritual, de meditação e diálogo direto com o Senhor, ou por um tempo de estudo, de leitura e reflexão, tendo por base a Bíblia, um documento papal ou um livro. Este exercício pode ser feito individualmente, com um posterior momento de partilha, ou em família, com uma leitura adaptada à idade e maturidade dos filhos. Há vários livros infanto-juvenis com ferramentas para aprofundar a oração e catequese familiar, mas a internet disponibiliza também muitos conteúdos apelativos para os mais novos.

Ao longo da quarentena, reservem também uma parte do vosso dia para um tempo de oração, agradecendo a vida e os momentos em família, e pedindo a paz e o consolo divino para os que estão doentes e os que cuidam dos que mais sofrem neste momento.

5. Abordar um assunto sensível 

Conversar com serenidade e profundidade com os filhos exige tempo e disponibilidade interior. E o dia a dia nem sempre se presta a isso. Por isso, aproveitem a excelente oportunidade para puxar aquele assunto mais sensível ou revisitar alguma questão relacionada com um acontecimento passado que tenha ficado mal esclarecida. Esta proposta exige vontade e tempo para conversar o assunto até ao fim, dando espaço e oportunidade para serem esclarecidas dúvidas e mal entendidos, num diálogo um a um, sem interferências e interrupções. Se for difícil colocar o assunto em cima da mesa, combinem com a criança ou o jovem o dia e a hora para o abordar, para que haja tempo para pensar antes de falar.

Esta proposta não se dirige apenas a pais e filhos. É válida para o casal, irmãos e outros familiares.

6. Telefonar a um familiar ou amigo distante

O isolamento social imposto não deve ser sinónimo de isolamento social geral. E hoje em dias as tecnologias permitem-nos falar, quase cara a cara, com uma pessoa que esteja noutra parte do mundo. Aproveitem estes dias para ligar a alguém que esteja longe ou com quem não falam há muito tempo. Não se fiquem apenas pelos sms ou whatsaap, telefonem. Acompanhem pelo telefone principalmente aqueles que sabem que estão mais sós, para que se possam sentir confortados.

7. Ler um bom livro

Chegou a hora de irem à estante buscar aquele livro que andam há anos para acabar de ler. A leitura é uma ótima atividade para distrair a mente, pois transporta-nos para outras realidades sem termos de sair de casa. Estimular o gosto pela leitura dos mais novos é essencial, mesmo quando estes ainda não sabem ler sozinhos. Sentem-se com eles a ler, contem-lhes uma história ou deixem-nos apenas folhear os livros. Com os mais velhos, estipulem uma hora da leitura e façam-no em conjunto.

8. Cozinhar uma refeição diferente

Com a ajuda de todos é possível fazer um prato especial. Caso não tenham um livro de receitas, procurem na internet alguma sugestão, pois as possibilidades são infinitas. Seja para sobremesas, pizzas, panquecas ou pratos mais elaborados. Se não têm grande variedade de ingredientes nem oportunidade de ir ao supermercado, sejam criativos e utilizem os alimentos de sempre para tentar experimentar fazer algo diferente. Comida saudável mantém o corpo e a mente sãos.

9. Fazer ‘aquela’ arrumação

Aproveitem para arrumar aquela parte da casa ou aquele armário que andam eternamente a adiar. Peçam ajuda aos mais novos para esta tarefa e verão como se ocupam em mexer em coisas que não mexem há muito tempo. Com tempo e paciência, esta arrumação será muito mais eficiente e produtiva do que quando é feita a despachar.

10. Fazer ginástica ou dançar

Por as crianças a fazer uma atividade desportiva é não só divertido como necessário. Manter o corpo ativo revitaliza o espírito e evita que este esmoreça e desanime. Marquem uma hora para o desporto, descarreguem alguma aplicação ou site com exercícios de ginástica e sigam as instruções. Se não estiverem com um espírito muito disciplinado, nem com vontade de seguir orientações, ponham música e dancem livremente. O importante é por a família a mexer-se!

11. Fazer um puzzle 

Atividades minuciosas, que exijam paciência e tempo, também são boas para serenar as crianças e os adultos e fomentam o espírito de equipa, neste caso, de família. O puzzle é uma delas e com quanto mais peças, melhor. Montem um puzzle num espaço comum e vão construindo-o, peça a peça. Sem pressas.

12. Planear uma viagem em família

Apesar de o período ser de quarentena, sonhar com o tempo lá fora pode ajudar a serenar os ânimos. Planear uma viagem em família, escolher os locais a visitar, o programa, o percurso, e as atividades a realizar ajudará certamente a desanuviar o ambiente e a atenuar a sensação de restrição. Provavelmente, não conseguirão agendar nem fazer reservas, mas com a ajuda das novas tecnologias poderão planear tudo até ao detalhe.

13. Fazer trabalhos manuais

Pintura, costura, barro, recortes, colagens, plasticina, entre outras. São inúmeras as possibilidades, variando consoante os materiais disponíveis. O importante é deixar as crianças no comando das brincadeiras e fazer dos adultos mais colaboradores do que orientadores. Animem estas atividades com música ambiente.

14. Manter-se informado 

O consumo intensivo de notícias, seja através dos órgãos de comunicação social ou das redes sociais pode tornar-se deprimente e desanimador. Evitem ser consumidos pela informação mas deixem os vossos filhos ter acesso a alguma informação para compreenderem o que se está a passar. Mantenham-se atentos, acompanhem as principais notícias, principalmente as que dizem respeito às medidas decretadas pelas autoridades. Lembrem-se que uma pandemia é um fenómeno dinâmico, pelo que é importante estar a par do que se vai passando.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.