Em alturas que pedem um particular compromisso da parte dos eleitores, algumas conferências episcopais têm publicado cartas destinadas às igrejas dos países respetivos apelando ao exercício do voto e esclarecendo alguns dos assuntos em discussão. As duas cartas mais proeminentes dos últimos anos talvez sejam a publicada pela Conferência dos Bispos dos Estados Unidos da América em 2007 e a publicada pela Conferência dos Bispos de Inglaterra e País de Gales em 2010. O que ambas procuravam fazer era ajudar os cristãos a perceber o que estava em causa na eleição que se avizinhava, olhando para os desafios que se antecipavam à luz da tradição da Doutrina Social da Igreja. São cartas que merecem absolutamente ser lidas.
Na nossa realidade, enfrentamos agora também um período de grande importância com as eleições que se aproximam. Não por haver uma questão particular em jogo nas legislativas (seja ela moral ou económica), mas porque aí o País decidirá o que fazer com todos estes anos de esforço de combate à crise que em 2008 nos varreu. Esta é uma eleição onde muito está em jogo do ponto de vista da dívida externa nacional, por exemplo, ou da economia social, ou da crise de refugiados, entre outros temas. Por essa razão, parece-nos que preparar com seriedade as eleições que aí vêm é algo que deve ser uma responsabilidade de todos os cristãos – e queremos contribuir para que essa seriedade seja possível.
Na nossa realidade, enfrentamos agora também um período de grande importância com as eleições que se aproximam. Por essa razão, parece-nos que preparar com seriedade as eleições que aí vêm é algo que deve ser uma responsabilidade de todos os cristãos – e queremos contribuir para que essa seriedade seja possível.
A iniciativa que lançamos hoje para decorrer na próxima semana é simples: juntar cinco figuras eminentes da nossa vida política, com afiliações partidárias distintas, mas com conhecimento de cada uma das cinco famílias ideológicas com maior representatividade no Parlamento. A cada uma destas figuras pedimos um artigo, escrito em nome pessoal, inspirado por este texto de lançamento. Os textos serão publicados ao longo de cinco dias: começaremos na segunda-feira, ao meio dia, com António Filipe (deputado do PCP); seguiremos, na terça-feira, com José Ribeiro e Castro (militante do CDS); na quarta-feira, com Marisa Matias (eurodeputada do Bloco de Esquerda), na quinta-feira, com João Galamba (deputado do PS), e terminaremos, na sexta-feira, com Teresa Morais (deputada do PSD).
O desafio que lançámos foi muito claro. Explicámos que procurávamos textos claramente ideológicos e políticos, mas não eleitoralistas ou escritos em tom de campanha. Muitas vezes, esse é um tipo de discurso que falta no nosso país: mapear os desafios que se avizinham para o governo e para a oposição; identificar possíveis temas fraturantes; apontar aquilo que podem ser áreas de crescimento e de consenso. Esperemos com este pequeno observatório lançar um debate sério sobre a realidade do ano político que agora começa, o último ano desta legislatura.
O desafio que lançámos foi muito claro. Explicámos que procurávamos textos claramente ideológicos e políticos, mas não eleitoralistas ou escritos em tom de campanha. Muitas vezes, esse é um tipo de discurso que falta no nosso país: mapear os desafios que se avizinham para o governo e para a oposição; identificar possíveis temas fraturantes; apontar aquilo que podem ser áreas de crescimento e de consenso.
Fazemos isto com um desejo de total compromisso com a causa pública. A Igreja não se pode apartar destes momentos concretos da vida das sociedades em que se insere. Ainda que institucionalmente o Ponto SJ não adira à posição de qualquer um destes convidados, aquilo a que adere é à sua seriedade e honestidade na busca do bem comum. O facto de o Ponto SJ ser um lugar de pluralidade exprime-se aqui particularmente bem e terá que se ver de forma concreta nesta discussão. Esperamos que a elevação ajude a ver que, ainda que a Igreja não se reveja em tudo o que é dito por quem tem visões do mundo diferentes da sua, revê-se no compromisso seriamente posto em prática de trazer ao mundo a justiça, a paz e o compromisso que são marcas distintivas do Reino de Deus.
O nosso agradecimento a António Filipe (PCP), Marisa Matias (BE), José Ribeiro e Castro (CDS), João Galamba (PS) e Teresa Morais (PSD) não podia, por isso, ser mais genuíno. Obrigado por nos ajudarem a esclarecer os temas que estarão em discussão; e obrigado pela generosidade de o fazerem com tanta elevação.
P. Francisco Mota, sj – Editor de Política do Ponto SJ
Todos os textos já publicados: aqui
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.