O Algarve não é visto como um local de destino de peregrinações ou de turismo religioso. No entanto, é para esta região que convergem os turistas nacionais, nos seus tempos de férias. É no Algarve que descansam e se divertem. É no Algarve que recuperam energias e retemperam forças para melhor poderem trabalhar ao longo do ano. E se assim é, o Algarve é, também, local onde vivem a sua fé e onde descobrem Deus.
Procuram os diversos templos da região para orar, mas também para os visitar. A fruição destes locais passa pela meditação, mas também pela contemplação da beleza e do valor histórico-patrimonial que encerram.
Locais como Almancil (cujo templo é um dos melhores exemplos da azulejaria barroca do país), como Faro e Silves, com as suas catedrais (Silves, exemplo mais majestoso do gótico ao sul do país e Faro, que conjuga elementos góticos, maneiristas e barrocos), ou como Tavira e as suas muitas Igrejas, atraem visitantes, que se deslocam propositadamente para conhecer estes espaços. Sagres chama centenas de milhares de turistas todos os anos e entre os locais a visitar está a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe (Vila do Bispo).
Há outros locais e momentos que congregam os visitantes em torno das celebrações religiosas e da espiritualidade: a Páscoa é tempo celebrado no Algarve com muitas e singulares procissões, entre as quais as de Sexta-Feira Santa, onde em inúmeras povoações acontece a Procissão do Enterro, igualmente conhecida como Procissão do Senhor Morto. Também no Domingo de Páscoa se revela a singularidade desta região, com a realização da imponente Procissão das Tochas Floridas (S. Brás de Alportel), e de muitas outras que assinalam a vitória de Cristo sobre a morte e a Sua realeza (Procissão Real, em Monchique e Silves; a Procissão das Flores, em Silves; a Procissão das Campainhas, em Loulé; a Procissão do Triunfo, a Procissão da Ressurreição de Cristo, a Procissão do Santíssimo Sacramento, apenas para mencionar algumas).
O Algarve possui uma identidade própria e características muito específicas no que concerne ao turismo religioso, mas o seu vasto património motiva uma preocupação crescente: a de acolher com qualidade e dar a conhecer essa riqueza, garantindo que os templos possam estar abertos, interpretados e sejam um espaço onde, mais do que apenas olhar para as pedras ou para as obras de arte, se possa compreender que todos esses elementos falam do Pai.
A festa algarvia maior também não poderá ser esquecida: celebra-se em honra de Nossa Senhora da Piedade, conhecida como “Mãe Soberana”, e ocorre em Loulé, durante a Páscoa. Romaria de características únicas, atrai milhares de crentes e está a merecer a atenção de uma equipa multidisciplinar, no sentido de poder vir a integrar o Inventário Nacional do Património Cultural.
O Algarve possui uma identidade própria e características muito específicas no que concerne ao turismo religioso, mas o seu vasto património motiva uma preocupação crescente: a de acolher com qualidade e dar a conhecer essa riqueza, garantindo que os templos possam estar abertos, interpretados e sejam um espaço onde, mais do que apenas olhar para as pedras ou para as obras de arte, se possa compreender que todos esses elementos falam do Pai. Tem sido esse o trabalho e o grande objetivo da Pastoral Diocesana do Turismo, que iniciou funções em 2011 e desde então tem procurado estabelecer pontes entre diversas organizações e entidades, abrir portas, garantir que há a rentabilização de recursos e o estabelecimento de metas comuns para que esta região, já tão falada e conhecida em termos turísticos, possa ser ainda mais acolhedora para todos quantos nos visitam. Sobretudo para os cristãos, que em tempo de férias procuram, também, encontrar-se com Deus. Procura-se valorizar os talentos e dar formação aos que, em cada paróquia, têm como missão acolher os visitantes, seja para as visitas meramente turísticas, seja para a sua prática religiosa.
Acolhendo criamos comunhão: com os que já fazem parte das comunidades locais, que desse modo se veem envolvidos em mais uma proposta de participação e com os que vêm de fora, que trazem a dimensão da Igreja Universal à qual pertencemos e à qual devemos servir. Partilhar, criar pontes e laços, promover a unidade: é esta, no fundo, a tarefa a que se propõe esta equipa e, assim, ao mesmo tempo põe em marcha um projeto maior – dar a conhecer a pessoa de Jesus e Sua mensagem àqueles que de fora nos procuram e àqueles que trabalham connosco. E deste modo, criamos pontes para crescer. Porque no Algarve também se vive um encontro com Deus.
As Jornadas Nacionais da Pastoral do Turismo realizam-se a 25 e 26 de outubro, no auditório Montepio, na Rua do Ouro, em Lisboa.
Mais informações e inscrições em http://www.jnpt-lisboa2019.pt/
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.