Numa altura de Verão e bom tempo, nada como um passeio ao ar livre para descobrir paisagens e locais que, por vezes, estando tão perto, estão longe das nossas rotinas. Sugiro um passeio a uma das mais bonitas paisagens do Tejo, em plena lezíria, uma viagem à aldeia dos Avieiros. O ancoradouro de Valada do Ribatejo é o ponto de partida. É dali que saem as viagens de barco pelo rio. Proteja-se contra o sol, leve roupa desportiva e prepare-se para fazer o circuito dos Avieiros.
Deslizando pelas águas calmas do Tejo, tal como faziam os barcos dos avieiros, descobrimos a vida destes pescadores da Praia de Vieira de Leiria que durante o Inverno fugiam do mar revolto e procuravam mais a sul o sustento para as suas famílias. Viviam nos barcos a maior parte do tempo ou nas casas de palafita, construídas sobre estacas nas margens do rio. É esse mundo antigo que o passeio de Valada nos mostra quando ancoramos junto à aldeia avieira da Palhota, por entre uma vegetação quase virgem, um local excelente para descobrir uma aldeia palafita.
De volta ao rio, as surpresas continuam. Num mouchão do Tejo (pequenas ilhas do rio) quase que tocamos nos cavalos lusitanos da Coudelaria de Alter que em liberdade refrescam a sede nas águas do rio. Novo motivo de beleza é a descoberta da incrível parede de ninhos de andorinha que mais à frente se avista numa das paredes de areia de uma outra ilhota. São centenas de pequenos orifícios por onde entram e saem os papás e mamãs andorinhas nos seus voos frenéticos. É uma imagem inesquecível.
A aldeia avieira do Escaroupim é um local ótimo para almoçar e depois visitar o interior de uma casa avieira preservada em museu. A casa está tal como os avieiros a usavam há mais de 50 anos. Vale a pena visitar aqui o museu “Escaroupim e o Rio”, um pequeno, mas simpático museu, que presta homenagem à comunidade avieira local e às várias comunidades ribeirinhas do Tejo.
No regresso a Valada, imperdível, a visita à ilha onde centenas de garças fazem ninho em quase todos os ramos das árvores. Parecem flocos de neve e, mais incrível, à nossa aproximação, não fogem, o que se transforma num espetáculo único.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.