As que se instalaram no meu ouvido e no meu coração e não saem:
1. Poema do Menino Jesus e o Doce Mistério da Vida – Maria Bethânia
É muita sorte ter a voz preferida com um dos poemas preferidos e seguido de uma canção especial.
2. Eu sei que eu vou te amar – Caetano Veloso
A tranquilidade vem de se ter ao lado uma vida que se funde com a nossa.
3. Yolanda – aqui cantada por Haydée Milanés e a enorme Omara Portuondo
É tudo bom, mas a voz de Omara Portuondo vale por mil. Esta traz-me paz. Gosto do original com o Pablo Milanés, mas a Omara merece tudo.
As que ouço muito alto no carro com os vidros abertos só porque sim:
4. Boheamian Rhapsody – Queen
As referências cruzadas, o rock misturado com a ópera, as múltiplas interpretações desta letra, sobre a qual Freddie Mercury disse: “Acho que as pessoas deveriam apenas ouvir, pensar sobre isso e depois decidir o que isso significa para elas.” Ouvi-la como ouço limpa o cérebro por uns momentos.
5. Dreams – Brandi Carlile
Sonhar pode ser bom, pode assustar, pode fazer rir. Esta música faz-me rir e desanuviar. Mas tem de ser com os vidros abertos.
6. Requiem em D minor – Mozart
Não faz muito sentido depois das duas últimas ou faz todo o sentido? Nesta o volume importa mais do que a abertura dos vidros (e a viagem tem de ser longa para não haver interrupções).
As que mais me acompanham enquanto cozinho:
7. All the world is green – Tom Waits
Quando alguém me diz que é fã de Tom Waits, a probabilidade de nos tornarmos amigos agiganta-se. Gosto de tudo o que ele faz.
8. Stop your teards – Aldous Harding
Descobri Aldous Harding há uns dois anos e agora está sempre na lista dos ingredientes.
9. I’m your man – Leonard Cohen
Há pratos em que gostamos mais de um sabor específico do que do prato todo. Eu gosto da voz do Leonard Cohen.
Algumas que me sossegam sem perceber porquê:
10. Voar – Tim e Rui Veloso
Porque há uma história por trás da música.
11. Joseph – Georges Moustaki
Porque é uma oração linda, ainda que haja uns quantos escandalizados.
12. Still loving you – Scorpions
Porque me lembra a minha escola secundária e as férias desse tempo.
13. Balada de Gisberta – Pedro Abrunhosa
Porque é sobre a indignidade da desumanização em nome de não se sabe o quê, mas a arte pode acordar-nos.
As que já não cabem porque a lista já vai longa:
14. A gente vai continuar – Jorge Palma e Sérgio Godinho
Porque já não cabe todo o Sérgio Godinho, todo o Jorge Palma e a lista podia continuar…
15. Volver a los 17 – Mercedes Sosa, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Milton Nascimento
Porque já não cabe toda a MPB de que gosto tanto, nem a Elis Regina, nem todos os cantautores, junto alguns dos maiores de uma vez…
A música faz acreditar… Samba da Utopia para a despedida:
Fotografia de Dino Reichmuth – Unsplash
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.
