O Centro Comunitário São Cirilo, no Porto, e o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) foram os vencedores do Prémio D. António Francisco, atribuído este ano pela primeira vez pela Associação Comercial do Porto,a Irmandade dos Clérigos e a Santa Casa da Misericórdia do Porto. O anúncio da distinção destas duas obras da Companhia de Jesus, que trabalham com refugiados e outras pessoas em situação de fragilidade, foi feito esta tarde, no dia em que se assinala o primeiro ano da morte do antigo bispo do Porto, numa cerimónia que decorreu esta tarde no Palácio da Bolsa.
O Prémio D. António Francisco – uma homenagem a D. António Francisco dos Santos pela relevante obra na cidade do Porto e como referência de amor ao próximo e de solidariedade – é uma iniciativa solidária da Associação Comercial do Porto, da Irmandade dos Clérigos e da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Tem um valor de 75 mil euros e destina-se a apoiar cidadãos que se distingam na promoção e defesa da dignidade da pessoa humana, na defesa e promoção dos direitos humanos, no diálogo inter-religioso e ecuménico e na promoção da paz.
O prémio foi atribuído este ano pela primeira vez pela Associação Comercial do Porto,a Irmandade dos Clérigos e a Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Distinção acolhida com alegria
No caso do JRS, o prémio vai para o trabalho desenvolvido pela obra jesuítica na Unidade Habitacional de Santo António (UHSA), Centro de Instalação Temporária para migrantes irregulares em detenção, no Porto. “É com enorme alegria e gratidão que recebemos este prémio, que vem reconhecer um trabalho que é feito muitas vezes de forma silenciosa no acompanhamento de migrantes e refugiados, concretamente os mais vulneráveis. Deixa-nos especialmente sensibilizados por evocar a memória de alguém como o Bispo D. António Francisco dos Santos que nos inspira a continuar a ser “ousados, criativos e decididos”, afirma André Costa Jorge, diretor-geral do JRS Portugal. “O trabalho que o JRS desenvolve na UHSA desde 2006 é único em Portugal e na Europa, pela sua particular especificidade. Acompanhamos migrantes em situação irregular detidos, a maioria numa situação muito fragilizada e vulnerável, com uma equipa técnica em permanência e com muitos voluntários com um perfil específico. Este prémio vem incentivar-nos a continuar o nosso trabalho na busca pela justiça e defesa dos direitos humanos”, conclui.
Também no Centro São Cirilo, o galardão é recebido com alegria e gratidão. “Sentimo-nos muito agradecidos por este prémio, também por aquilo que representa ao nível de confirmação do trabalho desenvolvido pelo nosso Centro ao longo destes anos. Para além do valor monetário, o reconhecimento e a visibilidade que este prémio proporciona ao Centro São Cirilo poderá representar um significativo contributo, para que possa desenvolver melhor a sua missão no futuro”, afirma o P. Luís Ferreira do Amaral, diretor do centro. “Agradecemos à Associação Comercial do Porto, à Irmandade dos Clérigos e à Santa Casa da Misericórdia do Porto por esta feliz iniciativa e alegramo-nos pelo nome escolhido para o prémio D. António Francisco”, acrescenta o jesuíta.
Esta casa dos jesuítas no Porto procura capacitar pessoas e famílias (nacionais ou estrangeiras) que estejam a passar por uma fase temporária de fragilidade social, tendo sempre em vista a sua reintegração na sociedade. Desde a abertura oficial em 2010, ajudou mais de 7500 pessoas de 114 nacionalidades, tendo conseguido mais de 400 colocações em emprego. “Os valores-chave que este prémio visa promover (a defesa e promoção da pessoa humana, o diálogo inter-religioso e a promoção da paz) são valores que o Centro São Cirilo procura cultivar no desenvolvimento da sua missão”, diz ainda o P. Luís Ferreira do Amaral.
Foto de Capa: André Jorge (JRS); P. Luís Ferreira do Amaral sj (São Cirilo); Nuno Botelho (Presidente da Associação Comercial do Porto); D. Manuel Linda (Bispo do Porto); António Tavares (Provedor da Misericórdia do Porto); P. Américo Aguiar (Irmandade dos Clérigos).